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Poucas & Boas nº 110: Onde está a mudança?

Professora da UNIT foi moradora de rua

Paulo Rolemberg – do UOL em Aracaju
Em Sergipe, ex-moradora de rua se torna professora universitária
Marta Barreto - ex-moradora de rua e hoje lecionando na UNIT - Marcelo Freitas/ASSCOM/UNIT
Primeiro dia de aula em uma turma do curso de psicologia da Universidade Tiradentes em Aracaju (SE), uma professora se apresenta e começa a contar uma história para os alunos sobre uma criança que morava na rua. Quase todos na sala se emocionam e ela finaliza com "a menina da história sou eu". O relato ouvido por esses alunos na última terça-feira (20) foi feito pela professora Marta Barreto de Souza, 44, ex-moradora de rua que aos dois anos de idade foi encontrada por um jovem enquanto mendigava. Hoje, formada em serviço social e psicologia, leciona em três cursos universitários e está concluindo um mestrado em educação. A vida de Marta começou a mudar quando foi encontrada por Miguel José de Souza. O jovem de 17 anos foi fazer compras ano mercado municipal de Aracaju quando presenciou uma cena chocante. Uma senhora sentada, aparentemente dormindo, tinha um recém-nascido ao lado e uma criança, com aproximadamente dois anos e meio, brincando na lama. "Eu brincava na lama, mas ele não conseguia entender porque essa criança continuava rindo o tempo todo e isso chamou a atenção dele, como ele mesmo me contou depois", lembra a professora. Miguel se aproximou e perguntou se a menina estava com fome e comprou para ela um picolé. Após um período de conversa com a criança,  o jovem se deu conta que a mulher estava morta. Uma outra mulher ao perceber algo estranho se aproximou e disse para Miguel: "se você levar a menina eu levo o menino (recém-nascido)", teria dito. A partir deste momento, a professora nunca mais viu seu irmão ou irmã. Decidido a salvar a vida da criança, Miguel levou a menina para casa. Mas quando precisou servir no Exército, sua mãe, que já criava nove filhos, deixou a menina com uma vizinha. O tempo na nova moradia foi curto, a vizinha perdeu o marido e resolveu voltar para o Rio de Janeiro e deixou Marta em um orfanato.
'Não via nada como barreira'
Enquanto morava no orfanato, Marta fez curso técnico de enfermagem, que a ajudou a conseguir um emprego que custeou a primeira formação de nível superior. "Trabalhava e custeava a faculdade de Serviço Social", lembra. Marta não parou mais, em seguida fez duas especializações e depois fez o curso de psicologia e está concluindo o mestrado em educação. "Eu não via nada como barreira. Você não pode se tratar como coitadinha (por morar em um orfanato). Eu via isso como uma possibilidade de crescimento. Eu tive muita dificuldade dentro da universidade. A minha superação era de que eu precisava está, no mínimo, dentro da média. Eu estava aquém da média então comecei a devorar os livros", destacou. Do orfanato, a professora carrega com ela o sentimento de igualdade e o ensinamento que todos tem que fazer parte de suas próprias mudanças.
Reencontro com Miguel
Ao longo de oito anos, Miguel deixou o Exército, mas teria perdido o contato com a criança que ele ajudou.  "A informação passada pela mãe dele é que a vizinha teria me levado para o Rio de Janeiro. Nunca dizia onde realmente eu estava", ressaltou a professora. Determinado, a encontrar sua "filha", Miguel conseguiu reencontrá-la oito anos depois quando a mesma tinha 12 anos, porém a receptividade não foi a que ele esperava. "Conversou comigo e acabei rejeitando ele inicialmente, porque até então não lembrava dele", disse a professora. O rapaz foi embora e um novo reencontro aconteceu há cerca de oito anos. Para surpresa dela, no primeiro dia das crianças que passaram juntos, Miguel lhe entregou a nova certidão de nascimento, na qual constava como pai Miguel José de Souza. Além disso "ganhou" mais quatro irmãos.
O passado e futuro 
Marta disse que gostaria de saber qual o destino que levou seu irmão ou irmã, que até já tentou descobrir sem êxito. Em alguns lampejos da memória, a professora diz recordar apenas que "colocavam moedas em minhas mãos e eu achava engraçado. São lembranças muito vagas. Não sei de onde realmente eu vim. As melhores lembranças que eu tenho é do orfanato", disse ela. Há três anos Marta aguarda na lista de espera para adotar uma criança e como se tornou uma rotina na vida dela, um sonho não tão distante buscar um doutorado. "A vida é difícil para qualquer pessoa. Fui forte e tentei sempre sem desistir", encerrou a conversa, com o sorriso no rosto.  

ISTOÉ revela todos os homens do propinoduto tucano

Quem são e como operam as autoridades ligadas aos tucanos investigadas pela participação no esquema que trafegou por governos do PSDB em São Paulo
Alan Rodrigues, Pedro Marcondes de Moura e Sérgio Pardellas – da revista ISTOÉ
Na última semana, as investigações do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e do Ministério Público mostraram a abrangência nacional do cartel na área de transporte sobre trilhos. A tramoia, concluíram as apurações, reproduziu em diversas regiões do País a sistemática observada em São Paulo, de conluio nas licitações, combinação de preços superfaturados e subcontratação de empresas derrotadas. As fraudes que atravessaram incólumes 20 anos de governos do PSDB em São Paulo carregam, no entanto, peculiaridades que as diferem substancialmente das demais que estão sendo investigadas pelas autoridades. O esquema paulista distingue-se pelo pioneirismo (começou a funcionar em 1998, em meio ao governo do tucano Mário Covas), duração, tamanho e valores envolvidos – quase meio bilhão de reais drenados durante as administrações tucanas. Porém, ainda mais importante, o escândalo do Metrô em São Paulo já tem identificada a participação de agentes públicos ligados ao partido instalado no poder. Em troca do aval para deixar as falcatruas correrem soltas e multiplicarem os lucros do cartel, quadros importantes do PSDB levaram propina e azeitaram um propinoduto que desviou recursos públicos para alimentar campanhas eleitorais.
Ao contrário do que afirmaram o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-governador José Serra na quinta-feira 15, servidores de primeiro e segundo escalões da administração paulista envolvidos no escândalo são ligados aos principais líderes tucanos no Estado. Isso já está claro nas investigações. Usando a velha e surrada tática política de despiste, Serra e FHC afirmaram que o esquema não contou com a participação de servidores do Estado nem beneficiou governos comandados pelo PSDB. Não é o que mostram as apurações do Ministério Público e do Cade. Pelo menos cinco autoridades envolvidas na engrenagem criminosa, hoje sob investigação por terem firmado contratos irregulares ou intermediado o recebimento de suborno, atuaram sob o comando de dois homens de confiança de José Serra e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin: seus secretários de Transportes Metropolitanos. José Luiz Portella, secretário de Serra, e Jurandir Fernandes, secretário de Alckmin, chefiaram de perto e coordenaram as atividades dos altos executivos enrolados na investigação. O grupo é composto pelos técnicos Décio Tambelli, ex-diretor de operação do Metrô e atualmente coordenador da Comissão de Monitoramento das Concessões e Permissões da Secretaria de Transportes Metropolitanos, José Luiz Lavorente, diretor de Operação e Manutenção da CPTM, Ademir Venâncio, ex- diretor de engenharia da estatal de trens, e os ex-presidentes do metrô e da CPTM, José Jorge Fagali e Sérgio Avelleda.
Segundo documentos em poder do CADE e Ministério Público, estes cinco personagens, afamados como bons quadros tucanos, se valeram de seus cargos nas estatais paulistas para atender, ao mesmo tempo, aos interesses das empresas do cartel na área de transporte sobre trilhos e às conveniências políticas de seus chefes. Em troca de benefícios para si ou para os governos tucanos, forneciam informações privilegiadas, direcionavam licitações ou faziam vista grossa para prejuízos milionários ao erário paulista em contratos superfaturados firmados pelo metrô. As investigações mostram que estes técnicos do Metrô e da CPTM transitaram pelos governos de Serra e Alckmin operando em maior ou menor grau, mas sempre a favor do esquema.
Um dos destaques do quinteto é José Luiz Lavorente, diretor de Operação e Manutenção da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Em um documento analisado pelo CADE, datado de 2008, Lavorente é descrito como o encarregado de receber em mãos a propina das empresas do cartel e distribuí-las aos políticos do PSDB e partidos aliados. O diretor da CPTM é pessoa da estrita confiança de Alckmin. Foi o governador de São Paulo que o promoveu ao cargo de direção na estatal de trens, em 2003. Durante o governo Serra (2007-2008), Lavorente deixou a CPTM, mas permaneceu em cargos de comando da estrutura administrativa do governo como cota de Alckmin. Com o regresso de Alckmin ao Palácio dos Bandeirantes, em 2011, Lavorente reassume o posto de direção na CPTM. Além de ser apontado como o distribuidor da propina aos políticos, Lavorente responde uma ação movida pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) que aponta superfaturamento e desrespeito à lei de licitações. O processo refere-se a um acordo fechado por meio de um aditivo, em 2005, que possibilitou a compra de 12 trens a mais do que os 30 licitados, em 1995 e só seria valido até 2000.
O ex-diretor de Operação do Metrô e atualmente coordenador da Comissão de Monitoramento das Concessões e Permissões da secretaria de Transportes Metropolitanos, Décio Tambelli, é outro personagem bastante ativo no esquema paulista. Segundo depoimentos feitos por ex-funcionários da Siemens ao Ministério Público de São Paulo, Tambelli está na lista dos servidores que receberam propina das companhias que firmaram contratos superfaturados com o metrô e a CPTM. Tambelli é muito próximo do secretário de Transportes, Jurandir Fernandes. Foi Fernandes que o alçou ao cargo que ocupa atualmente na administração tucana. Cabe a Tambelli, apesar de estar na mira das investigações, acompanhar e fiscalizar o andamento da linha quatro do metrô paulista, a primeira obra do setor realizada em formato de parceria público-privada. Emails obtidos por ISTOÉ mostram que, desde 2006, Tambelli já agia para defender e intermediar os interesses das empresas integrantes do cartel. Na correspondência eletrônica, em que Tambelli é mencionado, executivos da Siemens narram os acertos entre as companhias do cartel no Distrito Federal e sugerem que o acordo lá na capital seria atrelado “à subcontratação da Siemens nos lotes 1+2 da linha 4” em São Paulo. “O Ramos (funcionário do conglomerado francês Alstom) andou dizendo ao Décio Tambelli do metrô SP, que não pode mais subcontratar a Siemens depois do caso Taulois/Ben-hur (episódio em que a Siemens tirou técnicos da Alstom para se beneficiar na pontuação técnica e vencer a licitação de manutenção do metrô de Brasília)”, dizia o e-mail trocado entre os funcionários da Siemens.
Outro homem do propinoduto tucano que goza da confiança de Jurandir Fernandes e de Alckmin é Sérgio Avelleda. Ele foi nomeado presidente do Metrô em 2011, mas seu mandato durou menos de um ano e meio. Avelleda foi afastado após a Justiça atender acusação do Ministério Público de improbidade administrativa. Ele era suspeito de colaborar em uma fraude na concorrência da Linha 5 do Metrô, ao não suspender os contratos e aditamentos da concorrência suspeita de formação de cartel. “Sua permanência no cargo, neste atual momento, apenas iria demonstrar a conivência do Poder Judiciário com as ilegalidades praticadas por administradores que não respeitam as leis, a moral e os demais princípios que devem nortear a atuação de todo agente público”, decretou a juíza Simone Gomes Casorretti, ao determinar sua demissão. Após a saída, Avelleda obteve uma liminar para ser reconduzido ao cargo e pediu demissão. Hoje é consultor na área de transporte sobre trilhos e presta serviços para empresas interessadas em fazer negócios com o governo estadual.
De acordo com as investigações, quem também ocupou papel estratégico no esquema foi Ademir Venâncio, ex-diretor da CPTM. Enquanto trabalhou na estatal, Venâncio cultivou o hábito de se reunir em casas noturnas de São Paulo com os executivos das companhias do cartel para fornecer informações internas e acertar como elas iriam participar de contratos com as empresas públicas. Ao deixar a CPTM, em meados dos anos 2000, ele resolveu investir na carreira de empresário no setor de engenharia. Mas nunca se afastou muito dos governos do PSDB de São Paulo. A Focco Engenharia, uma das empresas em que Venâncio mantém participação, amealhou, em consórcios, pelo menos 17 consultorias orçadas em R$ 131 milhões com as estatais paulistas para fiscalizar parcerias público-privadas e andamento de contratos do governo de Geraldo Alckmin. Outra companhia em nome de Venâncio que também mantém contratos com o governo de São Paulo, o Consórcio Supervisor EPBF, causa estranheza aos investigadores por possuir capital social de apenas R$ 0,01. O Ministério Público suspeita que a contratação das empresas de Venâncio pela administração tucana seja apenas uma cortina de fumaça para garantir vista grossa na execução dos serviços prestados por empresas do cartel. As mesmas que Venâncio mantinha relação quando era servidor público.
A importância da secretaria Transportes Metropolitanos e suas estatais subordinadas, Metrô e CPTM, para o esquema fica evidente quando se observa a lógica das mudanças de suas diretorias nas transições entre as gestões de Serra e Alckmin. Ao assumir o governo em 2007, José Serra fez questão de remover os aliados de Alckmin e colocar pessoas ligadas ao seu grupo político. Um movimento que seria revertido com a volta de Alckmin em 2011. Apesar dessa dança de cadeiras, todos os integrantes do esquema permaneceram em postos importantes das duas administrações tucanas. Quem sempre operou essas movimentações e trocas de cargos, de modo a assegurar a continuidade do funcionamento do cartel, foram os secretários de Transportes Metropolitanos de Serra e Alckmin, José Luiz Portella e Jurandir Fernandes.
Homem forte do governador Geraldo Alckmin, Fernandes começou sua trajetória política no PT de Campinas, interior de São Paulo. Chegou a ocupar o cargo de secretário municipal dos Transportes na gestão petista, mas acabou expulso do partido em 1993 e ingressou no PSDB. Por transitar com desenvoltura pelo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Jurandir foi guindado a diretor do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) em 2000. No ano seguinte, aproximou-se do então governador Alckmin, quando assumiu pela primeira vez o cargo de secretário estadual de Transportes Metropolitanos. Neste primeiro período à frente da pasta, tanto a CPTM quanto o Metrô firmaram contratos superfaturados com empresas do cartel. Quando Serra assume o governo paulista em 2007, Jurandir é transferido para a presidência da Emplasa (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano), responsável pela formulação de políticas públicas para a região metropolitana de São Paulo. Com o retorno de Alckmin ao governo estadual em 2011, Jurandir Fernandes também volta ao comando da disputada pasta. Nos últimos dias, o secretário de Transportes tem se esforçado para se desvincular dos personagens investigados no esquema do propinoduto. Fotos obtidas por ISTOÉ, no entanto, mostram Jurandir Fernandes em companhia de Lavorente e de lobistas do cartel durante encontro nas instalações da MGE Transporte em Hortolândia, interior de São Paulo. Um dos fotografados com Fernandes é Arthur Teixeira que, segundo a investigação, integra o esquema de lavagem do dinheiro da propina. Teixeira, que acompanhou a solenidade do lado do secretário Fernandes, nunca produziu um parafuso de trem, mas é o responsável pela abertura de offshores no Uruguai usadas pelo esquema. Outro companheiro de solenidades flagrado com Fernandes é Ronaldo Moriyama ex-diretor da MGE, empresa que servia de intermediária para o pagamento das comissões às autoridades e políticos. Moriyama é conhecido no mercado ferroviário por sua agressividade ao subornar diretores do Metrô e CPTM, segundo depoimentos obtidos pelo Ministério Público. 
No governo Serra, quem exercia papel político idêntico ao de Jurandir Fernandes no governo Alckmin era o então secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella. Serrista de primeira hora, ele ingressou na vida pública como secretário na gestão Mário Covas. Portelinha, como é conhecido dentro do partido, é citado em uma série de e-mails trocados por executivos da Siemens. Num deles, Portella, assim como Serra, sugeriram ao conglomerado alemão Siemens que se associasse com a espanhola CAF em uma licitação para compra de 40 novos trens. O encontro teria ocorrido em um congresso internacional sobre ferrovias realizado, em 2008, na cidade de Amsterdã, capital da Holanda. Os dois temiam que eventuais disputas judiciais entre as companhias atrasassem o cronograma do projeto. Apesar de o negócio não ter se concretizado nestas condições, chama atenção que o secretário sugerisse uma prática que resulta, na maioria das vezes, em prejuízos aos cofres públicos e que já ocorria em outros contratos vencidos pelas empresas do cartel. Quem assinava os contratos do Metrô durante a gestão de Portella era José Jorge Fagali, então presidente do órgão. Ex-gerente de controle da estatal, ele teve de conviver com questionamentos sobre o fato de o seu irmão ser acusado de ter recebido cerca de US$ 10 milhões da empresa francesa Alstom. A companhia, hoje envolvida nas investigações do cartel, é uma das principais vencedoras de contratos e licitações da empresa pública.

Projeto do concurso de Heliópolis é melhorado

Prefeito manda projeto com alterações e Câmara aprova a Urgência.

Câmara recebeu o Projeto de Lei que trata do concurso e aprovou urgência
O projeto de Lei nº 012/2013 do Poder Executivo Municipal de Heliópolis foi enviado nesta segunda-feira à Câmara Municipal de Heliópolis. O documento trata da criação de novos cargos e acrescenta vagas aos já existentes, com o intuito da realização de Concurso Público. O projeto ainda não é um primor, mas houve significativas mudanças depois das contribuições dadas pelo Ministério Público e pela Câmara Municipal de Heliópolis e, por isso, na mesma Sessão ordinária desta manhã, a vereadora Ana Dalva colocou a Urgência Urgentíssima em discussão e votação. O Líder da oposição, José Mendonça Dantas, pediu mais tempo e foi pela negação da urgência. Entretanto, a vereador Ana Dalva salientou que todas as mudanças solicitadas foram feitas e que a urgência era pertinente. Sem acordo, foi colocada em votação e deu empate em 3 a 3, porque faltou um vereador da bancada do prefeito, o vereador Raimundo Sabiá – foi atender uma emergência de saúde – e o vereador da oposição – Claudivan Alves – resolveu se abster. Ficou então com Ana Dalva o voto de minerva e ela bateu o martelo pela Urgência Urgentíssima. Entretanto, sabedora de que os vereadores não tiveram tempo para analisar com calma toda a lei modificada, Ana Dalva colocou o projeto na pauta da reunião da semana que vem, para que os vereadores possam ter ciência do pleno conteúdo.
Neste novo projeto, foram criados 10 níveis de salários, sendo o Nível I remunerado a R$ 678,00 até o nível X a R$3.505,26. Para o cargo de Professor Nível I, o requisito mínimo é de Nível Médio – Modalidade Normal, mas qualquer profissional da área de ensino que tenha nível superior poderá se inscrever. A criação de vagas por disciplina não foi possível porque não há amparo no Plano de Cargos e Salários dos Profissionais do Magistério. A Lei precisa ser reformulada, mas parece que não há boa vontade para isso. A notícia boa é que as vagas aumentaram para 50. De qualquer forma, quem for aprovado solicitará a cadeira da sua respectiva disciplina, a partir do privilégio da colocação no concurso. A grande melhora aconteceu com os salários dos médicos, que ficou no Nível X. Os cargos e as vagas do Concurso Público serão:

Cargo
Vagas
Carga horária
Salário
Agente de Endemias
11
40
R$ 694,95
Assistente Social
02
20
R$ 1.559,40
Motorista CNH D
05
40
R$ 800,04
Professor Nível I
50
25
R$ 979,38
Assist. Administrativo
05
40
R$ 694,95
Aux. de Serv. Gerais
20
40
R$ 678,00
Mecânico
01
40
R$ 678,00
Téc. Enfermagem
02
40
R$ 711,90
Enfermeiro
02
40
R$ 1.803,48
Engenheiro Civil
01
20
R$ 1.803,48
Farmacêutico
01
                20
R$ 1.559,40
Fisioterapeuta
01
                20
R$ 1.559,40
Nutricionista
01
                20
R$ 1.559,40
Psicólogo
01
                20
R$ 1.559,40
Psiquiatra
01
                20
R$ 2.000,10
Tec. Laboratório
01
40
R$ 711,90
Aux. Saúde Bucal
01
40
R$ 711,90
Odontólogo
01
20
R$ 1.559,40
Médico Pediatra
01
20
R$ 3.505,26
Médico Ginecologista
01
20
R$ 3.505,26
Médico
03
20
R$ 3.505,26
Operador de Retro
01
40
R$ 901,74
Op. Motoniveladora
01
40
R$ 1.003,44
Total
114



Vale salientar que para muitos cargos o número de vagas pode até dobrar. No caso dos professores, se houver realmente vontade para melhorar a educação, serão chamados pelo menos 80 profissionais. Fato é que o projeto está bem melhor. Isto porque os administradores resolveram baixar a bola e dialogar. Também merece crédito o trabalho dos vereadores, notadamente a presidência da Câmara e os vereadores da oposição que, neste caso, tiveram uma atuação até aqui irretocável. A determinação da vereadora Ana Dalva foi preponderante. Principalmente, deve-se elogiar, e aqui se fazem por merecido, o prefeito Ildinho e seus auxiliares. Não que o projeto esteja no ponto que se deseja, mas houve substancial melhora. Pena que diálogos como este, entre a Câmara de Vereadores e o Executivo, deveriam acontecer com mais frequência. Perdemos um grande tempo.

Marina critica manifestações violentas e destruição de bens

                RANIER BRAGON – da Folha de São Paulo
Marina Silva (#REDE) deu entrevista à Folha no gabinete do senador Pedro Simon (PMDB)
Maior beneficiária do abalo que as manifestações de rua causaram no mundo político, a ex-senadora Marina Silva, 55, diz que os protestos que recorrem à violência "extrapolam" os limites da desobediência civil aceitável. Tendo saltado de 16% para 26% das intenções de voto, ela diz que foi um "erro em todos os aspectos" a presença de um membro da Rede na depredação do Itamaraty. "No Estado Democrático de Direito existem regras." Ela também diz acreditar que o apoio popular ao nome de Joaquim Barbosa à Presidência representa mais um desejo de justiça que uma real aspiração de que o relator do mensalão comande o país: "Desejos por messias não são bons em hipótese alguma".
Folha - A sra. dizer que não é candidata não contradiz seu discurso de autenticidade?
Marina Silva - Mas eu não estou dizendo que não sou. Digo que não estou no lugar de candidata, que a candidatura é uma possibilidade.
Caso a Rede não seja criada a tempo, o nome Marina Silva estará na urna em 2014?
Não quero falar por hipótese. Estamos focados na Rede.
Vocês estudam impor limites a doações, têm pouco tempo na TV e palanques fracos nos Estados. Campanha desse jeito não é muito "sonhatismo"?
Não sei o que você chama de "sonhatismo". Gostaria de saber o que seria muito realismo? É aceitar o que está aí como uma fatalidade e que não existe saída?
A sra. vê Joaquim Barbosa como um candidato viável?
O que a sociedade está sinalizando com certeza é que tem um desejo imenso de que a justiça seja feita, que a impunidade deixe de ser uma realidade no nosso país.
Não como candidato salvador da pátria, um messias...
Desejos por messias, eles não são bons em hipótese alguma, não existem salvadores da pátria, existem homens e mulheres que se dispõem a construir a pátria.
A sra. apoia atos que resultam em depredações e confrontos?
Eu tive um momento muito importante na minha vida na década de 80 quando fizemos os movimentos contra os desmatamentos na Amazônia. Havia um grupo que achava que éramos tão indefesos que tínhamos de enfrentar os jagunços na mesma moeda. Na época eu vi serem assassinados [os ambientalistas] Wilson Pinheiro, Chico Mendes e João Eduardo. Minha opção sempre foi de fazer movimentos pacíficos. Atos de desobediência civil podem ser feitos de forma pacífica, sem desrespeitar direitos fundamentais--por exemplo, agressão às pessoas, ao patrimônio.
Como as autoridades devem lidar com essas situações?
No Estado Democrático de Direito existem regras a ser observadas. O Estado está ali para assegurar inclusive os direitos dos manifestantes de se manifestarem, mas também para proteger o patrimônio das pessoas e o patrimônio público.
A sra. acha que aquele integrante da Executiva da Rede errou no ato do Itamaraty?
Ele próprio reconhece que errou. Sei que ele errou em todos os aspectos, até porque no meu entendimento não é com uma atitude violenta que se vai resolver os problemas.
Qual é a impressão que a sra. tem de movimentos como a Mídia Ninja e Fora do Eixo?
Eles estão vivendo agora uma série de críticas. Não tive tempo de aprofundar essas críticas. O que merece reparação deve ser reparado. Se tem que algo a ser investigado, tem de ser investigado.
Petistas dizem que a sra. perderá apoio por causa das suas posições conservadoras.
Se você fizer uma pesquisa da forma como a ministra Dilma e o governador Serra se portaram nas eleições do segundo turno de 2010, acho que dificilmente conseguiríamos algo mais conservador do que aquele tipo de postura. A diferença é que eu procuro dizer exatamente aquilo que penso.
A sra. diz que manteve nos últimos anos uma agenda socioambiental. Acha que até a eleição é possível complementar esse perfil?
Mas quem foi que disse que defender meio ambiente não é tratar de economia, que falar de desenvolvimento sustentável não é falar de infraestrutura, de educação, de ciência, de tecnologia, de agricultura?
A aparência não é essa: o Datafolha mostra que a sra. é vista pela população como uma das menos preparadas para administrar a economia.
A população tem direito de saber mais das pessoas que ela não conhece. Imagino que o sociólogo FHC e o operário Lula também tenham suscitado algumas dúvidas.
Ao se aproximar de André Lara Resende, a sra. não teme ser associada ao governo FHC?
Se Lula fosse se preocupar em ter ouvido uma série de pessoas que já deram contribuição em vários governos, ele não seria hoje o grande admirador do Delfim [Netto] que ele é.
Autonomia do BC para a senhora é "clausula pétrea"?
Autonomia do BC é necessária, fundamental. Eu não acho que devemos é entrar no caminho da institucionalização dessa autonomia.
Mexeria na Previdência?
O Brasil precisa encarar as grandes reformas: política, da Previdência, tributária.
Trabalhista? 
É algo a ser pensado.