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Poucas & Boas nº 110: Onde está a mudança?

O processo de 500 milhões de dólares


Está na revista Veja, no blog do Lauro Jardim. O Tribunal de Justiça da Paraíba decide na terça-feira se um investidor que não resgatou um título de uma quantia equivalente a 15 000 dólares no antigo BMC, em 1985, terá que ser ressarcido em 500 milhões de dólares. O dinheiro ficou intocado no banco durante quinze anos e o valor foi multiplicado porque um enlouquecido perito judicial aplicou um cálculo de juros sobre juros. Na primeira instância, o investidor teve ganho de causa. Se fosse salário de trabalhador não chagaria a mil, quiçá milhões! Eita brasisim danado!

Os segredos da construção do Mané Garrincha em ÉPOCA

A saga da construção do estádio mais caro da Copa do Mundo. O Estádio Mané Garrincha, em Brasília, é um exemplo de como as obras públicas no Brasil são delirantes, demoradas e absurdamente caras.
FLÁVIA TAVARES – da revista ÉPOCA
NÚMEROS
O estádio Mané Garrincha, em Brasília, na semana passada. Ele será inaugurado 
com cinco meses de atraso – e com o dobro do custo previsto no orçamento 
(Foto: Celso Junior/ÉPOCA)
Em ÉPOCA desta semana, duas reportagens abordam nossa cultura de atrasos em obras públicas. Uma relata por que a construção do Estádio Mané Garrincha, em Brasília, é uma das empreitadas mais delirantes já feitas com dinheiro público no Brasil. Outra investiga as principais causas do não cumprimento de prazos nos projetos públicos no país.
Leia abaixo um trecho da reportagem sobre o Estádio Mané Garrincha:  
CAPÍTULO 1
O projeto
Em dezembro de 2006, o arquiteto Eduardo de Castro Mello descobriu pela TV que o Brasil seria candidato à sede da Copa de 2014. “A candidatura do Brasil é legítima e tem o apoio de todas as Federações da América do Sul”, disse Ricardo Teixeira, então presidente da Confederação Brasileira de Futebol, a CBF. “O presidente Lula já deu repetidas vezes prova de que será um agente fundamental para a realização da Copa do Mundo. E a iniciativa privada dará a resposta, que, tenho certeza, será positiva.” O plano inicial de Teixeira, como vendido ao público, desenhava o melhor dos mundos para o Brasil: o país, se escolhido sede da Copa, receberia um dos maiores eventos esportivos do planeta – e não pagaria nada por isso. “Não vai ter dinheiro público”, disse Teixeira.
Dias depois, Castro Mello ligou para o recém-eleito governador do Distrito Federal e companheiro de outras empreitadas, José Roberto Arruda. Eles se conheciam desde a construção do antigo Estádio Mané Garrincha, nos tempos em que Arruda era fiscal da Novacap, a empresa de obras do governo de Brasília. “José Roberto, é hora de retomarmos o projeto do estádio, que está parado no tempo”, disse Castro Mello. O Mané Garrincha nascera da megalomania do regime militar. As obras do “Brasil Grande” do general Emílio Garrastazu Médici, então presidente do país e um apaixonado por futebol, erguiam-se em Brasília também. O Mané Garrincha, um estádio olímpico para 140 mil pessoas, viria a integrar o complexo esportivo Médici, no centro de Brasília, que incluiria ainda um ginásio e um autódromo. Todas obras superlativas, pagas com dinheiro público – e para lá de questionáveis em termos estéticos, financeiros ou urbanísticos. O projeto do estádio coube ao escritório da família de Castro Mello, cujo pai, Ícaro, tinha experiência na construção de estádios em São Paulo. Em 1974, após um ano de obras aceleradas, o estádio foi inaugurado às pressas. Somente uma parte do anel superior ficara pronta. Isso conferia ao estádio um aspecto banguela – daí a observação de Castro Mello de que o Mané estava “parado no tempo”.
Capa de ÉPOCA desta semana, edição 781
(Foto: Montagem sobre foto Shutterstock)
Cabiam no banguela 42 mil pessoas, capacidade mais que suficiente para atender o público de clássicos como Planalto e Jaguar ou do time da gráfica do Senado contra o Coenge, um combinado dos servidores do governo de Brasília. A capital federal sempre viveu o futebol pela TV, torcendo pelos times grandes do Rio de Janeiro e de São Paulo. “Recentemente, Brasília contribuiu para a menor renda mundial verificada num campeonato, quando apenas um torcedor compareceu para assistir a uma partida final de um torneio local (Grêmio Brasiliense 2 x 1 Coenge)”, disse o então presidente da Federação Desportiva de Brasília, Wilson de Andrade, pouco antes da construção do Mané Garrincha. Ele afirmou que havia estádios inacabados na capital e que os poucos times locais não tinham torcedores nem sequer dinheiro para pagar a conta de luz. Esse estado de coisas lastimável não mudaria com o novo estádio. Logo se quebrou a promessa, feita pelo governo de Brasília, de continuar a construção dos demais anéis. Quebrou-se também a promessa, feita pela CBD, antigo nome da CBF, de promover no novo estádio jogos dos grandes times do país. Com os anos, o Mané Garrincha e suas linhas interrompidas tornaram-se apenas um elemento fora do lugar no desenho curvo da paisagem de Brasília.
O tempo voltou a andar para o Mané no começo de janeiro de 2007, quando Arruda recebeu, em seu gabinete no Palácio do Buriti, o arquiteto Castro Mello. Do Buriti, Arruda e Castro Mello avistavam, pela janela, a silhueta do inacabado Mané, a menos de 1 quilômetro. “Apresentei um pré-estudo, e, depois de 20 minutos de reunião, ele anunciou que Brasília seria a sede da Copa, e eu o autor do novo Mané Garrincha”, disse Castro Mello numa tarde de março deste ano, ao lado do filho, Vicente, também arquiteto, terceira geração da família a desenhar o Mané. Eles estavam numa sala de reuniões no pequeno prédio que abriga a administração do novo Mané, rebatizado mais uma vez. (De Estádio Hélio Prates da Silveira, passara a se chamar Mané Garrincha em 1983, logo após a morte do jogador.) Agora, passaria a se chamar Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha. Na antessala, acarpetada de verde-grama do chão ao teto, uma maquete de 4 metros quadrados materializava o projeto do novo estádio. Um vídeo institucional repetia na tela LCD os números grandiosos da obra. Faltava um número especial: R$ 1,5 bilhão – o custo, até aquele momento, do estádio mais caro da Copa (o orçamento inicial era de aproximadamente R$ 697 milhões). “Não interessa se é o mais caro, é o melhor”, disse Castro Mello. Ele assegurava que o novo Mané “colocará Brasília no mapa”. “Tem de quebrar o ovo para fazer a omelete.” Atrás da sala onde perorava, erguia-se, quase pronta, a colossal omelete de 1 quilômetro de diâmetro, cercada por 288 pilares de 36 metros de altura.
Qualquer aspecto do estádio envolve números hiperbólicos. Em sua construção, trabalharam cerca de 6 mil pessoas. Empregaram-se 177.000 metros cúbicos de concreto na obra – mais do que nas Petronas Towers, as torres gêmeas de Kuala Lumpur, na Indonésia, que estão entre os prédios mais altos do mundo. A cobertura é um espetáculo de tecnologia: 9.100 placas captam energia solar para transformá-la em 2,4 megawatts de energia, suficientes para abastecer o estádio e mais 2 mil casas da cidade. Haverá 8.420 vagas de estacionamento, 22 elevadores, 50 rampas e 12 vestiários.
Naquele momento, em março, a omelete já estava bem atrasada. Tudo atrasou na construção do Mané, como atrasou, ressalte-se, nos demais estádios da Copa. A licitação atrasou. O início das obras atrasou. O estádio deveria ficar pronto em dezembro do ano passado. Não ficou. O novo prazo da Fifa encerrava-se em abril. O governador de Brasília, Agnelo Queiroz, marcou a inauguração para o aniversário da capital, em 21 de abril. Parecia um prazo impossível de cumprir. Chove muito em Brasília nesse período. Agnelo desafiou as previsões pessimistas – e perdeu. Seis dias antes do prazo, Agnelo adiou a inauguração para 18 de maio, menos de um mês antes da abertura da Copa das Confederações, quando o Mané receberá o jogo do Brasil contra o Japão. O governo de Brasília argumenta que as obras não estão atrasadas. “Estamos oito meses adiantados”, afirma Cláudio Monteiro, secretário da Copa do Distrito Federal. O calendário de Monteiro é peculiar: estabelece que o estádio só deveria ficar pronto em dezembro, para ser usado na Copa do Mundo.
Portanto, se não houver mais um adiamento, no próximo sábado – quatro décadas após o inesquecível clássico de um só espectador entre Grêmio Brasiliense e Coenge –, o novo Mané, aquele estádio que parara no tempo, será finalmente reaberto. A ocasião é especial: final do Candangão, como é conhecido o campeonato brasiliense de futebol. Em campo, em vez de Grêmio Brasiliense e Coenge, Brasília contra Brasiliense.

Tobias Barreto e mais outros 29 municípios de Sergipe não pagam piso salarial dos professores


Por Eliene Andrade – do portal INFONET
Pode haver uma onda de greves se a Lei não for cumprida
A luta da categoria pelo cumprimento da lei que regulamenta o piso salarial para professores da rede pública de educação básica parece não ter fim. Dados da Confederação Nacional dos Municípios (CNM) revelam que 20% dos prefeitos não pagam o piso. A pesquisa da CNM ouviu 4.773 dos 5.563 prefeitos do país, 85,8% do total. O estudo levantou ainda outro dado, 75% dos municípios que assumiram a administração descobriram o saldo no vermelho. Em Sergipe, atualmente, 34 municípios não reajustaram o piso nos valores de 2011. O novo piso nacional dos professores definido pelo Ministério da Educação (MEC), é de R$ 1.567.
Ângela Melo, do Sintese: a luta é constante.
O Portal Infonet ouviu algumas dessas prefeituras e identificou que os motivos são variados. Em Aracaju, os professores continuam sem receber o reajuste. A presidente do Sindicato dos Profissionais do Ensino do Município de Aracaju (Sindipema), Maria Magna Araújo Santos, informou que a classe não recebeu ainda o reajuste, que ficou acordado para ser pago no mês de abril. “O prefeito João Alves mandou o projeto de reajuste para a Câmara no dia 18, mas até agora nada foi resolvido. A informação que temos é que será pago em folha complementar. Mesmo com o reajuste, os professores da rede municipal estão com o plano de carreira achatado, porque nos anos anteriores o repasse não era integral”, disse Maria Magna.
A assessoria de comunicação da Secretaria de Educação do Município (Semed) informou, no entanto, que o piso será pago através de folha suplementar, quando será recompensada a diferença dos meses de janeiro, março e abril, que deve sair até a próxima sexta-feira (10). No último dia 1º de abril, o prefeito João Alves Filho (DEM) e a secretária municipal de Educação, Márcia Valéria, anunciaram o reajuste dos salários dos professores. O prefeito garantiu o pagamento integral da remuneração no patamar definido pela lei do piso nacional do magistério e prometeu que o mesmo índice terá efeito sobre os demais níveis da carreira do magistério no âmbito de Aracaju.
Tobias Barreto
No município de Tobias Barreto, por exemplo, o piso não foi reajustado, mas a prefeitura garantiu uma reunião com a categoria para negociar o aumento. Os professores, no entanto, alegam que o problema se arrasta desde a mudança de gestão. Ao Portal, o coordenador geral dos diretores das escolas municipais de Tobias Barreto, Franco Ramos, explicou que uma reunião foi adiada na última semana, por conta de uma viagem do prefeito Dilson, mas garantiu que a prefeitura é transparente quanto às contas. Ainda segundo Franco, o Sindicato dos Trabalhadores da Educação Básica da Rede Oficial de Sergipe (Sintese) não teria solicitado uma audiência com os professores.
Em greve
Já em São Cristóvão, os professores estão em greve há mais de 60 dias. A categoria paralisou as atividades no último dia 4 de março. De acordo com Erineto Santos, professor de São Cristóvão e diretor do Departamento de Bases Municipais do SINTESE, a Prefeitura cortou os salários dos professores em mais de 35% da remuneração bruta. “Ela utilizou de um decreto, sem que os vereadores lessem e retroagiu nossos salários. Cortou também a regência de 25% para 1%,  que passou para R$ 12 e R$ 15. Estamos num retrocesso ímpar, pois os salários foram cortados com a desculpa de não ter dinheiro. A lei do piso é federal e ela está descumprido a lei do piso 11.738. Já existe um parecer favorável aos professores, mas ela não cumpriu, que seria o pagamento retroativo 2012”, diz.
Professores de São Cristóvão fazem ato contra corte dos salários
A prefeitura rebate as reclamações dos professores afirmando que “As negociações com o magistério não serão resolvidas até que a municipalidade resolva juridicamente a divergência quanto ao pagamento do piso pago aos professores nos últimos dois anos. Esse piso foi repassado à categoria de forma ilegal, afrontando a lei de responsabilidade fiscal. Houve o pagamento do percentual na integralidade e não se observou a despesa em relação à receita da educação, o que motivou a atual gestão a arguir este ato. Quando forem resolvidas as pendências jurídicas com a categoria, diante do Ministério Público Estadual (MPE), retomaremos as renegociações”, enfatizou o assessor de imprensa da prefeitura, Elton Coelho.
Luta
A presidente do Sintese, Angela Maria de Melo, ressalta que apesar de o piso ser uma lei nacional, os Estados e municípios têm o direito de organizar seus planos de carreira. Ela acredita que a lei não poderia dar margem para interpretações que viabilizam o não pagamento do piso em sua totalidade. Segundo ela, dos 75 municípios de Sergipe, mais de 40 ainda não deram o reajuste aos professores. “Nós temos uma legislação que é a lei do piso, que se dá no mês de janeiro. Para nós, isso deveria ser automático e caberia agora o sindicato discutir as questões de estruturas pedagógicas e segurança. Então, os governos municipais e estaduais deviam projetar a condição à formação continuada do professor para melhorar a condição pedagógica da escola e isso não ocorre. A legislação só nos dá dois caminhos, um deles é a negociação quando a legislação não é aplicada que é o que estamos fazendo. O segundo é a via jurídica, esta a gente só faz quando se esgota o processo de negociação”, concluiu.
Reajuste
No início do mês de janeiro deste ano, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, anunciou o reajuste de 7,97268% do piso salarial de professores do ensino básico da rede pública brasileira, que abrange educação infantil e nível médio. Com o aumento, o piso salarial para os professores passaria de R$ 1.451 para R$ 1.567, conforme determina o artigo 5º da Lei nº 11.738, de 16 de julho de 2008.  O aumento foi concedido com base no percentual de aumento, de 2011 a 2012, do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação).

ISTOÉ revela a Turquia de hoje


A receita turca de progresso. Como um país que preserva valores seculares se transforma em um caso raro de sucesso econômico e exemplo para o mundo em políticas de bem-estar social.
Por Paulo Moreira Leite, de Istambul – da revista ISTOÉ.
MODERNIDADE
A sociedade turca se formou em torno do pequeno
comércio e do pequeno agricultor,
mas hoje a paisagem muda com o surgimento de
shoppings como o Kanyon Mall
Quem examina a Turquia pela paisagem de Istambul, sua maior cidade, recorda que vivemos num mundo onde geografia é destino, enquanto a história é uma permanente construção de homens e mulheres. Único país do planeta que se divide entre a Europa e a Ásia, a Turquia é um monumento à própria grandeza. Durante seis séculos, foi governada por uma dinastia de sultões que vivia em palácios habitados por dois mil servos para todo tipo de trabalho, inclusive dezenas de mulheres residentes em seus haréns. Seu império se espalhou sobre uma área imensa, que incluía a Argélia e a Áustria, passando pelo Egito, pelo Iraque e pela Bulgária,  para chegar à fronteira da Rússia. Noventa anos depois de uma guerra de independência na qual venceu ingleses e franceses, proclamando assim a República, a Turquia assombra o mundo mais uma vez.
Na última década, seu crescimento econômico atingiu a média de  7% anuais ? a previsão para o ano magro de 2013 é de um avanço de 4%. Depois de passarem um quarto de século pedindo ingresso na União Europeia, sendo rejeitados por exigências descabidas e até humilhantes de Bruxelas, os 75 milhões de turcos só têm motivo para ironizar tamanha arrogância: o país, afinal, está a salvo do desastre pós-2008, que aniquilou tantas economias aparentemente saudáveis do Velho Mundo. Com uma renda per capita de US$ 15 mil, quase 20% superior à brasileira, a Turquia não possui miseráveis naquela quantidade em que eles se tornam visíveis em toda parte. Seus índices de criminalidade são baixos e é possível caminhar pelas ruas das grandes cidades com a sensação de segurança típica de países desenvolvidos. Com um pequeno número de famílias no topo da pirâmide social, que alimentam o mercado milionário de iates de luxo e de palacetes às margens do estreito de Bósforo, o país se beneficia de uma prolongada política de bem-estar social.
A qualidade da saúde pública não inspira protestos muito estridentes e a rede pública de ensino atende os mais pobres e também a classe média. O índice de alfabetização é respeitável: apenas 5% da população não sabe ler nem escrever. Mas até ali se registra a notável diferença entre homens e mulheres, muito menos dramática do que em outros países de cultura muçulmana, mas terrível mesmo assim. Entre os homens, só 1,7% pode ser chamado de analfabeto. Entre as mulheres, o índice é quase cinco vezes maior: 8,4%.
Veja reportagem completa clicando aqui.

Pastor preso pregava que mulher possuída pelo demônio se libertaria fazendo sexo com ele


O religioso pode ter estuprado ao menos outras 20 mulheres. Marcos Pereira da Silva foi preso preventivamente, inicialmente investigado por seis estupros. Marcos ainda é investigado por morte de mulher
Agência O Globo - via CORREIO
O pastor libertava suas fiéis com sexo
Pelo menos outras 20 mulheres podem ter sido vítimas de estupros cometidos pelo pastor Marcos Pereira da Silva, da Assembleia de Deus dos Últimos Dias. Marcos foi preso preventivamente na terça-feira à noite, inicialmente investigado por seis estupros.
Mas, de acordo com o delegado Márcio Mendonça, da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), nos 30 depoimentos colhidos durante um ano de investigações dos crimes supostamente cometidos pelo pastor, são citados ainda os nomes dessas 20 mulheres que também teriam sofrido abusos.
O delegado já encaminhou para a Justiça cinco dos seis inquéritos que apuram os crimes, dos quais dois já resultaram em processos com mandados de prisão preventiva contra Marcos. Dentre as vítimas, pelo menos três teriam sido abusadas quando eram menores e uma é a ex-mulher de Marcos, Ana Madureira da Silva, com quem ele foi casado até 1998. O pastor foi encaminhado na manhã desta quarta-feira para o presídio Bangu 2.
“Ele se aproveitava de pessoas pobres que achavam estar precisando de acompanhamento espiritual. Ele se comportava da mesma maneira quando estuprava as mulheres, geralmente dentro da própria igreja, em São João de Meriti. Ele colocava as pessoas numa situação como se elas estivessem erradas. Na realidade quem tinha o problema eram as mulheres que estavam possuídas, endemoniadas. Ele fazia a mulher acreditar que a única forma de se libertar daquele demônio era fazendo sexo com uma pessoa ‘santa’. Uma das vítimas foi abusada dos 14 aos 22 anos. Nos depoimentos são citadas outras 20 mulheres que também sofreram abuso sexual. Existe relato de estupros desde 1998”, disse o delegado.
O apartamento onde Marcos mora, no nome da igreja e avaliado em R$ 8 milhões na Avenida Atlântica, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, também teria sido usado para realização de orgias comandadas por Marcos Pereira. A maior parte das vítimas dos encontros seria fiéis da igreja, chamadas até o local para a realização de cultos, em que Marcos Pereira, com ações violentas, obrigava as mulheres a fazerem sexo com ele e com outros homens da igreja. Também haveria sexo de mulheres com mulheres e homens com homens.
“Já confirmamos o apartamento em Copacabana, na Avenida Atlântica, avaliado em R$8 milhões, em nome da igreja. Há informações de que ele fazia orgias nesse apartamento. Existem relatos de que ele tinha relações com homens, e relações de mulheres com mulheres e homens com homens. Existia uma promiscuidade entre várias pessoas”, afirmou.
Visita a traficante em presídio federal
Segundo Mendonça, Marcos ainda é investigado por associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e homicídio. O delegado diz que há confirmação de que em duas ocasiões o religioso visitou o traficante Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, chefe de uma facção criminosa que controla o tráfico de drogas em favelas do Rio.
Waguinho e Netinho de Paula aparecem ao lado do pastor
“Temos depoimentos de quem premeditou todo o atentado ao Rio de Janeiro tanto em 2006 como em 2010, foi ele. Existem duas visitas comprovadas dele a um traficante em presídio federal, o traficante Marcinho VP. Há depoimentos de pessoas ligadas a ele, de que todos aqueles atos de salvamento de pessoas que seriam mortas por traficantes eram armados, teatros combinados. Pessoas depuseram e disseram que isso tudo era uma farsa”.
Outro crime pelo qual o pastor está sendo investigado é o envolvimento no assassinato de uma mulher. Ela teria sido vítima de uma tentativa de estupro pelo pastor e começou a tentar provar publicamente as orgias que ele comandava. De acordo com o delegado, um dos condenados pelo crime é um sobrinho de Marcos Pereira.
“Após a tentativa de abuso sexual, a menina se revoltou e passou a tentar provar essas orgias. Ela foi assassinada. Três pessoas foram condenadas e uma delas é o sobrinho do pastor Marcos. A mãe da menina prestou depoimento e afirmou que tem certeza absoluta que quem mandou matar a filha dela foi o pastor Marcos. Existem depoimentos que há outros homicídios de outras pessoas que descobriram as orgias e por isso foram assassinadas. Isso está sendo investigado”.
Marcos Pereira foi preso com dois mandados de prisão preventiva na Rodovia Presidente Dutra, em São João de Meriti, Baixada Fluminense, no fim da noite de terça-feira. Agentes do Dcod realizaram a prisão quando o pastor estava em seu carro, um Passat branco, indo para o seu apartamento, na Avenida Atlântica, em Copacabana.
A investigação da participação de Marcos em envolvimento com tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro foi baseada em denúncias do coordenador do Afroreggae, José Júnior. Os mandados foram decretados pelos juízes Richard Fairclough, da 1ª Vara Criminal de São João de Meriti, e Ana Helena Mota Lima, da 2ª Vara Criminal da mesma comarca, na última quinta-feira.
“Há um ano que o pessoal da Dcod tem um inquérito instaurado para apurar associação ao tráfico e incitação ao crime porque o pastor teria ameaçado o presidente do AfroReggae. Essa investigação fez com que diversos fatos fossem revelados. Fatos criminosos que aconteciam naquela igreja”.
Na manhã desta quarta-feira, o pastor foi transferido da Dcod, no bairro do Andaraí, na Zona Norte do Rio, às 8h40m. O pastor foi para o Instituto Médio-Legal (IML), onde fez exame de corpo de delito, e, de lá, seguiu para a penitenciária Bangu 2, no Complexo de Gericinó. Na saída da Dcod, o pastor recebeu mensagens de um grupo de fiéis que passaram a noite fazendo uma vigília em frente à delegacia. “Pastor, estamos do seu lado”, disse uma fiel. O pastor não quis comentar a prisão.
Seguido por fiéis
Na sede da delegacia, o pastor Marcos Pereira não quis falar com a imprensa. Porém, atendendo ao seu chamado, cerca de 30 dos seus seguidores foram até o local, além de seis advogados. Entre os fiéis, estava o ex-cantor de pagode Waguinho, que é missionário da Assembleia de Deus dos Últimos Dias há nove anos. Ao sair da delegacia, Waguinho — que disputou a prefeitura de Nova Iguaçu, nas eleições do ano passado — fez críticas à ação da polícia e às denúncias de José Júnior.
“Ficamos surpresos com a forma em que foi feita a prisão contra uma pessoa que comparece toda vez que é convocada para explicar essas acusações. Foi uma ação, em via pública. São acusações antigas que não há provas. Porém, todos nós aqui sabemos que existe uma guerra pública que foi declarada há cerca de dois anos, pelo José Júnior. O Afroreggae faz as suas ações e gasta milhões. O pastor Marcos Pereira faz o seu trabalho com o amor, sem receber nenhum dinheiro por isso. Quero ver o José Júnior explicar isso”, disse Waguinho, defendendo Marcos Pereira.
“Todos que convivem com o pastor sabem que ele é uma pessoa que só faz o bem. O trabalho dele já tirou oito mil pessoas das drogas. Na história, várias pessoas que fizeram o bem já sofreram esse tipo de injustiça. Quem é do bem conhece quem é do bem”.

Um triplo sequestro desvendado 10 anos depois


Jovem sequestrada em 2003 pede ajuda à polícia americana e põe fim a uma década de cárcere. Outras duas mulheres também foram libertadas
Da redação da revista ÉPOCA

Amanda Berry ficou 10 anos no cativeiro
Segunda-feira, 6 de abril. O número de emergência 911 da polícia americana toca e do outro lado da linha uma voz ofegante apela por socorro: "Ajude-me. Sou Amanda Berry. Fui sequestrada. Estou desaparecida há 10 anos. E estou aqui, livre agora". A ligação marcava o fim da angústia de Amanda e outras duas jovens desaparecidas há uma década nos Estados Unidos. As três foram encontradas com vida em uma casa de Cleveland, no Estado americano de Ohio (nordeste do país), onde eram mantidas em cativeiro.
Para conquistar a liberdade, as jovens contaram com a ajuda de um vizinho e um momento de ausência do sequestrador. Charles Ramsey diz que ouviu gritos e chutes na porta da casa ao lado. Foi até lá. "Posso ajudar? O que está acontecendo?", perguntou. "Fui sequestrada. Estive nesta casa há muito tempo. Quero sair agora", respondeu Amanda. Ramsey ajudou a arrombar a porta para que a jovem saísse do cativeiro. Amanda saiu carregando uma menina de seis anos no colo. Ligou para a polícia da casa do vizinho. "Quando a polícia chegou, ela disse que havia duas outras meninas dentro da casa", disse Ramsey à imprensa local. A criança seria filha de Amanda, agora com 27 anos. Ela teria engravidado do sequestrador. A polícia, entretanto, ainda não revelou a identidade da menina.
Charles Ramsey, vizinho que ajudou a libertar três mulheres sequestradas em Cleveland, EUA
(Foto: The Plain Dealer, Scott Shaw/AP)
Amanda Berry foi vista pela última vez em 2003, aos 16 anos, quando voltava do trabalho. Gina de Jesus desapareceu, em 2004, aos 14, no caminho de volta da escola. Michelle Knight tinha 19 anos quando foi sequestrada em 2002. Desde então, começou uma investigação atrás do paradeiro das adolescentes. A polícia de Cleveland admitiu que nos últimos anos atendeu dois chamados na casa utilizada como cativeiro, em 2000 e 2004, mas nunca houve suspeitas de que as três jovens eram mantidas no local.
Três homens foram presos, entre eles um motorista de ônibus escolar, Ariel Castro, de 52 anos, principal suspeito de planejar os sequestros e submeter as jovens a cárcere privado. Dois irmãos de Castro, Oneil, de 50, e Pedro, de 54 anos, também foram detidos suspeitos de envolvimento com o caso. A polícia diz que as mulheres estão bem de saúde, apesar de terem sido levadas a um hospital. De acordo com o chefe da polícia de Cleveland, Michael McGrath, foi graças às "corajosas ações" de Amanda que as três jovens sobreviveram. "O pesadelo acabou", disse Stephen D. Anthony, agente especial encarregado da divisão de Cleveland do FBI.

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