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Poucas & Boas nº 110: Onde está a mudança?

Ana Dalva News: Réus do mensalão já se preparam para prisão

Ana Dalva News: Réus do mensalão já se preparam para prisão: Com as condenações anunciadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão, réus do chamado "núcleo publicitário", ligado...

Será preciso um cadáver em Heliópolis?


Violência e compra de votos atrapalham o espetáculo democrático! Quando Heliópolis terá reforço policial?
                            Landisvalth Lima
Não sei quem vai achar que este artigo é propaganda eleitoral negativa, mas o faço como alerta. Não é profecia, é fato: espero que não tomem providência sobre a violência em Heliópolis depois que o leite derramar. Para ser mais claro, será que precisaremos de um cadáver para que a Justiça tome providências enérgicas sobre a violência em Heliópolis? Querem provas mais concretas ou fatos mais estarrecedores?
Desesperados por verem o projeto eleitoral ir ladeira abaixo, membros do atual governo municipal partem para o desespero. O que faz um prefeito visitando comunidades rurais pela madrugada? O que uma autoridade vai fazer num horário deste? Seria visita de cortesia? Quem sabe para tomar uma meladinha de mais uma criança que nasceu fora de Heliópolis? Quem sabe visitar um doente que foi operado fora de Heliópolis, já que o nosso sistema de saúde eficiente só existe no horário eleitoral gratuito da coligação Heliópolis no rumo certo!
Deixemos a hipocrisia de lado! Tudo isso é compra velada de votos e a oposição sabe que esta prática muda resultados. Este ano, para garantir a vantagem, os opositores têm vigilantes espalhados por todo o município. Todos com celulares com câmeras para dar um basta nesta questão de compra de votos. Isto está gerando uma reação violenta por parte dos encastelados no poder. Os chamados “seguranças” estão armados, intimidando pessoas. O episódio da 5ª feira foi exemplar. As ameaças feitas a Lucas Araújo, abordado pelos tais seguranças de armas em punho na rua onde mora o prefeito foi ato medieval. Queriam prender o rapaz e apreender seu veículo. Com qual autoridade? Na localidade de Velame, o militante Zé Augusto viu uma arma apontada para si, ato também praticado pelos ditos seguranças do prefeito. Como perceberam a besteira que fizeram, pasmem, registraram queixa crime contra a coligação Unidos por Heliópolis, como forma de disfarçar a culpa.
Pior é saber que há policiais em serviço exercendo este papel. Ora, mas não é função da polícia proteger os cidadãos? Afinal, a primeira dama e o prefeito são cidadãos também! Ocorre que, enquanto policiais protegem autoridades, uma só pessoa numa moto fez dois assaltos em Heliópolis, roubando uma padaria e uma loja, em plena luz do dia. Seria somente as autoridades as detentoras do direito à segurança? E o povo, o contribuinte, aquele que mantém os Estado Republicano com o seu suor e sua lágrima? O prefeito pode pagar segurança! A polícia é para proteger o cidadão comum!
Sabemos que Heliópolis é pequeno. São só 11 mil eleitores entre os mais de 7 milhões na Bahia, mas parece que estão esperando um cadáver para resolver a questão. Esta coisa de ganhar a eleição a qualquer custo é um suicídio! Não só leva a uma disputa desproporcional, como cria rivalidades que não se curarão com o tempo. Porque já foi o tempo de se pregar a paz. Parece que estamos vivendo o tempo do “bateu, levou!”. E um revide leva a outro! Então, por precaução, acho que o Meritíssimo Juiz Eleitoral, Dr. Antônio Fernando, deve convocar reforço militar, se possível o Exército, para acalmar os ânimos. Porque quando o provocador é a oposição, parece que as coisas andam mais céleres. Entretanto, quando são os governistas os desesperados, as solicitações vão à sela de um jegue!

Polícia baiana mata mais de um por dia


Em 2012, o número de pessoas que morreram em alegados confrontos com a polícia na Bahia é 58,9% maior que no ano passado. Taxa é maior que em Rio e São Paulo. Para tentar conter abusos, o Ministério da Justiça propõe o fim do registro de Auto de Resistência
Victor Uchôa – da redação do CORREIO
Mais de uma morte por dia. Na média, este é o resultado dos Autos de Resistência (AR) na Bahia, de janeiro a agosto deste ano. Em 244 dias, foram registrados 267 óbitos de pessoas envolvidas em alegados confrontos com policiais.
O número é da Coordenação de Documentação e Estatística Policial (Cedep), órgão da Secretaria da Segurança Pública (SSP). A soma representa um crescimento de 58,9% nos casos de ‘resistência seguida de morte’ em relação ao mesmo período do ano passado, quando morreram 168 pessoas. No total deste ano, foram 103 mortes na capital, 50 na Região Metropolitana e 114 nas outras cidades do interior.
Se forem contabilizadas apenas as mortes do primeiro semestre, a Bahia registrou 191 óbitos em AR, o que corresponde a uma taxa de 2,73 mortes por cada 100 mil habitantes. No estado de São Paulo, onde de janeiro a junho ocorreram 239 mortes, a taxa é de 1,16. Já no estado do Rio de Janeiro, os dados apontam 214 mortes nos primeiro seis meses do ano, chegando a uma taxa de 2,68.
Se levados em conta apenas os números das capitais, a taxa de mortes em confronto com a polícia em Salvador, no primeiro semestre, é de 5,77. Ao todo, o Cedep registrou 77 casos na capital baiana. Em São Paulo, foram 147 mortes (taxa de 2,62), e na capital fluminense, 132 mortes (4,19).Mesmo defendendo o AR como uma forma de respaldar a ação policial, o secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, acha que todas as operações devem ser cautelosas.
“Não comemoramos nenhuma morte. Antigamente, se bradava que bandido bom era bandido morto. Não existe mais isso. Trabalhamos com a ideia de aproximação da comunidade”, afirmou Barbosa, durante a inauguração da Base Comunitária de Segurança do Bairro da Paz. Como os dados oficiais vão até o fim de agosto, não levam em conta, por exemplo, a morte do adolescente Rodrigo Santos Conceição, 15 anos, baleado por soldados da 1ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM) em Pernambués, no sábado passado.
Confrontos
Os policiais alegam que, durante uma incursão em busca de assaltantes que vinham atuando na Avenida Luis Eduardo Magalhães, foram recebidos a tiros por um grupo de cinco homens armados. Houve tiroteio e o garoto acabou sendo baleado. De acordo com o Departamento de Comunicação da polícia, com ele, foi apreendida uma pistola 380.
Quem conhecia o adolescente conta uma versão diferente. “A polícia só chega atirando. No sábado, quando Rodrigo se bateu com eles no beco, com medo, correu”, relata Simone Santos, mãe da namorada do jovem e dona da casa de onde ele acabara de sair antes de ser morto.
Quem completa sua fala é o pai de Rodrigo. “Quando meu filho viu a PM, fez menção de correr, como todo mundo que estava na rua, e atiraram nele. A arma, eles acharam aqui na rua. Foi jogada por um dos que correram”, afirmou ao CORREIO o porteiro Ronaldo da Conceição.  
Revoltados, parentes e amigos de Rodrigo realizaram um protesto em que fecharam a Avenida Luis Eduardo Magalhães no domingo. Depois disso, a Polícia Militar instaurou um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar se a morte de fato se deu depois de uma ‘resistência’ ou se o garoto foi executado.
Situação semelhante ocorreu no dia 30 de julho, quando os jovens Alexandre Oliveira da Silva, 14, e Rafael Muniz Barreto, 19, foram mortos por policiais da mesma 1ª CIPM e das Rondas Especiais (Rondesp), também durante um alegado confronto, daquela vez na Saramandaia. Na época, a família fechou a Avenida ACM em duas ocasiões. O IPM do caso, que tinha prazo de 40 dias, ainda não foi concluído.    
Levantamento realizado pelo CORREIO mostra que, dos ARs cujas situações foram divulgadas pela polícia, o que teve o maior número de mortes ocorreu em Barra da Estiva, no Sudoeste do estado.
No dia 2 de fevereiro, seis suspeitos de assaltos e homicídios na região foram mortos em confronto com policiais civis e militares na zona rural da cidade.
Dentre os mortos estavam os irmãos gêmeos Amilton e Ailton Santos Caíres, além do pai da dupla, Eulálio dos Santos. Amilton era o “Dez de Ouro” do Baralho do Crime da SSP, que aponta os bandidos mais procurados do estado.   
Mais mortes
Em Salvador, no dia 27 de março, houve um caso de resistência que terminou em seis mortes, mas dois suspeitos de assaltarem a empresa Barramar, em Pirajá, morreram depois de caírem em uma vala na BR-324 durante perseguição policial. Mais quatro integrantes do bando foram mortos em confronto com a polícia, depois de serem encurralados no Engenho Velho da Federação.   
No ano, quatro confrontos resultaram em cinco mortes. Dia 30 de janeiro, em Salinas da Margarida, suspeitos de assalto a banco foram mortos em confronto. Em 3 de maio, bandidos que tentavam assaltar uma empresa do CIA também morreram num tiroteio.
Em 1º de junho, um bando foi surpreendido ao tentar sequestrar um empresário em Itinga e todos acabaram mortos. Por fim, no dia 2 de agosto, em Ubaíra, suspeitos de assalto a banco também morreram em alegado confronto.
ONU recomenda fim da PM no Brasil
Na última sabatina a que o Brasil se submeteu no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU), em maio, a entidade recomendou a extinção da Polícia Militar. Esta é uma das 170 sugestões presentes no relatório do Exame Periódico Universal (EPU) do Brasil, avaliação pela qual passam todos os países membros da ONU. A recomendação pela extinção da PM, feita pela Dinamarca, se baseou na análise de casos de Auto de Resistência que foram comprovados como execuções.
O relatório indica o fim do “sistema separado de Polícia Militar, aplicando medidas mais eficazes para reduzir a incidência de execuções extrajudiciais (assassinatos)”. Já a Espanha solicitou ao Brasil a “revisão dos programas de formação em Direitos Humanos para as forças de segurança”. Na sabatina, a Austrália sugeriu ao país o incentivo para que mais estados desenvolvam programas como o da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), do Rio de Janeiro.
Na Bahia, desde 2011, o governo vem implantando as Bases Comunitárias de Segurança, que teve a sétima unidade inaugurada no dia 13 deste mês, no Bairro da Paz, em Salvador. A previsão é que mais duas sejam entregues nos próximos dias: depois de amanhã, em Itabuna, e dia 27, em Feira de Santana.
Congresso vai discutir fim do registro de 'Resistência'
Para tentar diminuir a sensação de impunidade que cerca os casos de autos de resistência (AR), o Ministério da Justiça (MJ) elaborou uma proposta que prevê a mudança na forma como as mortes são registradas.
Baseado no fato de que o AR nem é previsto no Código Penal, o secretário de Assuntos Legislativos do MJ, Marivaldo Pereira, defende o fim do registro de “resistências seguidas de morte” nas delegacias. “O policial relata o AR e na maioria dos casos fica por isso mesmo, porque se parte do princípio que ele agiu em legítima defesa. Não é apurado como deve ser. É um mecanismo muitas vezes usado por uma minoria de maus policiais para esconder seus excessos”, argumenta.
A proposta do MJ se somou a discussões que vinham ocorrendo no Congresso Nacional e culminou num projeto de lei (PL) suprapartidário que o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) pretende protocolar hoje. Além do fim do registro de AR com óbito, o PL prevê que em casos de “morte violenta ocorrida em ações de agentes do Estado, o laudo será elaborado em até dez dias e encaminhado imediatamente à autoridade policial, ao órgão correicional, ao Ministério Público e à família da vítima”.
O PL apresenta ainda normas para a perícia e para a investigação que, em tese, já deveriam ser cumpridas. “Queremos obrigar a investigação. O número de mortes causadas pela polícia está crescendo e muitos policiais se escondem atrás do AR para cometer crimes”, diz Teixeira.
Para o titular da pasta da SSP na Bahia, Maurício Barbosa, a possível mudança é “um absurdo”. “O policial se expõe. Qual o respaldo que ele terá em sua ação se eu partir do princípio de que todo AR é um homicídio como outro qualquer?”, diz Barbosa, defendendo a investigação e a punição para eventuais abusos.
Sua posição é defendida pelo coronel Alfredo Castro, comandante-geral da PM baiana. Para o oficial, o que não pode ocorrer é se levar em conta apenas a versão do policial. “Tem que apurar tudo e no final, se for preciso, expulsa o policial”, conclui.

Papiro do século 4º menciona "mulher de Jesus"


REINALDO JOSÉ LOPES - da Folha de São Paulo.
À primeira vista, parece que o enredo do best-seller "O Código da Vinci" virou fato: um fragmento de papiro que provavelmente data do ano 350 da Era Cristã retrata Jesus usando a expressão "minha mulher". É bom ir devagar com o andor, contudo.
Segundo a historiadora da Universidade Harvard (EUA) responsável pela análise do texto antigo, que ela apelidou de "Evangelho da Mulher de Jesus", o fragmento não traz informações confiáveis sobre a figura histórica de Cristo, já que a narrativa quase certamente teria sido composta séculos depois da morte dele.
O que o texto mostra, no entanto, é o intenso debate sobre os prós e contras do sexo e do casamento nos primeiros séculos do cristianismo -uma controvérsia que ainda deixa marcas em temas como o celibato dos padres ou a ordenação de mulheres, por exemplo.
O "Evangelho da Mulher de Jesus" vem a público com uma aura de mistério, além da inevitável polêmica que o tema do fragmento traz.
Sua procedência exata é desconhecida. Sabe-se apenas que, em 2010, um colecionador de antiguidades (cuja identidade, por enquanto, está sendo preservada) mandou um e-mail para Karen King, especialista em cristianismo antigo da Escola de Teologia de Harvard.
O colecionador queria ajuda para traduzir o fragmento -uma única folha de papiro, medindo 8 cm de largura por 4 cm de comprimento. O texto foi escrito em copta, idioma descendente da língua dos faraós que era falado pela maioria dos egípcios na época do Império Romano (e ainda é usado na liturgia dos cristãos do Egito).
No ano passado, o dono do papiro concordou em deixá-lo com King. A pesquisadora pediu a ajuda de outros especialistas em papiros e na língua copta e acabou por decifrar o que restou do texto (veja quadro acima). A descoberta foi anunciada pelo jornal "New York Times".
Os fragmentos dizem, entre outras coisas, "Maria [Madalena?] é digna disso" e, logo depois da menção a "minha esposa", "ela será capaz de ser minha discípula" e "eu habito com ela".
Dá para esperar um debate acadêmico feroz em torno do manuscrito. Entre os especialistas que revisaram o artigo da revista especializada "The Harvard Theological Review" no qual está a análise do manuscrito, dois chegaram a questionar a autenticidade do material.
Outros especialistas em papiros, no entanto, ressaltaram que o padrão de manchas e fibras marcadas por tinta, já esmaecidas, seria difícil de forjar. A datação do texto, por ora, é indireta, baseada no estilo da escrita.
Já se sabe há tempos que o Egito foi palco de uma imensa diversidade de ideias nos primeiros séculos do cristianismo. Prova disso é a "biblioteca" de textos cristãos de Nag Hammadi, descoberta em 1945, na qual predominam os chamados textos gnósticos -corrente de pensamento para a qual o mundo físico é obra de divindades malévolas, e não de Deus.
Vem de Nag Hammadi o Evangelho de Filipe, também em fragmentos, mas que mencionaria Jesus beijando Maria Madalena, que a cultura pop atual vê como mulher de Cristo.
Durante os primeiros séculos depois de Jesus, os cristãos estavam divididos a respeito de como lidar com o sexo e o casamento. Uns, como o apóstolo Paulo, defendiam que o celibato era a melhor opção, embora não condenassem o casamento. Outros diziam que os melhores candidatos a líderes da igreja eram os homens casados. E havia ainda os que condenavam todo tipo de contato sexual. No caso de Jesus, o mais provável é que ele tenha mesmo sido solteiro. 
 

Por trás da última cortina de ferro


Por Brigitte streginsky, de Pyongyang - publicado em: 10/08/2012 – portal da revista STATUS
Status visitou a Coreia do Norte, o mais isolado país do planeta, onde o culto a seus líderes, o poder das forças armadas e o controle total sobre a população civil atingem níveis inimagináveis
Os soldados norte-coreanos somam 1,2 milhão de homens na ativa
e outros oito milhões na reserva, o que faz do país
o mais militarizado do planeta
UM PAÍS SOMBRIO E ATRASADO, uma capital cinza e uma populacão triste e miserável. Foi com essa imagem que decidi embarcar em uma viagem de uma semana pela República Democrática Popular da Coreia, como parte de um grupo de turistas. Queria conferir com meus próprios olhos se o que a maioria das pessoas no Ocidente pensa a respeito dos norte-coreanos era verdade. Todos no nosso grupo, pessoas com as mais variadas profissões, compartilham a curiosidade de ver o que acontece por trás da cortina de ferro do regime comunista mais fechado do planeta. Logo percebemos que não éramos os únicos: durante nosso tour pelo país, encontramos visitantes de todas as partes do mundo. Apenas recentemente esse país recluso começou a abrir as portas para um turismo organizado e rigidamente controlado, em um esforço para atrair o tão necessário dólar americano.
Aterrissamos na capital Pyongyang em meados de abril durante as celebrações do centenário de nascimento de Kim Il-sung (1912-1994), fundador da Coreia do Norte e avô do atual líder Kim Jong-un. Ao mesmo tempo em que pôsteres de um sorridente Kim Il-sung nos saudavam no aeroporto e militares se encarregavam de recolher nossos celulares – os quais recuperaríamos apenas no momento de nossa partida – o país anunciava a revisão de sua Constituição, com um novo texto ostentando sem meias palavras a capacidade militar do país. Destaque para o termo “estado nuclear”, presente no preâmbulo da nova Carta: “O presidente da Comissão de Defesa Nacional, Kim Jong-il, transformou a nossa pátria em um país invencível com forte ideologia política, um estado com poder nuclear e uma invencível potência militar, preparando o terreno para a construção de uma nação forte e próspera.”
As estátuas de bronze de 20 metros de altura de Kim Il-Sung
 e Kim Jong-Il, inauguradas em abril, revelam o culto extremo
 aos líderes da nação, traço marcante do caráter norte-coreano,
assim como a adulação quase histérica da população a seus militares
A nova Constituição é mais um grau de tensão nas relações entre a Coreia do Norte, seus vizinhos do Sul e o Ocidente. Desde a morte de Kim Jong-il (1942-2011), em dezembro, o diálogo vem se deteriorando. O programa de apoio internacional para segurança alimentar do país, em troca do congelamento dos testes nucleares, assinado em fevereiro, acabou suspenso quando a Coreia do Norte anunciou abruptamente o lançamento de um foguete neste mesmo mês de abril. O lançamento foi considerado pelo governo dos Estados Unidos como um ato de quebra de confiança entre as partes.
Além disso, no começo de junho a agência de inteligência sul-coreana divulgou imagens de satélite que revelam o aumento de atividades na planta nuclear norte-coreana de Musudan-ri, no nordeste do país, alimentando as especulações de novos testes nucleares, o que violaria duas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Os EUA advertiram que, se realizados, os testes demandariam “resposta imediata”. Mas os norte-americanos evitam um conflito armado na península coreana a todo custo. Sabem que a Coreia do Norte pode produzir até nove ogivas nucleares. Seu aparato bélico inclui também 3,5 mil tanques, 1,5 mil aviões e 420 navios. O país conta ainda com o terceiro maior estoque de armas químicas do planeta e, no campo da inteligência cibernética, estaria atrás apenas dos EUA e da Rússia. Gasta com o sistema de defesa nacional cerca de um quarto de todo seu Produto Interno Bruto, estimado em US$ 40 bilhões (2011).
No país comunista mais militarizado e isolado do mundo todas as visitas são rigorosamente monitoradas e a comunicação com o mundo exterior é mantida sob estreita vigilância. Para garantir o procedimento, foram designados três acompanhantes para o nosso grupo. A tarefa deles era servir como guias, mas também manter um olhar vigilante sobre cada passo que dávamos. Fizeram nosso check-in no hotel, mostraram-nos os banheiros, sempre se sentavam em mesas próximas à entrada de restaurantes e nos faziam companhia no bar do hotel até que a última pessoa fosse dormir. Sempre com educação e elegância.
Sabíamos que estrangeiros estavam proibidos de ter qualquer contato com a população local. Também tínhamos ouvido falar de incidentes em que residentes estrangeiros que tinham sido feridos em áreas lotadas, ao cair da escada ou escorregar na rua, por exemplo, acabaram por receber cuidados médicos tardios, pois os norte-coreanos têm receio de se aproximar das vítimas. Ainda assim, não esperávamos uma vigilância tão feroz. Afinal, o idioma em si já era um obstáculo. Desta forma, nosso contato com a população local durante toda a viagem seria restrito principalmente aos três guias.
Entretanto, conforme percorríamos os 24 quilômetros do aeroporto até Pyongyang, fui forçada a reavaliar tudo o que pensava saber sobre a Coreia do Norte. Ao longo das amplas avenidas pontuadas por imponentes edifícios públicos e gramados bem cuidados, em todos os lugares as pessoas nos saudavam com sorrisos. Não parecia ser o país no qual um quarto da população passa fome, de acordo com o Programa Alimentar Mundial (PAM), das Nações Unidas. Longe de terem expressões sombrias, eles pareciam genuinamente felizes. Minha primeira impressão foi a de me sentir em uma terra de faz de conta. Vi pessoas pescando nas águas límpidas do rio Taedong, que corta a capital, crianças brincando perto de fontes majestosas, mulheres em trajes coloridos vendendo flores, estudantes tocando música nas ruas. Tudo evidenciava um clima de alegria para as grandiosas festividades em comemoração ao centenário do “pai da nação”.
Kim jong-un, 29 anos e líder supremo do país desde dezembro do ano passado,
desafia o ocidente ao manter seu programa nuclear
Duas estátuas de bronze gigantescas de 20 metros de altura de Kim Il-sung – o presidente eterno – e Kim Jong-il – o secretário eterno – haviam sido erguidas para a ocasião. À medida que subíamos os degraus para os monumentos, multidões de norte-coreanos depositavam flores aos pés das estátuas com reverência. Deveríamos fazer o mesmo e fomos levados a uma floricultura onde comprei um buquê de kimilsúngias e kimjongílias. Sim, o culto à personalidade na Coreia do Norte chega ao ponto de espécies híbridas de flores serem criadas especialmente para homenagear os líderes.
O ponto alto de nossa visita prometia ser a parada militar na Praça Kim Il-sung, com capacidade para acomodar 100 mil soldados. Para minha decepção, esse espetáculo estava reservado exclusivamente a Kim Jong-un e seus generais. Nós, os turistas, deveríamos assistir a uma versão mais simples de uma parada militar nas ruas da capital. Homens e mulheres usavam suas melhores roupas e, à medida que as colunas de veículos militares desfilavam, as pessoas aplaudiam e gritavam em um frenesi incontrolável até que o último caminhão tivesse passado – quase uma hora depois. Essa parada me deu certa noção da vastidão do exército norte-coreano que, com seu contingente de 1,2 milhão de soldados e uma força-reserva com oito milhões em pessoal, faz do país o mais militarizado do mundo. Ficou clara a adulação da população civil aos militares, vistos como protetores da paz, integridade e segurança do país e força motriz da “revolução”.
Turistas visitam a cabana em Mangyongdae, onde nasceu o “pai da nação”
 Kim il Sung, avenida deserta em pyongyang e estação de metrô
na capital, que faria parte de um complexo de instalações militares
subterrâneas construídas para abrigar a população em caso de guerra
Como a Coreia do Norte vive sob alerta militar constante, exercícios “de guerra” acontecem regularmente na cidade. Ao descer os túneis de 100 metros de profundidade pelas escadas rolantes do metrô, ouvi alto-falantes estrilando canções revolucionárias. Corre a informação de que uma extensa rede de túneis subterrâneos e instalações militares se espalha por baixo da cidade, incluindo bunkers que poderiam abrigar os cidadãos em caso de conflito armado. Em dias normais o metrô oferece transporte regular aos estimados dois milhões de habitantes da capital. Os vagões do metrô são verdadeiras relíquias dos anos 1950, assim como os ônibus que circulam nas ruas. O transporte público, por sinal, é a principal alternativa de mobilidade urbana em Pyongyang, visto que poucos carros trafegam pelas ruas e avenidas da capital. A maioria desses é formada por veículos designados para uso oficial. Mesmo bicicletas são raras e, na prática, a maioria das pessoas circula a pé.
Na Coreia do Norte, é claro, o acesso à Internet é proibido. Os rádios e tevês captam estações estatais pré-sintonizadas e devem ser registrados junto às autoridades. A maior parte das transmissões de notícias é propaganda política e obedece estritamente às orientações determinadas no livro de Kim Jong-il, “Orientação para Jornalistas”, no qual ele exorta os profissionais da imprensa a “terem o presidente em alta estima, adorá-lo e exaltá-lo”. Nosso guia, educado na Suíça assim como o atual líder Kim Jong-un, nos conta que os “grandes” Kim Il-sung e Kim Jong-il já escreveram milhares de livros em todas as áreas – da agricultura à produção cinematográfica, comida e moda. Sou forçada a reprimir um riso quase involuntário.
A adulação aos líderes nacionais parece não ter limites. Um dos lugares mais sagrados para os norte-coreanos é o local do nascimento de Kim Il- sung, no vilarejo de Mangyongdae, perto de Pyongyang. Essa humilde cabana de adobe com telhado de palha está instalada em meio a jardins, e uma multidão de guardas e supervisores assegura que as pessoas mantenham o devido respeito ao local. Inadvertidamente, um integrante do nosso grupo entrou em um dos cômodos e, ato contínuo, nosso guia foi imediatamente chamado à presença do supervisor, que fez uma sucessão de telefonemas a diversas repartições na capital. Fomos informados de que nosso tour poderia ser cancelado devido ao incidente. O desfecho traumático acabou sendo evitado graças a profusos pedidos de desculpas do transgressor, o que me deu a percepção incisiva do culto à personalidade que cerca Kim Il-sung e sua dinastia e a ideia do que acontece por trás da fachada de jardins caprichosamente tratados e pessoas imaculadamente vestidas e alegres. Qualquer transgressão pode levar à punição severa e imediata.
Agricultura primitiva
As ruas que saem da capital do país são incrivelmente largas e totalmente desertas. O transporte é rigidamente controlado pelo Estado e permissões governamentais são necessárias para todas as viagens intermunicipais. Na maioria das vezes éramos as únicas pessoas viajando pelas autoestradas com dez faixas de largura. Ao longo dos trajetos, pude observar como cada pedaço de terra na Coreia do Norte é usado para a agricultura, já que o país tem graves problemas para alimentar sua população, estimada em 24 milhões de pessoas. Também pude constatar a parca tecnologia aplicada na produção agrícola. Em toda a viagem avistei apenas dois tratores. Havia muitas pessoas trabalhando a terra com bois e nosso guia nos contou que os soldados também trabalham como fazendeiros, cuidando dos campos ou construindo barragens.
Todos os braços são necessários em um país notoriamente conhecido por ainda utilizar técnicas agrícolas primitivas. O petróleo continua sendo o calcanhar de aquiles da Coreia do Norte. Como todo o combustível utilizado no país é importado – e sua moeda é fraca para competir no mercado internacional de energia – a Coreia do Norte tem cada vez mais dificuldade para operar seu maquinário e indústrias. É por isso que a empreitada de atrair turistas estrangeiros vem sendo tratada como um meio para resolver o problema da falta de dólares no país, mas a estratégia cobra um preço alto: o medo do governo de perder o controle sobre sua população.
De acordo com o Programa Alimentar Mundial, a Coreia do Norte tem seis milhões de pessoas necessitando de assistência alimentar. Organizações de ajuda internacional relataram um aumento de 50% a 100% no número de crianças mal nutridas (entre abril de 2010 e abril de 2011) e a situação está fadada a piorar, já que todas as doações de alimentos foram suspensas até que o país aceite voltar a negociar para seu progressivo desarmamento nuclear. 
Mas a imagem de uma nação faminta parecia estar em um mundo distante ao descermos o rio Taedong em um barco-restaurante na véspera da nossa partida. Nossos olhos se deleitavam com a visão da praça Kim Il-sung espetacularmente iluminada à noite enquanto degustávamos um banquete à base de carne desfiada, ovos, diversos tipos de bolinhos, saladas e, claro, kimchi – o típico repolho em conserva com tempero picante. Os pratos são todos servidos e comidos simultaneamente na Coreia do Norte, com exceção do arroz, que é comido separadamente, de preferência ao final da refeição. Os coreanos também adoram grelhados – embora esse seja um luxo reservado apenas aos poucos que podem pagar por carne ou peixe frescos.
Como em todas as nossas saídas para jantar fora, nossos três guias ficaram devidamente sentados e mais vigilantes do que nunca, perto da porta. Só se juntaram a nós para comemorar o fim da viagem. Estávamos no restaurante giratório (sim, giratório, oferecendo 360º de paisagem) no 47o andar do nosso hotel de Pyongyang. Todos nós – turistas e guias – compartilhávamos um clima de alegria e comemoração, abrindo algumas garrafas de vinho norte-coreano que, pude notar, tem gosto de xerez. De costume, os norte-coreanos bebem cerveja – quando podem pagar ou ter acesso a ela, pois a bebida normalmente é distribuída apenas por meio de cupons e em ocasiões especiais. Para bebê-la em casamentos e aniversários de morte, por exemplo, é necessária uma autorização de uma repartição local.
Uma visita à Coreia do Norte exige razão e sensibilidade para equilibrar os poucos fatos conhecidos, observações em primeira mão e a propaganda oficial. Ainda que algumas informações vazem por residentes estrangeiros e organizações de ajuda ativas no país, a verdade é que ninguém sabe realmente o que se passa por trás da cortina de ferro. Afinal, vemos somente o que nos é permitido ver. Vamos aonde nos é permitido ir. Ao final da viagem, a misteriosa realidade do cotidiano do país permanecia indecifrável. Até porque nenhum estrangeiro obteve permissão para entrar em qualquer lugar que não tenha sido previamente aprovado pelas autoridades. Talvez a Coreia do Norte continue esquiva por um longo tempo. Esses são meus últimos pensamentos enquanto embarco no velho Tupolev 154 russo operado pela Air Koryo, de volta a Pequim, a única rota de saída da mais isolada nação do planeta. 
(Clique nas fotos para vê-las em tamanho original)

Pedir desculpas? Eu?


                                         Landisvalth Lima
Cícero Dantas - Bahia
Recebi a seguinte postagem de um leitor que pediu para não ser identificado: “Landisvalth, acho que a população de Cicero Dantas merece uma postagem em seu blog pedindo desculpas pelo seu erro sobre o candidato Zelito Ribeiro, o mesmo se encontra deferido. Você tem ideia da quantidade de pessoas que ficaram transtornadas? Os Gaviões merecem respeito. O mínimo que o Sr. pode fazer é um pedido de Desculpas. Obrigado.” Já tive a oportunidade de mandar um e-mail pessoal ao leitor e agora faço de público minhas considerações.
Primeiro, eu não tenho que pedir desculpas a ninguém. O que disse no artigo sobre a impugnação da candidatura de Zelito Ribeiro, reafirmo com todas as letras. Num país sério, Zelito e vários outros ex-prefeitos da nossa região não deveriam se candidatar nem a inspetor de quarteirão. E quem está pensando que eu estou tomando partido é porque não leu as postagens que fiz sobre a administração de Weldon em Cícero Dantas. Eu não sou Gavião, Bem-te-vi, Pardal, Jacu, Galinha, Pulga, Cachorro ou nenhum outro ser denominador desta política provinciana e medieval. Sou um defensor destes seres em convívio harmonioso com o ser humano, mas não como plataforma linguística de nenhum grupo político.
E desta vez vou defender o dr. Antônio Fernando. Na decisão sobre Zelito ele foi corretíssimo. Se o TRE julgou o candidato do PDT pelo viés da Lei da Ficha Limpa, errou feio! O histórico político de Zelito Ribeiro ofende a qualquer lei que obrigue civilidade ao serviço público. A candidatura dele e de vários ex-prefeitos são xingamentos contra o estado democrático de direito. Num país sério, bastam indícios de desvios de recursos para que o elemento seja afastado de qualquer processo eleitoral. Aqui, na nossa Bahia de meu Deus, o TRE está liberando candidatos com contas rejeitadas, com comprovação de desvios de recursos, sempre encontrando uma brechinha nas leis para justificar as decisões. Como vamos acabar com a corrupção assim?
E não me venha o lado adversário pensar que eu estou tomando partido. Cícero Dantas tem sérios problemas com seus políticos. Para ser mais exato, são raros os que merecem o voto que recebem. Vejam o caso de Weldon. O que fez em oito anos de governo? Transformou uma sociedade? Melhorou a educação? Criou novas perspectivas de desenvolvimento? Nada disso! Ficou, como muitos, em busca de recursos federais e estaduais para calçar uma rua ou outra e usar os recursos municipais para os mesmos vícios de sempre: empreguismo, desvios, favorecimento e outros tantos males do serviço público. É só olhar a relação de contratações feitas neste ano de eleição para comprovar o que digo. Agora vá vê se houve melhora no serviço público! Tudo isso por um simples detalhe: em Cícero Dantas, e em todos os municípios de nossa comarca, política é um negócio, um meio de vida.
Vejamos o caso da minha ex-colega de partido, a deputada Fátima Nunes. Qual a utilidade de seu mandato para Cícero Dantas? Qual a justificativa que ela tem para dizer ao povo de ter sacrificado a candidatura de Gilmar, do seu partido e vice-prefeito? Só pode ser para manter o seu mandato como deputada. Foi a única utilidade. Não quero dizer aqui que Gilmar seria um bom prefeito, até porque não se pode dar uma de futurista cartomântico, mas era o único que não tinha o perfil, o ranço de dois grupos políticos que afundam Cícero Dantas há décadas em disputas que jamais colocarão o progresso e o desenvolvimento da cidade como matérias primas básicas.
O leitor afirma que o meu artigo deixou várias pessoas transtornadas. E esta política ordinária e medieval, caro leitor, transtorna Cícero Dantas? Esta cidade já revelou ilustres figuras para o cenário baiano. Tem um povo altamente inteligente, trabalhador e com grandes perspectivas de crescimento. Quando é que este povo vai acordar para o futuro? Até quando vai durar esta política de troca de favores, de compra de votos, de adoração a falsos líderes e de fanatismo a grupos que lembram torcidas organizadas de times de futebol?
Quem tem que pedir desculpas ao povo de Cícero Dantas é Zelito Ribeiro, Fátima Nunes, Weldon, Fernando Andrade e tantos outros políticos que receberam mandatos do povo e não fizeram as transformações necessárias para que a cidade de Cícero Dantas alcançasse o lugar de seu. As migalhas que andam pregando por aí como obras de seus mandatos não são sequer paliativos para o câncer que nos devora: a ignorância, alimentada pela servidão e pelo mandonismo. Pior é saber que estamos jogando fora mais um ano eleitoral na lata do lixo. Sim, porque acredito na democracia como o melhor caminho para evoluirmos, mas, diante das candidaturas postas, acredito que a caminhada será por vias íngremes e tortuosas.

Eleição à venda


A revista ÉPOCA revela o mercado de votos que ainda assola o Brasil
MARCELO ROCHA e HUDSON CORRÊA – da revista ÉPOCA
Na lista das profissões em extinção num Brasil que se moderniza, está o carroceiro. Os poucos que resistem evocam gravuras de Debret (1768-1848), o pintor francês que fez a crônica visual do Brasil Colônia. No tempo de Debret, eles transportavam tonéis de água num Rio de Janeiro onde não havia saneamento básico. No Brasil de hoje, puxam pesadas carroças de lixo reciclável, em troca de vencimentos que raramente chegam ao salário mínimo. Na cidade mineira de Betim, município da Grande Belo Horizonte, um carroceiro ganha em média R$ 600 por mês. Para ele, R$ 280 fazem diferença no orçamento. É essa a quantia que o candidato Carlaile Pedrosa (PSDB) paga a carroceiros em troca de apoio político – como mostra um vídeo obtido com exclusividade por ÉPOCA e que evoca, na era da urna eletrônica, o Brasil do tempo das carroças. As imagens abaixo mostram Carlaile, postulante à cadeira de prefeito de Betim, chegando de carro a um bairro pobre da cidade. Logo depois, uma correligionária dele se encontra com carroceiros. Tira do envelope um maço de dinheiro. Eles ficam felizes. “Só de o pagamento ser em dinheiro já tá bom demais. Da outra vez foi em cheque”, afirma um deles. “Vai ter mais 140 ou é só este?”, diz outro – e é imediatamente informado de que receberá a mesma quantia depois do pleito, caso Carlaile seja eleito. As imagens evocam, tristemente, o folclore do tempo dos coronéis, quando lavradores descalços recebiam o pé direito do sapato antes da eleição, e o pé esquerdo depois, apenas no caso de vitória do candidato.
O Rio de Janeiro de 2012, cidade que se prepara para receber uma Olimpíada e uma final da Copa do Mundo, também tem práticas eleitorais que lembram o Brasil das carroças. Um relatório obtido com exclusividade por ÉPOCA revela como as milícias – brigadas fora da lei que vendem proteção e outros serviços em bairros pobres – cobram pedágio de candidatos que querem fazer campanha em seus “territórios”. De acordo com a apuração comandada pelo procurador da República Maurício da Rocha Ribeiro, chefe do Ministério Público Eleitoral no Estado do Rio de Janeiro, o preço-padrão cobrado de candidatos a prefeito é R$ 10 mil, enquanto os vereadores têm de pagar R$ 4 mil. As milícias se concentram na Zona Oeste da capital carioca e na Baixada Fluminense. As investigações partiram de um relatório do disque-denúncia – que recebeu 126 queixas de irregularidades nas eleições, 25 delas apontando envolvimento de candidatos com milícias e outras 25 com traficantes de drogas. Nas regiões dominadas por esses traficantes, o pedágio é ainda mais caro – pode chegar a R$ 50 mil. A reportagem de capa da edição de ÉPOCA desta semana mostra como funcionam esses currais eleitorais modernos. E aqui em nossa região? Será que as eleições são limpas ou a compra aberta de votos é apenas denuncismo deste blog? Com a palavra o Ministério Público da nossa comarca.

Acidente entre carreta e micro-ônibus mata dez alagoanos


As vítimas voltavam do corte de cana no interior de São Paulo para o município de São José do Tapera, em Alagoas
Da Redação do CORREIO - Fotos: Blog do Marcos Frahm
O estado dos veículos revela a tragédia

O acidente provocou a morte de 10 lagoanos
Dez pessoas morreram em um acidente envolvendo uma carreta e um micro-ônibus na madrugada deste domingo (16), na BR-116, próximo ao município de Irajuba, a 300 quilômetros de Salvador. As vítimas voltavam do corte de cana no interior de São Paulo para o município de São José da Tapera, em Alagoas. O acidente desta madrugada ocorreu a 11 quilômetros do local onde 36 pessoas morreram, a maioria trabalhadores rurais, em uma batida em dezembro de 2011.
Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), os dois veículos bateram de frente em uma curva por volta das 4h. Nove delas morreram no local do acidente, no km-594. O motorista da carreta fugiu após acidente. Ele foi socorrido por um motorista que passava pela rodovia e entrou em contato com a PRF horas depois. Três passageiros foram socorridos por ambulâncias da Via Bahia, concessionária que administra a rodovia. Um deles morreu antes de dar entrada ao Hospital Prado Valadares, em Jequié. Os corpos das vítimas foram levados para o Departamento de Polícia Técnica (DPT).
As vítimas foram identificadas pela PRF como Vanderlei Santos Fernandes, 51 anos, Cícera Marcelino dos Santos Alves, 47, Jeferson Arles Santos Silva, 18, João Joaquim de Moraes, 38, Francisco José da Silva, 25, Clóvis Junio de Oliveira, 23, Keveton dos Santos, 18, Jeanisson Barbosa da Rocha, 20, e José Gomes da Silva, 38 anos. A décima pessoa ainda não foi oficialmente identificada. O provável condutor da carreta é Marcelo Luiz Medeiros, segundo a PRF. Ele não foi encontrado no  local e até o momento não foi localizado pela polícia.
Perto do local, no KM 608,7, um acidente na noite do sábado (15) deixou duas pessoas mortas, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Dois caminhões bateram e o motorista de um e um passageiro de outro morreram. Em um caminhão estavam Miguel Angelo Tartaglia Ferreira, 38 anos, e Clodoaldo Alberto Medeiros, 37 anos. O primeiro ficou ferido e o segundo morreu carbonizado. No segundo caminhão, estava somente o motorista Rafael Ferreira Leite Filho, 40 anos, que também morreu carbonizado.
Acidente com 36 mortes
O acidente aconteceu no km-594, a 11 quilômetros do local onde 36 trabalhadores morreram no dia 3 de dezembro de 2011 em uma batida envolvendo um ônibus, um caminhão e uma carreta. A maior parte das vítimas viajava no ônibus que transportava trabalhadores rurais de Mato Grosso até Pernambuco. Eles retornavam do trabalho nas lavouras de cana-de-açúcar.
Segundo o MPT, os trabalhadores foram recrutados na Central Energética Vicentina Ltda. para trabalhar no corte de cana em Mato Grosso do Sul. O veículo em que eles estavam, segundo informações iniciais, não tinha autorização para fazer esse tipo de transporte. O ônibus colidiu de frente com uma carreta e um caminhão.

Wagner diz que Lula nunca esteve com Valério e defende PT: "Não somos o partido de marginais"


Ele falou também do impacto do julgamento do mensalão nas eleições municipais deste ano
Da Redação do CORREIO

Jaques Wagner
O governador Jaques Wagner declarou neste domingo (16) que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nunca se encontrou com o empresário Marcos Valério, que o acusou de ser o "chefe" do mensalão, segundo a revista "Veja". Wagner está em São Paulo, onde participou de um evento de campanha do candidato do PT à prefeitura da cidade, Fernando Haddad.
"Por acaso, estava ontem com Lula na Bahia e o que eu posso dizer é que eu tenho certeza que ele nunca esteve com Marcos Valério, nem no Planalto, nem na Granja do Torto", disse o governador, citado pelo Uol.
Ele falou também do impacto do julgamento do mensalão nas eleições municipais deste ano. "O grande julgamento do mensalão foi feito na eleição de 2006. O problema é que os adversários querem carimbar o PT como o ‘partido dos marginais’. Seguramente não somos o partido dos santos, como um partido de homens e mulheres, mas também não somos o partido de marginais. Esse assunto recebeu muita pimenta no sentido de reaquecer o processo. Eu, andando na rua, fazendo campanha, não sinto que vá prejudicar (a campanha").
A fala vem depois de reportagem publicada na revista Veja desta semana que diz que o empresário Marcos Valério acusou o ex-presidente Lula de chefiar o mensalão; Valério também disse que o PT usou R$ 350 milhões no esquema, valor maior do que o denunciado pela Procuradoria Geral da República.
Na reportagem, encontros entre o empresário e o ex-presidente no Palácio do Planalto são narrados. "Do Zé ao Lula era só descer a escada. Isso se faz sem marcar. Ele dizia vamos lá embaixo", disse o empresário a amigos, segundo  a matéria.
Valério já foi condenado como operador do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por lavagem de dinheiro, corrupção ativa e peculato. ele ainda aguarda julgamento por evasão de divisas e formação de quadrilha.