Exclusivo!

Poucas & Boas nº 110: Onde está a mudança?

ISTOÉ no rastro de Elize Matsunaga


     ISTOÉ revela os bastidores da vida, do crime e da farsa que Elize Matsunaga montou para se livrar da polícia após ter assassinado e esquartejado o marido
     Antonio Carlos Prado – da revista ISTOÉ.
FOTO INÉDITA
Marcos e Elize felizes no casamento, em 
julho de 2009: três anos depois, viria a tragédia
Foi no quarto da jiboia. Não foi na banheira nem foi na cama de casal king size como tanta gente pensou e tanta gente falou. Foi no quarto da jiboia que Elize Matsunaga esquartejou o seu marido, Marcos Kitano Matsunaga, após lhe dar um tiro na cabeça na noite de 19 de maio. O esquartejamento em seis pedaços se deu em um dos quartos de hóspedes do duplex no qual Elize e Marcos moravam, em um prédio no bairro da Vila Leopoldina, na zona oeste de São Paulo – e esse quarto de hóspedes cumpriu bem a sua função hospedando por bom tempo, em seus seis metros quadrados, uma jiboia de dois metros de comprimento. Essa história foi revelada à ISTOÉ na semana passada por diversos amigos e amigas que freqüentavam a residência do casal Matsunaga. ISTOÉ também teve acesso a diversos laudos, depoimentos e documentos inéditos que revelam detalhes sobre os bastidores da vida, do crime e da alucinada tentativa de fuga de Elize entre os dias 20 de maio e 4 de junho, quando foi presa pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa após investigação chefiada pelo delegado Mauro Dias e coordenada pelo delegado Jorge Carrasco, diretor-geral do DHPP. A existência da jiboia é importante porque ela foi um dos motivos que levou o casal a começar a viver uma rotina de brigas. Segundo amigos de Elize e Marcos, assim que engravidou ela não quis mais saber do animal, e aí foram nove meses de discussões até que Matsunaga se desfez da cobra quando a criança nasceu.
As mesmas pessoas íntimas do casal, que costumavam ir ao duplex de mil metros quadrados onde moravam o ex-diretor da Yoki e a bacharel em Direito, enfermeira e ex-garota de programa Elize, contaram também que ela lhes pediu indicação de médicos para submeter-se a tratamento hormonal uma vez que não conseguia engravidar. “Isso a irritava muito”, diz uma das fontes ouvidas por ISTOÉ. “Mas ficou muito feliz quando engravidou e se tornou uma amorosa e cuidadosa mãe.”
MARCOS E A AMANTE
Elize blefou quando disse que já tinha em
mãos esse vídeo provando a traição do marido
A presença do bebê deu novo alento à família e não há quem não relate que, nesse momento da vida, marido e mulher eram felizes. A história de ambos começou em 2004 quando se conheceram por meio do site de acompanhantes Mclass, dois anos depois Elize ingressou na faculdade de Direito e, mais três anos e meio, eles estavam casados. Amigos do tempo de universidade lembram que Elize ajudava financeiramente os colegas pobres, dava-lhes mesmo o dinheiro ao invés de emprestá-lo. Se alguém insistia em pagar-lhe o empréstimo, a moça pegava a quantia e a repassava imediatamente a outro estudante que dela necessitasse para honrar as mensalidades. Recordam-se também que Elize faltava bastante às aulas, viajando sempre de forma repentina, por dois ou três dias, e, de regresso, exibia fotos suas que alguém tirara – e nessas fotografias aparecia sempre desacompanhada. Reservada, Elize não costumava se abrir nem fazer os trabalhos solicitados pelos professores. Seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), por exemplo, versou sobre as mães barriga de aluguel e, segundo declarações colhidas por ISTOÉ, foi feito por outros alunos e “comprado” por Elize.
Segundo amigos próximos, Elize estava bem financeiramente. Ela teria se tornado dona de metade do duplex: Marcos lhe teria feito essa doação, embora a certidão de casamento aponte comunhão parcial de bens. Foi já com a filhinha quase a completar um ano, que despontou em Elize a desconfiança de que o marido tinha uma amante, garota de programa sete anos mais nova do que os 30 anos que ela tem, mas em contrapartida infinitamente menos aquinhoada pela sorte material. O ciúme fala mais alto, ela se enerva e chega ao ponto de contratar na surdina, por R$ 7 mil pagos em duas vezes, o detetive particular William Coelho de Oliveira para seguir o marido. No mesmo dia 17 de maio em que toma os serviços profissionais do detetive, Elize viaja para o Paraná deixando ordens expressas a uma das empregadas para municiar tanto a ela quanto a Oliveira com informações sobre os horários de saída de Marcos do apartamento. Retorna a São Paulo 48 horas depois. Vem então a noite fatídica: em meio a uma discussão no apartamento na qual ela teria sido ofendida verbal e fisicamente, e com uma pizza esfriando na mesa, Elize apanha uma pistola semiautomática .380 (ao contrário do que se disse não foi uma .765) e dispara um projétil (velocidade de 330 metros por segundo e alto poder de perfuração) na cabeça de Mauro. Entre policiais e amigos, comenta-se que o barulho do tiro não foi abafado porque os vidros do apartamento são à prova de som, como Elize declara, mas foi abafado, isso sim, porque ela teria se valido de um silenciador na arma. Revelado agora por ISTOÉ, a presença do silenciador contraria bastante a versão inicial de como o assassinato teria ocorrido – e há policiais que ainda insistem em descobrir como e onde Elize se desfez dele. Com o marido morto, ela coloca então em ação o seu plano para se livrar da polícia.
Todo o projeto que ela desenvolveu para não ser incriminada manteve-se em pé por apenas 15 dias. De acordo com especialistas criminais ouvidos por ISTOÉ, a peça-chave de sua estratégia foi um e-mail de 53 caracteres que ela enviou do endereço eletrônico do morto, e em nome do morto, como se ele estivesse vivo. A mensagem foi endereçada ao seu cunhado Mauro Matsunaga e nela se lê: “Avisa pra Elize e pra mamãe que eu to bem, só não posso falar agora.” Antes disso, no entanto, no dia 20 de maio, Elize desfez-se das partes do corpo que esquartejara e escondera dentro de sacos plásticos em três malas, na região da cidade paulista de Cotia onde um dos melhores amigos de Marcos, Horácio D’Abramo, tem um sítio ao qual o casal costumava ir frequentemente.
Enquanto “desovava” as partes do cadáver em diferentes pontos, Elize fez 15 telefonemas para a babá que ficara no apartamento cuidando de sua filha, conforme aponta o mapa de interceptação de seu celular, feita com ordem judicial. No dia seguinte Elize foi ao escritório do detetive que contratara para apanhar os CDs que ele gravara flagrando Marcos com a amante, e é aqui que se descobre um blefe: na noite do crime, antes de puxar o gatilho, Elize disse para Marcos que tinha em mãos imagens provando a sua traição. Diante disso Marcos a teria esbofeteado. Agora se sabe que, na verdade, até aquele momento, Elize não vira vídeo algum, apenas ouvira falar dele.
De posse do CD, ela parte então no dia 23 de maio para a essência do seu plano de despiste e dispara o e-mail falso para Mauro, em nome do morto e através de seu endereço eletrônico. Era a sua carta marcada para dizer que o marido ainda vivia e, a partir daí, passa insistentemente a alimentar a suspeita da polícia e de familiares de que ele fora sequestrado, tocando sempre na mesma tecla: Marcos enviara um e-mail para o seu irmão.
No dia 30 de maio, Elize telefonou desesperada para a residência de um dos padrinhos de sua filha, foi convidada a ir até ela para consolar-se e chegou por volta das 11 horas. Segundo depoimento desse padrinho, a que ISTOÉ teve acesso, de óculos escuros e muito abalada, Elize lhe disse que haviam localizado o corpo de Marcos com um tiro na cabeça. Também para essa residência foi Cecília Yone Nishioka, prima de Marcos e ex-namorada desse mesmo padrinho, após receber inúmeras chamadas de Elize em seu celular. Nesse encontro, Elize pediu a Cecília que a levasse à casa da mãe de Marcos, no que foi prontamente atendida. Lá também se falou sobre a identificação do corpo, Elize chorou e manteve a história de sempre. Desde então passou a conversar com Cecília quase que diariamente, inclusive sobre o velório, mas nunca abandonou o tema do sequestro – o que só viria mesmo a acontecer quando foi presa no dia 4 de junho. “Eu gostava muito do casal, só agora estou conseguindo dormir direito. Vivo um momento completamente sem expectativas e não sei quando verei novamente a Elize ou a criança”, disse o padrinho à ISTOÉ, pedindo que não fosse identificado. “A Elize deveria ganhar um prêmio de atriz, conseguiu enganar toda a família. Poderia ganhar o Oscar”, declarou Cecília em depoimento. Resta saber, agora, para quem Elize deu o primeiro telefonema após o assassinato, e isso a Justiça descobrirá em breve porque já determinou a quebra de seu sigilo telefônico. E resta saber, também, se Elize já estava atuando como atriz quando telefonou em abril para a Polícia Militar indagando se era crime trocar as fechaduras do apartamento numa oportunidade em que o marido estivesse fora dele, uma vez que desconfiava que estivesse sendo traída. Finalmente, será que Elize já era candidata à estatueta, à qual Cecília se refere, quando ligou para amigos no início de maio pedindo indicações de advogados de família e voltou a ligar no fim do mesmo mês querendo indicação de um advogado em direito penal, sem explicar o motivo do pedido? Entre um telefonema e outro, ela assassinou Marcos. E tentou então conseguir o impossível: com um e-mail falso, fazer de conta que nada acontecera no quarto da jiboia.
     Os passos da espionagem
Foi no dia 17 de maio que o detetive particular William Coelho de Oliveira começou a trabalhar para Elize Matsunaga na captura de imagens que provassem a traição de seu marido. Fixou o preço de seu trabalho em R$ 7 mil, parcelado em duas vezes. Isso consta de documentos aos quais ISTOÉ teve acesso na semana passada. Quarenta e oito horas depois, Marcos, o marido espionado, morreu com um tiro na cabeça, disparado pela própria Elize, e teve o corpo por ela esquartejado. O detetive Oliveira, que obviamente jamais desejou esse final trágico, conseguira flagrá-lo e gravara as cenas que a esposa tanto desejava e, ao mesmo tempo, tanto temia.
A pedido da própria contratante do serviço – que naquele mesmo dia viajara para o Paraná mentindo ao detetive ao dizer que iria para o interior de São Paulo –, a equipe de Oliveira a mantinha informada pelo celular sobre todos os passos do marido e também sobre as filmagens que ela exigia serem bastante nítidas. Na noite de 18 de maio, Marcos e a mulher com a qual ele traía a esposa, a garota de programa Nathalia, foram seguidos em um restaurante japonês. Ao saírem dele, rumaram para o Café Vipiteno, tradicional e sofisticado ponto de São Paulo. A última parada deu-se no hotel Mercure. Pronto, as imagens estavam concluídas e o trabalho feito. Oliveira admite, no entanto, que se sentiu surpreso quando, no dia 21 de maio, Elize esteve em seu escritório. A esposa do homem que ele seguira comunicou-lhe justamente o desaparecimento do marido, e falou da possibilidade, bastante concreta segundo ela, de que tivesse ocorrido um sequestro. Oliveira, imediatamente, fez-lhe perguntas básicas e se prontificou a ajudá-la em sua localização. Estranhou muito quando ouviu um não. Mais: ouviu que era para ele esquecer completamente o caso. Elize, é claro, sabia que Marcos já estava morto. O detetive, não.
     fotos: arquivo pessoal,  Diogo Moreira e reprodução/Folhapress; Futura Press e  Jefferson Coppola/Folhapress; reprodução

Professores decidem desocupar Assembleia


Professores saíram pacificamente

Os professores grevistas da rede estadual de ensino decidiram desocupar a Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) no final da tarde desta sexta-feira (20). Inicialmente, o comando de greve do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) se reuniu para debater a questão e aceitou a proposta de deixar o prédio de forma pacífica. Depois, o indicativo foi apresentado no saguão Deputado Nestor Duarte ao restante da categoria, que também concordou em se retirar da sede do Legislativo baiano. Os docentes, que desarmaram as barracas na sequência, se dirigiram em marcha até o espelho d´água na rampa da AL-BA, onde um ato marcou a continuidade da greve, decidida em assembleia-geral pela manhã. Eles deixaram o espaço, após 94 dias – a classe foi para o prédio uma semana após iniciar a greve que já dura 101 dias –, no escuro, a cantar a música "Pra não dizer que não falei das flores", de Geraldo Vandré, ícone dos protestos antiditadura nos anos 60. Em seguida, os representantes da categoria caminharam para fazer uma manifestação na Avenida Paralela. A próxima assembleia-geral da APLB será realizada na manhã da próxima terça (24).
Rui não participou
Figura principal da greve dos professores da rede estadual de ensino, que completou 101 dias nesta sexta-feira (20), o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), Rui Oliveira, não participou nem da saída dos docentes da Assembleia Legislativa nem do ato que marcou o fim da ocupação do prédio. Noventa e quatro dias depois do ingresso da categoria na Casa, o dirigente sindical abandonou o espaço para retomar as negociações com o governo do Estado. “Ele não está ausente. Nós temos vários membros no comando de greve e Rui é um dos membros do comando. Como ele está fazendo articulações necessárias para que a gente consiga restabelecer o diálogo com o governo, nós achamos importante que o ato acontecesse independentemente da quantidade de pessoas que estivessem aqui”, revelou o integrante do comando de greve da APLB, Anderson Silva, em entrevista ao Bahia Notícias. A próxima assembleia-geral da categoria, que decidirá os rumos do movimento, acontecerá na terça (24), em horário e local a ser confirmado. Fora da AL-BA, os manifestantes estudam a possibilidade de realizar o encontro no Colégio Central, na Avenida Joana Angélica, no turno matutino.
Informações do Bahia Notícias

Greve continua e professores decidem ficar na Assembleia


Os professores da rede estadual de ensino decidiram, em reunião na manhã desta sexta-feira (20), manter a greve da categoria e não cumprir a determinação judicial para desocupação da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA). A proposta foi apresentada pelo comando do movimento e acatada pela maioria dos docentes que participaram da assembleia. Após a votação, os grevistas marcharam de volta ao saguão da AL-BA, onde estão acampados desde o início da paralisação de 101 dias. Após vistoria nesta quinta (19), o juiz Ruy Eduardo Almeida Britto, da 6ª Vara da Fazenda Pública, decidiu favoravelmente à reintegração de posse, solicitada pelo presidente da Casa, Marcelo Nilo (PDT), e determinou que os professores deixassem as dependências da Casa até as 14h desta sexta. Se o prazo para desocupação não for cumprido, a força policial será convocada. Hoje os professores deixaram o saguão da Assembleia aos gritos de “a greve continua, na Alba ou na rua”. A saída, no entanto, foi apenas temporária e tinha o objetivo de realizar a assembleia-geral da categoria. Um acordo entre os docentes e o presidente da Casa, Marcelo Nilo (PDT), prevê que todas as reuniões sejam realizadas do lado de fora da Casa, para evitar transtornos ao funcionamento do local. Em entrevista na noite desta quinta (19), o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), Rui Oliveira, alegava que a decisão judicial seria cumprida, mas qualquer anúncio só seria feito após o tema ser discutido pela categoria. “Nós vamos cumprir a decisão, mas o tema vai ser colocado na assembleia e a categoria vai avaliar a posição tomada pelo juiz”, disse. O posicionamento dos grevistas em relação à desocupação do espaço foi de manter a greve na Bahia e não abandonar as dependências da Assembleia Legislativa (AL-BA). Os professores voltaram a ocupar o saguão Deputado Nestor Duarte, onde permanecem acampados, apesar do corte de energia e água. Em meio à escuridão e ao calor, os grevistas aguardam a chegada da polícia, já que a Justiça autorizou o uso da força policial, desde que haja “moderação e cautela”. O espaço não foi desocupado. Segundo o presidente da APLB, Rui Oliveira, os professores não enfrentarão a polícia. “Nós resolvemos ficar. A orientação do comando é ficar aqui e, assim que a tropa de choque chegar, resistir e sair todo mundo com o lápis e um livro na mão. Ninguém vai enfrentar a polícia”, assegurou, em entrevista ao Bahia Notícias. Até o momento, segundo o comando de greve, as atividades programadas pela categoria estão mantidas. Na próxima segunda (23) está prevista reunião das zonais. Na terça (24), uma nova assembleia deve discutir os rumos do movimento.
Repórter expulso
Irritados com o conteúdo exposto pela Rede Record na Bahia, sobretudo no programa ancorado pelos apresentadores Raimundo Varela e Zé Eduardo, o chamado “Bocão”, os professores grevistas expulsaram o repórter Adelson Carvalho da Assembleia Legislativa, na tarde desta sexta-feira (20). Os três são acusados pelos docentes de tentar “macular” a imagem do movimento, a mando do governo do Estado, notadamente no episódio de acirramento entre uma educadora e uma funcionária da AL-BA. Depois de toda a confusão, o radialista causou ainda mais revolta quando, após ser removido do saguão Deputado Nestor Duarte, tentou entrar ao vivo na emissora para relatar o ocorrido. Centenas de manifestantes surgiram por trás da câmera e começaram a xingá-lo de “vendido”, “picareta” e outras ofensas. Para evitar ainda mais tumulto, foi necessária a intermediação de seguranças da Casa para conduzir o radialista para fora das dependências da Assembleia.
Polícia Militar não fará desocupação
A desocupação da Assembleia Legislativa da Bahia não será realizada pela Polícia Militar, informou o comandante-geral da Corporação, coronel Alfredo Castro, em entrevista ao Bahia Notícias. Fontes do governo informaram à reportagem que a medida não seria adotada, justamente pelo temor de que os professores grevistas “desejariam o confronto” para causar comoção na sociedade. De acordo com o chefe da PM, a responsabilidade pela negociação será do próprio efetivo da AL-BA. “Os prepostos da Assembleia estarão negociando para se chegar a um consenso sem nenhum transtorno. Nós estaremos atentos, mas a orientação é fazer a desocupação de maneira ordeira e consciente”, pontuou Castro, ao descartar invasão ou mesmo envio de tropas do Batalhão de Choque para realizar a operação. Em greve há 101 dias, os docentes já decidiram descumprir a ordem judicial de deixar o espaço. Segundo o juiz da 6ª Vara da Fazenda Pública, Ruy Britto, em caso de desobediência, a força policial seria acionada.
Marcelo Nilo quer os professores fora da ALBA
O presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), Marcelo Nilo, em entrevista coletiva nesta sexta-feira (20), pediu o cumprimento da decisão de desocupação da Casa pelos professores grevistas. De acordo com o deputado, foi feito um acordo nesta quinta (19), logo após a inspeção judicial, entre ele e o comandante do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), Rui Oliveira, na presença do juiz da 6ª Vara da Fazenda Pública, Ruy Britto, que determinou a reintegração de posse. “Eles disseram que sairiam às 14h. Inclusive, o presidente [Rui Oliveira] me pediu ontem que voltasse a ligar as luzes e o ar-condicionado como gesto de que sairiam. Infelizmente, o presidente da APLB ou é a rainha da Inglaterra, ou não tem palavra ou é muito intransigente. Eu acredito nas três coisas, porque não é possível, em um estado de direito, não se cumprir uma ordem judicial”, avaliou. Apesar de o recesso parlamentar durar até 1º de agosto, ele citou atos agressivos supostamente protagonizados pelos docentes contra servidores e parlamentares  como exemplos de prejuízos ao funcionamento dos trabalhos para exigir a retirada imediata da categoria das dependências da AL-BA. “Não passa pela minha cabeça colocar polícia para tirar professor na marra, como se diz na gíria, mas espero que a Justiça cumpra a determinação. O que eu quero é que o Poder Legislativo que eu presido seja desocupado”, clamou. Ao demonstrar desconhecimento da decisão da Polícia Militar de não enviar tropas ao local, Nilo desconversou sobre a ação de remoção ser conduzida por prepostos da Assembleia. “Só a polícia é que vai responder”, disse. O presidente da AL-BA mandou desligar novamente a água e a energia do prédio. Os professores ocupam o saguão Deputado Nestor Duarte desde o último dia 18 de abril, uma semana após a greve, que já dura 101 dias, ter começado. Nilo cobrou da Justiça o cumprimento da reintegração de posse. “Se o Poder Judiciário disser que quem tem que mandar desocupar é Marcelo Nilo, na marra, eu vou lá e tiro na marra. Se ele disser que quem tem que tirar são os soldados da Assembleia, será feito, mas a ordem terá que ser cumprida pelo comando da PM”, pontuou, ao citar que tanto a Secretaria de Segurança Pública quanto a PM foram notificadas na decisão do juiz da 6ª Vara da Fazenda Pública, Ruy Britto. O parlamentar alegou falta de estrutura para conseguir remover os docentes do prédio. “Primeiro que eu não tenho nem quantidade para mandar agir e segundo que decisão judicial não se discute. Isso não é papel do Poder Legislativo. O nosso efetivo é para proteger o patrimônio público”, ponderou. O comandante-geral da PM, coronel Alfredo Castro, revelou ao BN que não encaminhará policiais à AL-BA.
Reportagens e fotos  de David Mendes, Evilásio Júnior e Patrícia Conceição do Bahia Notícias.

A questão Paraguai I: o pensamento de Silvio Torres


O livro do prof. Sílvio Torres

Todos sabem que o Paraguai foi suspenso temporariamente como membro do Mercosul – Mercado Comum do Sul. Mas a questão não é tão simples assim. Há muitas coisas que ainda não foram ditas e estão envoltas em mistério. Para o professor Dr. Silvio Torres Chávez, autor do livro Retazos de mi pensamiento..., das Ediciones do Instituto Superior Dr. Arturo Jauretche, de Buenos Ayres, a questão Paraguai vai muito além de um simples processo de suspensão. Há o dedo de partidos conservadores que querem a consolidação de uma espécie de partidocracia, como forma de frear o avanço do pensamento social-democrata popular, e muitas imposições de países neoliberais incomodados com a união latino-americana. Torres nasceu em Velenzuela, no Departamento (Estado) de Cordillera, em 1965. Hoje é Doutor em Desenvolvimento e Defesa, professor em Educação Agropecuária, Ciências Sociais, Planejamento e Estratégia, além de ministrar disciplinas no curso de Mestrado da Universidad Internacional Tres Fronteras, em Assunção e Ciudad del Este. Ao lado destas atividades profissionais, é membro de várias fundações e congressos, inclusive professor do Congresso da Nação Argentina em relações internacionais.

Conhecido em seu país por vários títulos recebidos, Silvio Torres afirma que, na prática, não haverá diferenças no comércio em Ciudad del Este, mas que a vontade popular não foi levada em conta. Para ele, Fernando Lugo sofreu um golpe de estado, embora esteja dentro do que diz a Constituição. A questão é que foi algo antipopular, só para atender a partidocracia e o neoliberalismo. Torres também afirmou que o Paraguai foi impedido de caminhar no seu processo rumo à plena democracia e que os Brasiguaios estão no seu país a ajudar a direita política. Para ele, é preciso pensar no povo e na educação, deixando claro que os que fazem a grande política, a política de alto nível, são éticos. Política e ética devem andar juntos, mas a partidocracia afastou o comportamento ético. A reportagem concedida a este blog contou com a colaboração do professor de História José Gicelmo Albuquerque, de Aracaju. Veja o vídeo completo.  

Justiça determina que professores devem deixar Assembleia


Após vistoria, decisão foi tomada. (foto: 

A Justiça decidiu favoravelmente à reintegração de posse da Assembleia legislativa da Bahia (AL-BA), solicitada pelo presidente da Casa, Marcelo Nilo (PDT). A decisão foi tomada pelo juiz Ruy Eduardo Almeida Britto, da 6ª Vara da Fazenda Pública. Após vistoria antecipada ao local, realizada no fim da tarde desta quinta-feira (19), o magistrado determinou que os grevistas devem desocupar o prédio de maneira pacífica e ordeira até as 14h desta sexta-feira (20), levando todos os seus pertences. Caso os manifestantes não deixem voluntariamente a AL-BA até este horário, o uso da força policial está autorizado, desde que haja “moderação e cautela”. A decisão já foi encaminhada, em teor de “ofício requisitório”, ao secretário estadual de Segurança Pública, Maurício Teles Barbosa, e ao comandante-geral da PM, coronel Alfredo Castro. 
As informações são do Bahia Notícias (por Mariele Góes). 

APLB apresenta contraproposta com nove exigências


A contraproposta do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) ao Ministério Público do Estado (MP-BA), como forma de colocar um ponto final à greve da categoria, inclui nove exigências principais, entre elas a concessão de reajuste salarial de 7,26% e 7% a todos os professores ainda este ano e o pagamento imediato dos salários cortados. O documento com as proposições dos grevistas seria apresentado em assembleia na manhã desta quarta-feira (18), mas teve a votação suspensa após a saída repentina do presidente da APLB, Rui Oliveira, sob a alegação de que o Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM) estaria a caminho do local. A suposta invasão foi negada pelo comandante-geral da PM, coronel Alfredo Castro. As reivindicações do comando de greve incluem a normalização dos repasses das contribuições sindicais para a APLB e a retirada dos processos contra a entidade, a revogação da lei 12.578/2012, a anulação dos processos administrativos e disciplinares instaurados contra docentes em estágio probatório e Reda, a constituição de uma comissão com a participação do sindicato e da Secretaria de Educação do Estado (SEC) para reestruturação da carreira do magistério. Caso as reivindicações sejam atendidas pelo governo, a APLB se compromete a suspender imediatamente o movimento e cumprir o calendário de reposição das aulas. Segundo a entidade, o documento será entregue ao MP-BA ainda nesta quarta, em horário ainda não definido.
Ano letivo será cumprido
A Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC) informou nesta quarta-feira (18) que não existe a possibilidade de perda do ano letivo. De acordo com a pasta,1.139 escolas estaduais estão em funcionamento, de um total de 1.411. O número representa mais de 80% da rede, segundo a SEC. “Não existe hipótese de anulação do ano letivo. Muitas escolas sequer pararam suas atividades e, em outras, a paralisação ocorreu por um curto período de tempo. Todas estas já se encontram cumprindo o calendário de reposição de aulas, e até já iniciaram o processo, durante o recesso junino”, avalia o secretário Osvaldo Barreto. A orientação do governo é que se utilize os sábados deste ano e o mês de janeiro de 2013, e, se necessário, o mês de fevereiro, para fazer a reposição de aulas. Ainda de acordo com a secretaria, os professores que retornarem às salas de aula até a próxima segunda (23), a será garantido o pagamento dos vencimentos do mês de julho até o dia 2 de agosto, e os salários referentes aos dias parados serão pagos mediante apresentação de calendário de reposição aprovados pelos colegiados escolares das unidades e validado pela Secretaria da Educação. A paralisação na rede estadual de ensino já passa dos 100 dias.
ALBA terá ato de inspeção na sexta-feira
Os professores da rede estadual de ensino, em greve há 99 dias, poderão ter que deixar as dependências da Assembleia Legislativa da Bahia até o fim da semana. A decisão do juiz Ruy Eduardo Almeida Britto, da 6ª Vara da Fazenda Pública, referente à solicitação de retirada dos docentes da AL-BA, determina um ato de inspeção às 10h da próxima sexta-feira (20), antes de dar o parecer favorável ou negá-lo. A vistoria, conforme o documento, requer a presença da Polícia Militar na área externa da Casa e dos representantes da Presidência da Casa e do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB). “Convertendo a proposta em Manutenção de Posse vez que o esbulho possessório encontra-se afastado totalmente e, havendo necessidade de se confirmar o fato notório considerado indiciário turbador, para lastrear a livre convicção do Julgador, hei por bem de, fulcrado no art. 440 do CPC, determinar uma inspeção judicial na Assembleia Legislativa da Bahia, para tanto, requisito força policial que deverá ficar do lado de fora à disposição do Juiz, bem como determino a citação do representante legal da APLB para comparecer ao ato de inspeção fixado para 20.07.2012 as 10 horas, valendo uma via desta como mandado”, diz a sentença. Segundo a assessoria do Tribunal de Justiça, a inspeção poderá ser antecipada para esta quinta (19), caso as partes sejam notificadas a tempo. Se houver o deferimento da reintegração, possivelmente a PM deverá ser acionada. Consultado pelo Bahia Notícias, o secretário de Segurança Pública, Maurício Teles Barbosa, disse que tentará promover uma saída pacífica dos ocupantes do prédio. “A nossa intenção é negociar a retirada da melhor forma possível. A determinação judicial tem que ser cumprida, mas vamos tentar negociar à exaustão”, pontuou. Os integrantes da APLB insistem que resistirão “custe o que custar”. Clique aqui e confira a íntegra da decisão do TJ-BA.
Parabéns pelos 100 dias de greve
No retorno ao saguão Deputado Nestor Duarte, na Assembleia Legislativa da Bahia, após a retirada do presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), Rui Oliveira – que espalhou o boato de uma suposta invasão do Batalhão de Choque, negada pela Polícia Militar –, os professores da rede estadual de ensino fizeram uma celebração aos 100 dias de greve, mantida na votação desta quarta-feira (18). Embora o centenário da paralisação seja completado nesta quinta (19), os docentes bateram “parabéns a você” e cortaram bolo. A primeira fatia foi dedicada por Nilzete Santana, mãe de um aluno do Colégio Estadual Rafael Serravale, ao governador Jaques Wagner. Inflamados, os docentes realizam ainda um ato contrário ao candidato do PT a prefeito de Salvador, Nelson Pelegrino. Dezenas de manifestantes circulam pela AL-BA com camisas estampadas com a frase “Eu não voto em traidor; PT nunca mais” seguida da foto do petista.
PM nega invasão
O comandante-geral da Polícia Militar da Bahia, coronel Alfredo Castro, entrou em contato com o Bahia Notícias para negar a hipótese de invasão do prédio da Assembleia Legislativa, especulada pelo presidente Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), Rui Oliveira. O chefe da PM esclareceu que houve, por volta das 6h desta quarta-feira (18), uma movimentação rotineira do Batalhão de Choque ao Centro Administrativo. “Eu queria tranquilizar tanto a população quanto os professores que a mobilização de tropas ocorre todo dia pela manhã. Não existe nenhuma possibilidade de ocupação da Assembleia pela Polícia Militar. Isso é especulação de pessoas que não têm compromisso com a instituição e com os professores. O comportamento da PM sempre foi de negociação. A orientação do governador [Jaques Wagner] é de negociação, independentemente de quem quer que seja”, esclareceu Castro. A assessoria da PM também se prontificou em descartar o boato e complementou ainda que não foi orientada a cumprir mandados de prisão contra os sindicalistas. Os professores grevistas se concentram no saguão da AL-BA, a pedido do chefe da APLB, para resistir a uma suposta expulsão.
Informações de Rodrigo Aguiar, Evilásio Júnior, Patrícia Conceição e Tiago Mello (fotos) do Bahia Notícias.

Homem com maior pinto é barrado em aeroporto suspeito de estar com arma


     Jonah Falcon é conhecido por ter o maior pênis do mundo sem estar ereto. Ele também já trabalhou como ator
             Da Redação do CORREIO
Jonah Falcon em uma reportagem produzida
pelo Gawker (Foto: Reprodução)
     Um homem foi barrado pela polícia no Aeroporto Internacional de San Francisco suspeito de estar escondendo uma arma dentro da calça. Jonah Falcon é conhecido por ter o maior pênis do mundo sem estar ereto. A situação veio a tona quando, antes de embarcar, o rapaz foi parado por agentes da Administração da Segurança em Transportes dos EUA. Jonah Falcon diz deter o recorde do maior pênis do mundo. “Eu disse: ‘É o meu pênis’”, comentou. Segundo informações do G1, Falcon não estava com o pênis ereto no momento da abordagem, e, por ter quase 23cm, levantou suspeitas e precisou ser revistado pelos agentes. “Só vou usar shorts para andar de bicicleta a partir de agora”, brincou Falcon, que já foi ator. “Ele me revistou por baixo, mas fez questão de apalpar [o pênis] com as mãos. Eles até colocaram um pó em minhas calças, provavelmente um teste para explosivos. Eu achei engraçado.” Segundo o site americano Gawker, Falcon não é formalmente reconhecido pelo Livro dos Recordes (Guinness Book) como o maior pênis do mundo porque, segundo a organização, o Guinness "não registra tais proezas".

Rachas e misturas marcam eleições nas dez maiores cidades do interior da Bahia


Partidos esquecem acordos na batalha pelos principais colégios eleitorais
         Jairo Costa Júnior – do CORREIO
     Fora de Salvador, elas são diamantes da sucessão nos municípios. Juntas, concentram 1.552.204 eleitores, 15% do universo dos mais de 10 milhões de pessoas aptas a votar em todo o estado. De olho no potencial decisivo para projetos políticos, 42 candidatos de 18 legendas entraram na arena de batalha pelo comando dos dez maiores colégios eleitorais baianos, numa disputa marcada por rachas, raras unidades e muita salada partidária. Na maior delas, Feira de Santana, cinco candidatos se lançaram à disputa. Apesar da presença de dois integrantes de partidos nanicos, PPL e Psol, a briga está em torno de três nomes. Entre os quais, o ex-prefeito Zé Ronaldo (DEM), um dos poucos candidatos que conseguiram a proeza de reunir um único campo político - a oposição ao governo do estado, composto ainda pelo PMDB,  PSDB, PTN, PPS, PSC e PV, fora PTB e PRP,  ligados da base aliada ao governador Jaques Wagner. Em contrapartida, as legendas governistas não conquistaram a unidade e sairão rachadas para enfrentar Zé Ronaldo. De um lado está o deputado estadual Zé Neto (PT), que tem a predileção confessa de Wagner. Do outro, o atual prefeito Tarcízio Pimenta, cuja mudança do DEM para o PDT não o blindou contra o avanço petista. A tônica eleitoral em Feira é a mesma de Vitória da Conquista, cidade do Sudoeste baiano dona do segundo maior número de eleitores do interior. Lá, DEM e PSDB conseguiram afinar o discurso em torno do radialista e blogueiro Herzem Gusmão (PMDB), numa coligação que reúne os aliados governistas PRP e PMN.  No entanto, o PV e o PPS, que embarcaram no barco oposicionista em grande parte do estado, lançaram os ex-deputados federais Edigar Mão Branca e Elquisson Soares, respectivamente. No flanco oposto está o atual prefeito Guilherme Menezes (PT), cujo partido aposta na vitória ainda no primeiro turno - Feira e Conquista são as únicas cidades do interior que terão eleições em duas etapas. Mas, assim como em Feira, o petista terá que lidar com um adversário da base governista: o pedetista Abel Rebouças, ex-reitor da Universidade Estadual da Bahia.
      Sopa de letras
     Em Camaçari, a navalha da desunião caiu sobre o front oposicionista, em meio à mistura de siglas dos mais diferentes projetos ideológicos. O núcleo duro da frente antipetista na Bahia - formada por tucanos, democratas e peemedebistas -  não conseguiu repetir, em maior ou menor graus, a aliança em Feira e Conquista e saiu esfacelado para a briga de 7 de outubro. O DEM, junto com o governista PTB, apoiou a candidatura de Maurício Bacelar (PTN), que de quebra recebeu o abraço do ex-prefeito José Tude e, na sequência, mudou seu nome eleitoral para Maurício de Tude.  O PMDB aderiu ao vereador José de Elísio (PP), enquanto o PSDB de Tereza Giafonne agregou o PPS. Na sopa de letras da cidade da Região Metropolitana, quem parece ter lucrado foi o petista Adelmar Delgado, candidato do atual prefeito Luiz Caetano (PT). Mesmo com baixa de partidos da base aliada, o ex-secretário da prefeitura compôs uma aliança formada por nada menos que 18 partidos, alguns com forte expressão eleitoral, a exemplo do PSB, PDT e PCdoB, além do neo-oposicionista PV baiano.
     Tradição
     Presidentes estaduais de legendas envolvidas na sucessão têm lá suas teses para explicar o mix que domina as candidaturas nas joias eleitorais do interior. “Há uma falta de identidade e ideologia partidárias muito grande (nas cidades), devido às pluralidades locais e particularidades nos arranjos políticos nos municípios”, avalia o deputado federal Lúcio Vieira Lima, do PMDB. Isso explicaria casos como o de Itabuna, onde o atual prefeito, Capitão Azevedo (DEM), conseguiu a adesão do coirmão PSDB, PMDB e PTN, mas abocanhou também PTB, PSL e PR, que pertencem ao arco de alianças do governo do estado. Já a petista Juçara Feitosa levou sete partidos para sua coligação, entre os quais PDT, PSB e PSD,  mas não conseguiu impedir que o governista PRB lançasse o vereador Claudevane Leite, o Vane da Renascer, com as bênçãos do PCdoB. “A meu ver, isso (a existência de rachas até na base aliada) mostra tão somente a fragilidade da oposição. É tanto que, na maioria das grandes cidades, as disputas principais se dão entre partidos da base”, analisa o presidente estadual petista, Jonas Paulo. Ele cita como exemplo quatro casos: Ilhéus, onde o ex-prefeito Jabes Ribeiro (PP) enfrentará Carmelita Ângela (PT); Lauro de Freitas, com a batalha entre Márcio Paiva (PP) e João Oliveira (PT); Jequié, que sinaliza para a polarização entre o deputado Euclides Fernandes (PDT) e a ex-primeira-dama Tânia Brito (PP); e Alagoinhas, cuja disputa está centrada entre o prefeito Paulo Cézar e o deputado Joseildo Ramos (PT).
     Cisões e confusões na disputa
     Mesmo com a eliminação das barreiras ideológicas entre os partidos nas eleições do interior do estado, há quem garanta respeitar o ideário de suas legendas. É o que afirma o presidente estadual do DEM, José Carlos Aleluia. “É claro que política é sempre local, os partidos são locais. Mas nós não fazemos alianças fora de nosso campo político. Procuramos estabelecer a linha de oposição, mas  pode ocorrer alguns casos (fora da diretriz)”, afirma. Entre as cidades que escaparam à lógica do dirigente democrata está Alagoinhas, onde o DEM resolveu apoiar o prefeito Paulo César (PDT). “Lá, nós seguimos a orientação do líder da oposição na Assembleia, deputado Paulo Azi (DEM)”, disse. Nesse caso, a ideia foi manter a posição antipetista, já que no outro lado da urna está o petista Joseildo Ramos. Em Alagoinhas, os acordos políticos não trouxeram um ara de estranheza política para o DEM. Apesar de minimizar a tensão na base aliada, o presidente estadual do PDT, Alexandre Brust, revela certo desconforto com a candidatura petista. “Mesmo estando no PSDB (em 2010), o prefeito Paulo Cézar apoio o governador Jaques Wagner. Mas o PT resolveu colocar a candidatura e vamos para disputa”, afirma. Já em Juazeiro, a disputa ganhou estampa de confusão. Mesmo contra a direção petista nas esferas municipal, estadual e nacional, o deputado Joseph Bandeira (PT) resolveu peitar a cúpula partidária para lançar candidatura, contra o prefeito Isaac Cavalcanti (PCdoB), e recorreu à Justiça. “Essa questão está resolvida. Até hoje, nunca conheci candidaturas avulsas”, disse o presidente da legenda, Jonas Paulo. Para comprovar a tese de que, no interior, o nome faz o partido, e não o contrário, em Teixeira de Freitas é outra cidade que terá a base aliada desunida: o deputado Temóteo Brito (PSD) vai encarar o petista João Bosco. E assim caminha, rachado, o interior nas eleições 2012.

MP e TJ encerram mediações para resolver impasse da greve dos professores. Rui chama reunião no MP de “circo”


O Ministério Público do Estado (MP-BA) e o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), acionados pelo governo baiano e pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) para mediar as negociações pelo fim da greve dos professores, decidiram encerrar suas investidas para resolver o impasse. Em nota, as instituições alegam que “realizaram numerosas atividades mediadoras, nos últimos dias, voltadas à obtenção de um consenso para o término da greve”, mas não tiveram sucesso no papel de intermediação. “Persistindo o impasse, em razão da não obtenção de um acordo em tempo hábil e aproximando-se uma situação de dano irreversível ao calendário escolar, após empreendidos todos os esforços e ante a ausência de condições objetivas de resolução no âmbito da mediação, não resta outra alternativa às referidas instituições-mediadoras senão considerar, nas atuais circunstâncias, concluídas as negociações”, diz o comunicado. A decisão, no entanto, não tem implicações quanto à “obediência aos demais desdobramentos legais”, ainda de acordo com a nota. A paralisação dos docentes da rede estadual de ensino já dura quase 100 dias. Na última quinta-feira (12), o presidente da APLB, Rui Oliveira, classificou a reunião na sede do MP como "circo".

Até passagens são superfaturadas no Senado, segundo ISTOÉ


     Senadotur: O esquema das passagens mais caras do mundo
Agência de turismo contratada pelo Senado para fornecer bilhetes aéreos aos parlamentares cobra mais que o dobro do preço de mercado e vira alvo do Ministério Público
         Izabelle Torres – da revista ISTOÉ

Em uma pequena sala no subsolo de um dos anexos do Senado funciona a empresa Turismo Pontocom. Criada há cerca de dois anos, com quatro sócios e capital social de R$ 200 mil, a pequena e desconhecida agência conseguiu o que tantas outras grandes do setor anseiam: fechou em agosto passado um contrato para fornecer passagens para os  senadores, num concorrido negócio de R$ 2,6 milhões, que deve chegar a R$ 6,5 milhões até 2013, após a assinatura de dois termos aditivos. O que se descobre agora, 11 meses depois, é que a empresa só conseguiu desbancar a concorrência graças a uma manobra. Durante o processo de licitação, a Turismo Pontocom ofereceu desconto final de 5% sobre o volume total das vendas. Até aí, aparentemente, nada havia de irregular. O problema é que parlamentares e órgãos de fiscalização interna fizeram as contas e constataram que, para cumprir a meta do desconto e acumular lucros, a agência está vendendo passagens aos senadores com preços no mínimo 50% mais altos do que os de mercado. Mas há vários casos em que seus preços mais do que dobram. A tabela da agência que atende ao Senado parece ser uma estratégia para driblar as promessas contratuais e enriquecer à custa do erário.
"Já orientei meu gabinete a emitir passagens
diretamente. Isso já resultou em economia"

Senadora Ana Amélia Lemos, do PP
O Ministério Público do Distrito Federal está de olho na agência prodígio. Um procurador ouvido por ISTOÉ disse que a contratação pode esconder o crime de superfaturamento, geralmente praticado com o aval do órgão. No Senado, essa conivência já rendeu à Turismo Pontocom mais de R$ 1,3 milhão só este ano. “É preciso ficar atento aos exageros cometidos por essas agências. E os órgãos precisam impor limites de gastos nos editais de contratação”, disse o integrante do MP. O primeiro-secretário da Casa, Cícero Lucena (PSDB-PB), responsável por avalizar a contratação da agência no ano passado, disse à ISTOÉ que vai instalar uma comissão de sindicância para investigar a legalidade dos preços cobrados pela novata Turismo Pontocom. “Vamos apurar cada compra”, disse ele. Procurados pela reportagem de ISTOÉ, os donos da agência de viagens que opera no Senado preferiram não se pronunciar. A reação do primeiro-secretário do Senado foi resultado de um pedido formal de apuração encaminhado pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR). O parlamentar ficou indignado ao constatar que o preço da passagem emitida pela agência do Senado para o trecho Brasília-Montevidéu era mais que o dobro do que a comprada por sua esposa no mesmo voo. Enquanto seu bilhete custou R$ 3.414, o dela saiu por R$ 1.654. “Isso é apenas uma amostra do abuso que vem sendo praticado com o dinheiro público. E essa não foi a primeira vez, não é o único caso”, critica. E não é mesmo. Os pacotes de viagens fornecidos pela empresa para parlamentares que viajam frequentemente ao Uruguai para participar das reuniões do Parlasul custam 25% a mais do que se a compra fosse feita no mercado por qualquer cidadão comum.
PRODÍGIO
Agência contratada pelo Senado foi criada há apenas dois anos.
Negócio com a casa deve chegar a R$ 6,5 milhões até 2013
A agência do Senado abusa ainda mais nos preços dos voos nacionais, que deveriam ser adquiridos diretamente pelos gabinetes, como a Mesa Diretora já havia orientado em situações anteriores. Ao emitir bilhetes para os senadores viajarem a seus Estados, os preços pagos são escandalosos. Para Maceió, por exemplo, um passageiro comum encontra bilhetes não promocionais que custam em média R$ 350. Os políticos alagoanos, no entanto, não viajam por menos de R$ 1 mil. Para Porto Velho, os abusos não são diferentes. Enquanto empresas aéreas registram opções de voo a partir de R$ 600, o registro dos preços pagos pelo Senado mostra valores que passam de R$ 2.900. Alarmada com a situação, a senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) orientou seu gabinete a emitir suas passagens diretamente, evitando a Turismo Pontocom. “Isso já resultou em economia. Dos R$ 35 mil mensais que tenho para usar em passagens, gasto cerca de 30%. Dá mais trabalho porque é preciso fazer pesquisas. Mas acho que essa deveria ser a regra para todos”, diz a senadora. Ana Amélia é autora de um projeto que proíbe a cobrança de multas para remarcações de passagens. Para ela, a mudança seria boa também para o Senado, já que a alegação mais usada para justificar os preços altos é a necessidade de remarcar voos.
No Ministério Público do DF tramitam 19 investigações contra agências de turismo que mantiveram contratos com a administração pública nos últimos anos. Na maioria dos casos, as licitações são ganhas com a promessa de preços “impraticáveis”. O modo de operar é semelhante ao da Turismo Pontocom. Há consenso entre os procuradores do MP de que alguma medida deve ser adotada para frear a gastança com viagens. Para o vice-presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens, Carlos Vieira, o esquema dos descontos virtuais tem sido um grande problema enfrentado por quem opera legalmente. “Casos como esse acontecem em muitos órgãos. Para ganhar a licitação e pegar o contrato, agências propõem descontos no preço final que, se concretizados, fariam com que elas pagassem para funcionar. Como ninguém topa trabalhar no vermelho, o jeito encontrado por elas é burlar as regras e buscar outras formas para ter lucro. Somente uma lei pode parar isso”, diz Vieira. Pelo menos seis processos estão em fase final de investigação no Ministério Público. Enquanto isso, algumas agências continuam prestando serviços a órgãos do governo. A Distak Turismo, por exemplo, apesar de investigada, assinou contrato com o Ministério do Trabalho no inicio deste ano. As apurações caminham a passos lentos devido a dificuldade para provar a ficção dos descontos oferecidos.
O esquema do desconto fictício não é novidade no Senado. Em dezembro de 2010, o então primeiro-secretário Heráclito Fortes (DEM-PI) instaurou uma investigação para apurar o superfaturamento nos serviços prestados pela Sphaera Turismo, que por seis anos atuou sozinha na emissão das passagens para senadores, graças à promessa de conceder desconto final de 17%. Os três servidores que analisaram os gastos e os valores pagos concluíram que os preços estratosféricos das passagens emitidas pela agência eliminavam as vantagens oferecidas pela Sphaera Turismo durante o processo licitatório. Os detalhes da auditoria foram encaminhados no ano passado ao primeiro-secretário Cícero Lucena (PSDB-PB). Apesar de o relatório apontar dados que mostram um prejuízo estimado em R$ 300 mil, nenhuma providência foi tomada. A sindicância repousa em uma gaveta sem sanções aos envolvidos. A expectativa, agora, é que a nova sindicância aberta para investigar a legalidade dos preços cobrados pela Turismo Pontocom não tenha o mesmo destino.

CONTO: Bundão de Ratinho


                          Landisvalth Lima
Logo após o casamento de Mariposa com Ratinho, o desejo do casal era logo ter um filho. Não demorou muito. Nasceu um menino de grandes bochechas e cara redonda. Na brincadeira, o pai colocou-lhe o apelido de Bundão. Antes de ser um palavrão e reflexo da cara enorme, Bundão passou a ser uma forma de carinho dos pais. Só não foi registrado com esse nome porque o Cartório de Registros não aceitou. Como poderia alguém ser chamado de Bundão Dado A. Silva. E este A era de Aniceto. O pai não gostava. Era herança do nome do avô. Onde já se viu alguém colocar como sobrenome Aniceto?
Fato é que Bundão era filho de Ratinho, na verdade Cosmenildo Dado Aniceto Silva, e de dona Mariposa, de nome real Cornélia Onorina Silva. O pai de Bundão tinha o nome de roedor porque nunca fez negócio sem deixar de tirar uma lasquinha. Adorava coisas dos outros e era fanático por queijo. Era sovina e detestava pobre. Seus amigos eram todos ricos e gostava de frequentar casamentos e batizados para não perder uma boquinha. Mariposa levou esta alcunha porque foi flagrada roubando a bolsa de uma senhora numa festa de casamento. Quando a vítima percebeu que era Cornélia a ladra, gritou. Desesperada, Mariposa jogou a sacola na luz da sala e saiu correndo. No outro dia era o comentário na cidade de Canaã e o apelido caiu como uma luva. Além disso, Mariposa alegou que sofria de uma séria doença: cleptomania!
Um dia, um deputado fez uma proposta a Ratinho para ser o prefeito de Canaã. Eram dois milhões para ganhar as eleições. Em troca, apoiaria os nomes que ele indicasse, inclusive para os cargos da cidade, e teria vasto controle sobre a administração. Ratinho aceitou e venceu as eleições. Durante todo o período do mandato, exerceu com afinco as funções inerentes ao seu nome: desvios de verbas, aditivos fraudulentos, achatamento de salários dos servidores, notas fiscais frias... Nunca se havia roubado tanto na história administrativa da pacata e ordeira Canaã. Todos, no entanto, sabiam: Ratinho era o maior ladrão de todos.
Enquanto isso, Mariposa desfilava com carro novo, joias e penduricalhos, e pousava de Rainha de Canaã. Mandava e desmandava. Era dona de todas as suas vontades e o povo tinha que fazer reverência a ela. Lamber os seus pés ornados de apetrechos indianos. Não se importava com ruas sem calçar, esgotos a céu aberto, escolas abandonadas, salários baixos dos servidores, ruas sujas e cheias de lixo. Canaã virou um inferno. Além disso, era Secretária de Assistência Social, sem assistir ninguém nem fazer nada de social. Era o seu cofre de arrecadação.
E o Bundão? Ah! Este estava num paraíso. Virou peão de vaquejada. Pegava dinheiro do pai e da mãe para aplicar em cavalos de raça. Gostava de aparecer no Canal do Boi comprando gado Nelore e vibrava quando era anunciado o comprador: Bundão de Canaã arrematou! Vendido para a Bahia! A esta altura já estava para lá de bêbado. Não bebia água, matava a sede com uísque e bradava em alto e bom som: “Aqui bebo à custa dos otários de Canaã!”. A fama de beberrão logo tomou conta. Pior é que era valentão e cheio de razão. Ninguém podia dizer a ele que se contivesse, já que era filho de políticos etc, etc. Bundão respondia com um “Vá te arrombar, porra! Você sabe quem eu sou? Sou filho do prefeito, porra!”. E assim caminhava Canaã com um prefeito corrupto, uma primeira dama perdulária e vaidosa e um filho beberrão e cheio de razão.
De olho na reeleição, Ratinho mandou calçar uma rua, pintou um meio-fio aqui, limpou uma rua ali, começou a aparecer mais, a tratar melhor os amigos, a frequentar casa de pobre, casamento, batizados.... Tudo em nome de um novo mandato. Resolveu então fazer uma festa de arromba para melhorar sua imagem e desviar mais algumas verbas. O problema é que só havia um policial na cidade e o prefeito teve que solicitar uma quantidade maior para dar segurança ao evento. O Governo do Estado da Bahia mandou 25 homens bem armados e equipados e quatro viaturas. Os baderneiros não teriam chance.
No segundo dia de festa, tudo estava calmo. Até que Bundão resolveu fazer das suas. Pegou seu carro possante, equipou-o com o melhor uísque e foi para um bairro residencial. Pela madrugada deixou o som na maior altura e viajava no álcool. Até que uma senhora idosa resolveu pedir a alguém para desligar o som que ela precisava dormir. Estava velha, alquebrada e não conseguia cair no sono com um barulho daqueles. “Mas é o filho do prefeito. Ele não vai parar tão cedo.”. De fato, Bundão não estava nem aí, nem lá, nem em lugar algum. Até que uma senhora foi até o local da festa da cidade e solicitou a presença de um policial para socorrer a idosa. Quando os policias chegaram, viram logo o filho do prefeito em profundo estado de alegria.
- De quem é este carro? Perguntou um Sargento PM.
Bundão, com ar superior:
- É meu. Algum problema, Policial?
- Baixe o som, pegue o seu carro e vá para um lugar adequado. Aqui é um bairro residencial e as pessoas precisão dormir.
Bundão não se deu por vencido.
- Ah! Qual é? Não posso me divertir?
O policial já se preparava para agir, mas voltou a insistir:
- O Senhor ouviu o que eu disse?
- Ah! Mas....
Mal começou a frase já recebia um tapa de mão aberta ao pé do ouvido:
- Baixe o som! Pegue os documentos do veículo!
Bundão não se deu por vencido:
- Você sabe com quem está falando?
Um segundo tapa falou mais lucidamente e não precisou mais o policial dizer nada. Bundão obedeceu sofregamente. Foi liberado e correu para contar ao pai. Ratinho e Mariposa ficaram irados e saíram por aí a tirar fotos para identificar o policial agressor.
- Vamos levá-lo aos tribunais. Vou pedir ao deputado que acabe com a vida deste soldadinho de meia tigela! Dizia Ratinho irritado.
A notícia correu logo e a festa terminou sem mais uma briga. Os policias eram sérios. Se repreenderam até o filho do prefeito, era melhor brincar para não ir para as grades. Foram os dias de festa mais calmos e tranquilos de Canaã. O Ratinho chegou a falar com o comandante e pedir a cabeça do Sargento numa bandeja. Ouviu, entretanto, a resposta de que ali se tratava de uma equipe.
- O senhor vai ter que cortar todas as nossas cabeças.
Enquanto isso Bundão dormia com dois belos hematomas nas suas duas avantajadas bochechas.
                  (Do livro: Contos levemente amaros. Inédito)

Marcelo Nilo entra com pedido de reintegração de posse, mas professores não deixam Assembleia


         Por Mariele Góes – do Bahia Notícias
Marcelo e Rui em reunião: professores resistem!
     A greve dos professores estaduais da Bahia continua sem resolução. Após recusar a proposta conciliatória feita pelo Ministério Público e manter a paralisação, o movimento entrou em conflito com o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA), Marcelo Nilo (PDT). No inicio da manhã desta segunda-feira (16), o pedetista declarou, em entrevista ao programa Acorda Para Vida, da Rede Tudo FM 102,5, que pediria que os aproximadamente 60 professores que ocupam o saguão Deputado Nestor Duarte se retirassem do local até as 17h. O comunicado foi feito oficialmente pela Casa Militar da AL-BA na tarde do mesmo dia, contudo, os grevistas resolveram permanecer, mesmo com promessas de corte de água, luz e telefone. No início da noite, o presidente da AL-BA recebeu os líderes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) em seu gabinete. Os docentes pediram para continuar acampados por mais tempo, ao alegar não causar incômodos, já que o período é de recesso parlamentar. Apesar da conversa, que durou mais de uma hora, o entrave não foi solucionado. O presidente da casa afirmou que não cederia aos apelos e informou que já havia protocolado o pedido de reintegração de posse na 6ª Vara da Fazenda do Tribunal de Justiça. Nilo prometeu não usar força policial para expulsar os manifestantes, mas declarou que a situação não está mais sob seu comando. A decisão agora cabe ao desembargador Ruy Eduardo Brito, que deve se manifestar sobre o impasse até o final de semana. Em entrevista ao Bahia Notícias a vice-coordenadora da APLB, Marilene Betros, informou que o movimento ainda não havia recebido nenhuma ordem judicial para deixar o local. “Vamos permanecer aqui. A Justiça ainda não nos intimou, então não tem nenhuma determinação”, disse. Segundo Marilene, os professores estão em alerta, mas o ambiente permanece pacífico. “O clima não é de tensão. Estamos tranquilos”, completou.
A ocupação da ALBA já dura 3 meses
     Durante os 98 dias, a Assembleia Legislativa tem sido um dos principais pontos de apoio do movimento grevista. Os protestantes pretendiam conseguir a simpatia dos deputados. É lá que a categoria tem realizado a maior parte das assembleias, protestos e encontros. A oposição desaprovou a decisão do presidente do Legislativo e manifestou-se a favor dos professores. Os parlamentares classificam a atitude de Nilo como submissão ao Executivo. Paulo Azi, líder da oposição na AL-BA, convocou uma reunião com toda bancada nesta terça (17) para discutir o assunto. Na tarde de segunda, o deputado ofereceu aos docentes a chave da sala da liderança da minoria em caso de expulsão. Durante esta terça, o movimento grevista deve manter suas atividades normais. A APLB promete apresentar ao Ministério Público uma nova moção na quarta-feira (18). “Estamos construindo essa nova proposta. Vamos debater a questão do Fundeb e na quarta (18) vamos aprovar a proposição que será encaminhada ao Ministério”, informou Marilene Betros. Segundo o sindicato, a readmissão dos 57 professores demitidos por causa da greve é um dos principais pedidos da categoria que não foram acatados pelo governo. O acordo elaborado pelo MP previa reajuste de 7% em novembro deste ano e 7% em março do ano que vem, além dos 6,5% já concedidos a toda categoria. As promoções seriam atreladas à participação no curso de atualização em práticas pedagógicas e incluiria servidores em estágio probatório, com exclusão apenas dos professores em licença, suspensão disciplinar ou preventiva e os colocados à disposição. Os salários cortados seriam pagos mediante a apresentação de um calendário de reposição de aulas. A proposta previa ainda a revisão dos processos administrativos disciplinares e os desligamentos dos professores contratados pelo Reda, bem como a revogação do Art. 3º da Lei 12.364, que prevê 3 e 4% de incremento em outubro de 2013 e 2014. Após a recusa dos grevistas, o MP não se manifestou. Solicitado para comentar a situação da AL-BA e os novos rumos da negociação, o responsável por articular a comunicação entre duas partes, o procurador-geral de Justiça Wellington César Lima e Silva, não atendeu às ligações do Bahia Notícias.

Marcelo Nilo não quer professores grevistas na Assembleia



            Helga Cirino – de A TARDE
Professores estão acampados na ALBA há três meses
 (foto: Raul Spinassé / Agência A TARDE)
     O presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (AL), deputado estadual Marcelo Nilo (PDT-BA), ingressou com um pedido de liminar de reintegração de posse do salão Nestor Duarte da instituição, ocupado desde 11 de abril por professores em greve. Ele também determinou a suspensão do fornecimento de luz e água para os acampados. O pedido, que foi entregue à Justiça no final da tarde de segunda-feira, 17,  deverá ser julgado pelo desembargador Ruy Eduardo Brito, titular da 6ª Vara da Fazenda Pública. Dentre os argumentos utilizados pela presidência da AL para a desocupação do prédio  está a necessidade de preservação do patrimônio público e o cuidado com a integridade fisica das pessoas que transitam pelo local. Os professores prometem resistir. “Nós não vamos recuar. Resistiremos custe o que custar”, disse o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (APLB), Rui Oliveira. Na quarta, 18, a categoria se reúne em assembleia, às 9 horas. Logo após segue em caminhada até a sede do  Ministério Público da Bahia (MP-BA). O objetivo é  entregar uma contraproposta ao que foi oferecido pelo governo na reunião intermediada pelo MP-BA, ocorrida na última quinta. Em nota, divulgada na noite de segunda, o MP-BA e o Tribunal de Justiça (TJ) afirmaram que já fizeram tudo o que foi possível para intermediar a greve. Ou seja: para estas instituições sua participação na fase de mediação está encerrada (veja nota na íntegra).
     Redes sociais - A informação de que o presidente da AL pretendia uma investida contra os acampados começou a circular nas redes sociais já na manhã de segunda. A tensão entre os professores se intensificou quando Nilo, em entrevista a uma rádio de Salvador, deu um prazo aos professores para desocuparem o prédio até às 17 horas de segunda. “Greve é direito adquirido de todo o trabalhador. Agora, tudo tem limite. São 93 dias acampados aqui na Assembleia. O ar condicionado, por exemplo, está funcionando ininterruptamente. A Casa precisa voltar à normalidade”, disse Nilo. De acordo com o presidente, a assessoria da presidência da AL tentou contato com a direção da APLB mas até às 18 horas não obteve retorno. “A casa é do povo. É espaço para elaborar as leis do Estado e fiscalizar o executivo. Não é do sindicato para que uma pequena parte dos professores fiquem acampados. Eu serei obrigado a atender o pedido dos servidores e da maioria esmagadora dos deputados que quer a normalidade”, argumentou o presidente.
     Encontro - No início da noite, o comando de greve chegou a se reunir com o presidente para pedir que ele desistisse do pedido de reintegração. Mas, pouco depois das 17h, o procurador da AL, Graciliano Bonfim, já havia ingressado com o pedido de liminar no Tribunal de Justiça (TJ). Quanto à possibilidade da utilização de força policial para retirada dos professores, Marcelo Nilo disse que não deseja chegar a este ponto.  “Não quero usar meios policiais, mas tenho responsabilidade com meus servidores”, disse. Já os professores insistem na ocupação. “Estamos aqui dando uma prova de cidadania.  Não fomos comunicadas por ninguém da Justiça, então continuamos”, afirmou Edenice Santana, do comando de greve.