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Poucas & Boas nº 110: Onde está a mudança?

A queda do primeiro predador

                         Landisvalth Lima
Inicialmente cheguei a pensar que se tratava de mais uma armação para acalmar os ânimos dos descontentes com a administração do Ildefonso Andrade Fonseca. Depois, animado pelas prisões de petistas corruptos, e após alguns telefonemas decisivos, fiquei convencido de que o primeiro predador caiu. Roberto da Farmácia foi afastado da administração da Prefeitura Municipal de Heliópolis.
A metáfora que uso do predador não é nada pessoal. Predador é aquele que mata para comer, que vive o tempo todo criando armadilhas para aprisionar suas vítimas e satisfazer suas vontades. Roberto da Farmácia é o típico político predador. É lamentável dizer isso, mas não é o único da nossa cidade. Durante a campanha do ano passado, chegou a dizer em alto e bom som:” Quem não compra voto não ganha eleição”. O predador vê a eleição como um negócio e ele não está nem aí para questões relacionadas à ética, moral, honra, família, educação etc. O predador quer apenas encher sua pança e o resto que se dane. Fátima se livrou de um grande problema. Heliópolis não teve a mesma sorte.
Mas qual era o cargo de Roberto da Farmácia na prefeitura? Nenhum, oficialmente. Mas, de fato, era o prefeito, o não eleito. Ele foi o que Ildinho era para ser, e tomara que quando o for não seja também um predador. Só para entendermos, a Contabilidade da prefeitura é indicação de Roberto da Farmácia. Também o setor Jurídico, os pagamentos etc. Enquanto Beto Fonseca se divertia tentando emendas estaduais e federais, o predador se esbaldava nas verbas orçamentárias garantidas. Ele chegou ao ponto de ordenar o retorno ao trabalho de uma funcionária contratada demitida pelo próprio Ildinho.
Não precisamos dizer que Roberto da Farmácia tem nas mãos a cassação do mandato de Ildinho. Não seria surpresa se, a uma altura destas, ele tivesse farto material comprometedor. Nos bastidores, além do relato de impropérios da discussão entre Beto Fonseca e Roberto da Farmácia, há o registro de ameaças do tipo: “Você não será atingido, não. Seu pai é quem vai pagar. Você irá é para a praia no fim de semana!”. No bate bocas, sempre uma ameaça velada: “Vou me afastar, mas quero o meu!”. O vazamento de toda a discussão, que já não é mais segredo em toda a cidade, prova que o predador ainda não está satisfeito.
E o que muda com tudo isso? Qual o benefício que Heliópolis terá, se é que poderá haver algum benefício? Para Gama Neves, o vice-prefeito, isto é só um briga de família. Ele acha que eles vão se entender. Gama não quer se meter no rolo. Ele até quis ajudar no início, mas não quiseram ouvi-lo. A vereadora Ana Dalva acha que tudo ainda vai piorar um pouco mais e só uma ampla reunião com todos os apoiadores, sem Roberto da Farmácia, para lavar a roupa suja e afastar os problemas. “Venho pedindo isso há um ano, mas ninguém me ouve.” Outras lideranças concordam com Gama e com Ana Dalva, mas mantém o silêncio. Não querem desagradar ao chefe. Vassalagem política.
Para que o governo Ildinho Fonseca faça Heliópolis voltar a sorrir, será preciso afastar os outros predadores, com e sem cargos. Estamos em uma nova era. O Brasil já tem um juiz federal na cadeia, um deputado e agora mais onze mensaleiros e não se pode mais fazer com a administração pública o que os predadores encastelados na prefeitura fazem. Pagar serviços num beco, descontando 20 a 30 por cento e explorando trabalhadores com pagamentos abaixo do salário mínimo é coisa de predador. Não é possível vermos isso em pleno aniversário dos 124 anos da nossa República. Acorda, Ildinho!
Eleição no STRH 
A comissão eleitoral nomeada pela Junta Diretiva do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Heliópolis parece que quer Juarez Carlos concorrendo sozinho. É que acabam de impugnar a chapa 1, de Edmeia Torres, e a chapa 3, de Mundinho do Tijuco. A eleição vai para o tapetão. É a Justiça quem vai decidir agora a legalidade das chapas. O cérebro pensante de Juarez é o advogado Joel. Predador Sindical.

Edmeia Torres completa Chapa 1 e diz estar pronta para a luta

A chapa 1 está completa e já em busca dos votos!
A candidata a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Heliópolis, Edmeia Cardoso Torres, já resolveu o problema sobre a idade de Rubismara, que seria a secretária de jovens e adolescentes. Com a renúncia de Márcio Serafim de Souza, o Marcinho, da Chapa 3, ele passou a ocupar o cargo e resolveu o problema. Agora é partir para o campo, já que o tempo é pouco. A eleição será dia 16 de dezembro, das 8 às 17 horas, no Colégio Waldir Pires. Três chapas disputam a administração do STRH de Heliópolis para os próximos quatro anos.
Edmeia Cardoso Torres nasceu em 25 de janeiro de 1948 na Fazenda Camboatá, município de Heliópolis-Ba. Casou-se com Joaquim Messias Torres e, em 1972, foi residir com a família no KM 70, distância para a cidade de Altamira, no Pará. Foi lá que ela e o marido iniciaram a trajetória como sindicalistas no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Altamira. Edmeia participou no Pará de trabalhos voluntários como catequista, formação de grupo de casais, grupo de mães, visitando famílias e socorrendo crianças em risco social e alimentar. Com uma vasta bagagem, retornou à cidade de Heliópolis em 1990 e se associou ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Heliópolis, sem abandonar o seu trabalho humanitário. Passou a fazer parte da Pastoral da Criança e virou membro voluntária da Casa da Criança no bairro Santos Dumont.
Como propostas de trabalho como Presidenta do S.T.R. de Heliópolis, a CHAPA 1, liderada por Edmeia Torres quer:
1 – Contratação de Médico, Cirurgião Dentista e Médico-Oculista para atendimento aos associados, de forma gradual e sem comprometer as finanças do sindicato;
2 – Aquisição de veículo próprio;
3 – Busca constante de projeto sociais que tragam melhorias à classe trabalhadora rural;
4 – Formular parcerias e constante diálogo com as associações do município;
5 – Viabilizar cursos para filhos e netos de associados, preparando e conscientizando as gerações futuras de trabalhadores rurais.
Além disso, Edmeia Torres quer manter sempre aberta uma porta de diálogo com os associados com o fim de colher sugestões em busca da melhoria das condições do maior patrimônio do STRH: o trabalhador rural. O incentivo maior de Edmeia para concorrer ao mandato de Presidente do Sindicato é o seu marido Joaquim Torres. Ele está filiado desde novembro de 1990, quando retornou do Pará. Foi presidente do STRH por duas vezes, sendo depois tesoureiro e secretário. Também assumiu o cargo de secretário de finanças da Junta Governativa de 2009. Aposentado, Joaquim Torres é o maior incentivador da esposa, tanto na luta para tirar o STR de Heliópolis da crise como no seu incansável trabalho de voluntária da Pastoral da Criança.

Joaquim Barbosa encerra processo para 16 condenados e prisões devem sair hoje

SEVERINO MOTTA – da Folha de São Paulo
Ministros Celso de Mello, Joaquim Barbosa, Marco Aurélio Mello e Gilmar Mendes no STF 
(foto: Pedro Ladeira/Folhapress)
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, deve expedir os primeiros mandados de prisão do mensalão nesta sexta-feira (15). No início da tarde de hoje ele determinou o chamado trânsito em julgado - fim efetivo do processo - para 16 réus, entre eles o ex-ministro José Dirceu e alguns que, mesmo sem os votos necessários, haviam apresentado recursos à corte. A certificação do trânsito em julgado é o último passo necessário antes da expedição dos mandados de prisão, que devem ter sido enviados à polícia por volta das 17h. Além de Dirceu, o processo foi encerrado para o ex-presidente do PT José Genoino, para o ex-tesoureiro da sigla Delúbio Soares e para o operador do mensalão, Marcos Valério.
Veja abaixo a lista dos 16 condenados que já podem ser presos:
1. Ex-ministro José Dirceu
2. Ex-presidente do PT José Genoino
3. Ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares
4. Operador do mensalão, Marcos Valério
5. Ex-sócio de Marcos Valério, Ramon Hollerbach
6. Ex-sócio de Marcos Valério, Cristiano Paz
7. Ex-vice-presidente do Banco Rural José Roberto Salgado
8. Ex-presidente do Banco Rural Kátia Rabelo
9. Ex-diretora da SMPB Simone Vasconcelos
10. Ex-sócio da corretora Bônus Banval Enivaldo Quadrado (pena alternativa)
11. Ex-tesoureiro do PTB Emerson Palmieri (pena alternativa
12. Ex-deputado Romeu Queiroz
13. Delator do esquema, Roberto Jefferson
14. Ex-deputado Bispo Rodrigues
15. Ex-tesoureiro do PL Jacinto Lamas
16. Ex-direitor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolatto
Deste blog: O dia não pode ter sido escolhido por acaso. No feriado de comemoração do início de nossa vida republicana, estas prisões parecem confirmar o nosso destino, apesar dos inúmeros problemas e descasos ocorridos nestes 124 anos de República.

Cheio de Arte: Vinícius 100 anos: o Orfeu da Conceição de Marcel Camus

     
 Cheio de Arte: Vinícius 100 anos: o Orfeu da Conceição de Marcel Camus: Felicidades e tristezas em Orfeu Negro.   Com trilha sonora de Tom Jobim e roteiro baseado em peça de Vinicius de Moraes, filme de 1959 conta conta a história de um casal que se apaixona em uma favela do Rio de Janeiro, durante o carnava. 
      É bastante representativo que a música mais conhecida fora da peça Orfeu da Conceição, de Vinicius de Moraes, seja a que canta “tristeza não tem fim / felicidade sim”. Em todas as suas estrofes, a canção mostra como a felicidade é efêmera: gota de orvalho numa pétala de flor, pluma que o vento vai levando pelo ar. Curiosamente a música se chama "Felicidade" (Vinicius tem uma outra chamada "Tristeza", aquela em que se pede para ela ir embora), e é representativa porque resumiria o caráter da tragédia, que virou filme pelas mãos do francês Marcel Camus (sem parentesco aparente com o outro Camus, o Albert), com a trilha sonora assinada por Tom Jobim. Mas será que toda tragédia mostra que a tristeza não tem fim, apenas, no caso, a felicidade?

Saiu o Edital do Concurso de Heliópolis

Heliópolis realiza seu 3º concurso público
    Finalmente saiu o Edital 01/2013 com as regras para inscrições do Concurso da Prefeitura Municipal de Heliópolis, publicado hoje no Diário Oficial do Município. As inscrições começam dia 18 deste mês e vão até às 23:59 do dia 02 de dezembro. Os valores são: nível superior - 85,00, nível médio - 50,00 e nível fundamental - 35,00. As provas objetivas serão realizadas dia 05 de janeiro de 2014 para as 106 vagas e a previsão do resultado final é o dia 04 de fevereiro. O local para inscrição será no www.seprod.com.br, exclusivamente pela internet, podendo pagar o boleto até o dia 03 de dezembro. O concurso terá validade por dois anos e a lista com todos os assuntos de cada cargo e de cada disciplina, bem como outras informações importantes, estão no portal do Diário Oficial. Para baixar o Edital completo, clique AQUI. Em seguida vá para resultado de busca e dê um clique no mês de novembro, depois na data de 13.11.2013 e o Edital baixará automaticamente. Os cargos em disputa, as vagas, a carga horária de trabalho e o salário são:

Cargo
Vagas
Carga horária
Salário
Agente de Endemias
03
40
R$ 694,95
Assistente Social
02
20
R$ 1.559,40
Motorista CNH D
05
40
R$ 800,04
Professor Nível I
50
25
R$ 979,38
Assist. Administrativo
05
40
R$ 694,95
Aux. de Serv. Gerais
20
40
R$ 678,00
Mecânico
01
40
R$ 678,00
Téc. Enfermagem
02
40
R$ 711,90
Enfermeiro
02
40
R$ 1.803,48
Engenheiro Civil
01
20
R$ 1.803,48
Farmacêutico
01
20
R$ 1.559,40
Fisioterapeuta
01
20
R$ 1.559,40
Nutricionista
01
20
R$ 1.559,40
Psicólogo
01
20
R$ 1.559,40
Psiquiatra
01
20
R$ 2.000,10
Tec. Laboratório
01
40
R$ 711,90
Aux. Saúde Bucal
01
40
R$ 711,90
Odontólogo
01
20
R$ 1.559,40
Médico Pediatra
01
20
R$ 3.505,26
Médico Ginecologista
01
20
R$ 3.505,26
Médico
03
20
R$ 3.505,26
Operador de Retro
01
40
R$ 901,74
Op. Motoniveladora
01
40
R$ 1.003,44
Total
106


Correção: Embora tenham sido aprovadas 11 vagas para Agente de Endemias, a Prefeitura Municipal de Heliópolis terá que reempossar oito agentes demitidos na administração anterior que ganharam ações na Justiça. As vagas, portanto, foram reduzidas para apenas três.

A última chance

                                            Landisvalth Lima
Com a proximidade da data de comemoração da chegada da República por aqui, o relógio passa a atormentar o pensamento do prefeito de Heliópolis. Digo isso, se por ventura o Ildefonso Andrade Fonseca quiser passar uma borracha para apagar o desastre que está sendo este primeiro ano de sua estreia como administrador público. O ano de 2013 está perdido e só será esquecido se o prefeito Ildinho assumir a sua função e colocar em prática o homem que todos conheceram ao longo de sua vida, notadamente na prática da palavra dada e cumprida. São apenas quarenta e cinco dias que o separam do inferno atual para o paraíso futuro.
Não preciso aqui dizer que Ildinho afastou quase todos os políticos sérios de sua administração e ficou com os predadores. Os poucos bons que ainda estão na linha de frente não podem opinar em nada, nem mesmo dar uma ordem ou assumir um compromisso administrativo. Tem que ficar calado, aceitar o que está posto. Caso contrário, rua! O prejuízo do município é imenso. Só não é maior porque muitos sentem medo de perder o que tem. A luta pela sobrevivência do povo de Heliópolis é o maior aliado do desastre administrativo de Ildinho Fonseca. Mas ele não pode contar muito tempo com isso. Há uma hora em que a consciência fala mais alto que o estômago. Foi assim na Revolução Francesa, foi assim nas manifestações de junho último e foi também assim na última eleição nesta cidade.
Mas há muita coisa a rolar por debaixo desta ponte, que ainda não ruiu. Completamente eliminado da administração, Gama Neves, o vice-prefeito, parece ainda reservar um limbo de esperança. Não aceitou e não vai aceitar ser avalista de um fracasso, mas torce para que o companheiro de chapa acorde. Ana Dalva nunca foi sequer sondada para opinar sobre questões administrativas, embora tenha contribuído com a administração, por força do cargo que tem como presidenta da Câmara, corrigindo, inclusive com a ajuda da oposição, os constantes erros em projetos, como o caso conhecido do Concurso Público, que anda a passos de cágado. Nem Gama nem Ana Dalva romperam com o prefeito, mas não aceitam a administração como está sendo feita.
Nos próximos 45 dias, Ildinho deverá tomar decisões importantes. Vai ter que afastar o seu filho da secretaria de administração, já que se mostrou incapaz de ouvir os bons. Terá que afastar do seu governo (para todo o sempre, amém!) a figura de Roberto da Farmácia e resolver qual o verdadeiro papel de Antônio Jacson Maranduba no governo. Ele se apresenta como representante da empresa Minha Região, uma péssima prestadora de serviços no transporte escolar, mas está envolvido até o pescoço na questão da construção do programa Minha Casa Minha Vida. Pessoas descontentes com o programa, por não ter ainda recebido a casa, estão indo ao Ministério Público e o nome a ser denunciado, além do prefeito, será o do esposo da secretária de assistência social. Além disso, Ildinho vai ter que sentar com os que o apoiaram e criar um padrão administrativo. Ou seja, começar tudo de novo.
O tempo não para. É a última chance de Ildinho. Caso contrário, em 2014, Gama continuará sua trajetória e deve priorizar a eleição estadual. Ana Dalva vai ter que assumir uma postura decisiva: aceitar o que está posto ou assumir uma conduta combativa contra o governo. A oposição vai ter que parar de falar e começar a fase do acúmulo de denúncias, inclusive com proposta de CPI. Os bons do governo vão sentir que o barco estará afundando e vão cair fora. Por ser uma coalizão de grupos, cada um terá seus deputados a nível estadual e federal e o grupo do prefeito será tão pequeno que amargará a pior votação da história do município nas eleições estaduais. Aí 2015 será o caos total, quando mergulharemos na maior crise político-administrativa da história. A bola está com Ildinho.
Dois irmãos e uns reais
Numa cidade do interior da Bahia, dois irmãos brigavam feio por posição política na administração realizada pelo pai. Um cuidava dos bens públicos e outro cuidava dos bens privados. Só que o público estava dando mais resultado, tanto que um dos irmãos já tinha carro de luxo, casa com novidades eletrônicas e o escambau. O outro foi se queixar:
- Papai, por que ele tem e eu não tenho? Por que a mulher dele tem um cargo e minha não tem?
O pai, para conciliar tudo sem escândalos, mandou o outro filho liberar 100 mil reais para o queixoso e ainda providenciar um cargo para a esposa. A paz reinou outra vez. Ah, como é bonito a união familiar patrocinada pelo dinheiro público!
Briga feia!
E por falar em briga, já não é mais segredo: Beto Fonseca está em briga serrada contra Roberto da Farmácia. Os cunhados parecem não mais se entenderem. Há quem diga que o secretário filho de papai já pediu a cabeça do Roberto numa bandeja ao pai. Quer tirá-lo de vez da administração municipal. Outros, com uma pitada de maldade, chegam a afirmar que Beto Fonseca já não precisa mais de Roberto. Aprendeu.
 CEJDS 
Esta semana estão sendo realizados os Jogos Internos do Colégio Estadual José Dantas de Souza. As decisões, nas várias modalidades, acontecerão a partir desta quinta-feira. Além dos Jogos, os alunos do 3º Ano A, da disciplina Redação e Expressão, realizarão diversas reportagens sobre o município de Heliópolis. Estão inclusas pesquisas sobre a história dos povoados. As melhores reportagens serão publicadas aqui neste blog e enviadas para publicação e arquivo na Câmara e na Prefeitura Municipal de Heliópolis. Também o 2ª ano A matutino realizará no próximo dia 6 de dezembro uma exposição sobre A Literatura do Século XIX no Brasil e no Mundo, nos corredores do colégio. A escola estará aberta para receber as pessoas que desejarem visitar o evento.

CEPJO debate a Ditadura Militar no XIV Jogos Internos

     
     A espera foi longa mas o resultado como sempre foi de boas expectativas. Acostumado com a euforia de outros desfiles no contato com o público, o tema da edição dos XIV JOGOS INTERNOS 2013 do CEPJO caiu como uma luva para o enquadramento dos mais afoitos. Bem alinhados e focados no propósito da escola, estudantes desceram à avenida no final de tarde desta segunda-feira (11) levando o tema da "Ditadura militar: uma incômoda memória" na ponta dos pés. Com slogans remetendo a época de 64 a 85, o Colégio Estadual Prof. João de Oliveira voltou no tempo com pelotões do exército, marinha e aeronáutica bem como alas que provocaram a abertura da democracia no país. 
(Leia reportagem completa no CNNPV do Professor Jorge Schalgter Leal, clicando  aqui.)    

Natureza irada: ONU estima mais de 10 mil pessoas mortas nas Filipinas

Agência Brasil – via revista Istoé
Destruição e morte nas Filipinas (foto: AFP)
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que mais de 10 mil pessoas morreram, nas Filipinas, vítimas da passagem do Tufão Haiyan. A ONU advertiu que o mundo deve “esperar pelo pior” em relação ao número final de vítimas. John Ging, diretor de Operações do Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU, destacou que 660 mil pessoas foram obrigadas a sair de casa por causa das violentas condições meteorológicas. Ele disse que a ONU vai lançar um apelo para angariar ajuda internacional significativa para as vítimas.
O Tufão Haiyan devastou a zona central do Arquipélago das Filipinas na sexta-feira (8), com ventos de mais de 250 quilômetros por hora e ondas de mais de cinco metros de altura. Cerca de 4,5 milhões de pessoas foram afetadas na zona central das Filipinas, de acordo com as autoridades governamentais. O tufão dirigiu-se depois para o Vietnã, com menos força, onde pode ter causado pelo menos cinco mortes. Na ilha de Taiwan registraram-se oito mortes causadas pelo Haiyan, que chegou na China nesta segunda-feira. Uma nova tempestade tropical deverá atingir as Filipinas no fim desta semana. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos – Pentágono - enviou cerca de 90 marines (fuzileiros) e soldados da Marinha que estavam destacados no Japão, bem como dois aviões de transporte C-130 Hércules. A ajuda norte-americana inclui equipamentos de comunicação e de logística para apoiar as Forças Armadas filipinas nas operações de resgate. Hoje (11), os fuzileiros americanos anunciaram que enviarão mais 90 soldados para prestar assistência às equipes de ajuda humanitária. 
As autoridades australianas contribuíram com recursos da ordem de US$ 9,38 milhões. A ajuda australiana inclui o fornecimento de lonas, colchões, redes de mosquitos, depósitos de água potável e kits de saúde e de higiene. O governo australiano anunciou que uma equipe médica partirá na quarta-feira (13) para o arquipélago, juntando-se aos especialistas na gestão de catástrofes que já estão no local. A Comissão Europeia ativou hoje o mecanismo de proteção civil (MEPC), respondendo desta forma ao pedido de ajuda internacional das autoridades filipinas.

Democracia Petista: compra de votos em eleição para presidente do partido

      Opositores a Rui Falcão, que deve ser reeleito, afirmam que mensalidades de 311 mil filiados foram pagas para que mais votos fossem contabilizados a favor da situação
O presidente do PT e candidato a reeleição Rui Falcão, 
ao chegar para votar em São Paulo 
(foto: MichelFilho / Agência O Globo)
Enquanto o PT ainda conta os votos da eleição direta para a direção do partido em todas as instâncias, inclusive presidente nacional, candidatos a presidente já derrotados, pois o deputado estadual Rui Falcão (SP) deve se reeleger com 70% dos votos, denunciaram nesta segunda-feira que há suspeita de "compra" de votos para uma das maiores eleições internas do partido. Valter Pomar, da "Articulação de Esquerda", e Markus Sokol, da ultraesquerdista "O Trabalho", de formação Trotskista, disseram que "é fato" que no último dia da habilitação dos candidatos aptos a votar, foram pagas mensalidades atrasadas de 311 mil filiados, dos 806 mil em dia com os pagamentos para que pudessem votar no domingo. Essa regularização teria sido encarada como "compra" de votos, mas a assessoria do PT nacional nega corrupção no processo e diz que a regularização dos pagamentos inclui eleitores de todas as tendências,  
— O Processo de Eleição Direta (PED) é viciado. Durante a campanha eleitoral, pedimos o fim do PED. No último dia para a regularização dos habilitados a votar, foram quitadas as dívidas em boletos de 311 mil petistas votantes. É evidente que o processo beneficia quem tem mais recursos dentro do partido e que domina a maioria do partido - disse Sokol, se referindo às "forças majoritárias" dentro do partido.
Praticamente essa é a mesma reclamação de Valter Pomar.
— Um total de 806 mil petistas foram regularizados para votar no domingo. Desses, apenas 480 mil compareceram para votar (menos do que os 510 mil de 2009, a última eleição do PED). Isso significa que em torno de 300 mil tiveram a situação regularizada, com os pagamentos de boletos no último dia do processo, mas não compareceram para votar. Talvez nem soubessem que estavam em dia e que podiam votar - disse Valter Pomar, que pretende denunciar o caso ao Diretório Nacional do partido, que se reúne no próximo dia 18, em São Paulo.
Ele também atribui ao grupo de Rui Falcão o poderio dentro do partido.
— Eles arregimentaram um exército eleitoral de reserva, mas não foi preciso usar todo mundo - disse Pomar.
A direção do PT nacional, no entanto, disse que a quitação das mensalidades, ou a "regularização coletiva", é um instrumento do PED e que pode ser utilizada pelos diretórios municipais para a quitação de débitos.
— O sistema beneficia tanto os eleitores do Rui Falcão, quanto dos eleitores dos demais candidatos da esquerda que agora reclamam. Mas se houve alguma irregularidades, o diretório nacional tem uma comissão formada para dirimir todas as dúvidas e denúncias — disse a assessoria do diretório nacional do partido em Brasília. 
Falcão deverá ser o coordenador da campanha da reeleição da presidente Dilma Rousseff. Até a tarde desta segunda-feira, foram apurados 28% dos votos em que todos os cinco candidatos da esquerda, incluindo Sokol (com 1,48%) e Pomar (com 6,62%) somavam 30% dos votos (os outros três candidatos à esquerda de Rui Falcão estão o deputado Paulo Teixeira (18,31%), Renato Simões (3,13% e Serge Goulart (0,65%). Falcão está com 69,81% dos 480 mil votos. A eleição deve terminar nesta terça-feira.

Chico Oliveira: “Bolsa Família não é solução”

Sobre as manifestações de junho afirma: 'Assustaram os donos do poder, e isso foi ótimo'

RICARDO MENDONÇA – da Folha de São Paulo
O sociólogo Francisco Oliveira (foto: Fábio Praga/Folhapress)
Socialista inveterado, acadêmico prestigiado, parceiro rompido de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, o sociólogo Francisco de Oliveira completou 80 anos quinta-feira passada (dia 7) sem demonstrar qualquer sinal de afrouxamento da energia crítica. Em entrevista realizada no seu apartamento no bairro da Lapa, em São Paulo, ele falou com entusiasmo dos protestos de junho ("a sociedade mostrou que é capaz ainda de se revoltar") e, sem rodeios, criticou as principais figuras do atual cenário político. A presidente Dilma Rousseff é uma "personagem trágica" que deu uma "resposta idiota" às manifestações. Lula "está fazendo um serviço sujo" ao atuar como apaziguador de tensões sociais. Marina Silva é uma "freira trotiskista" adepta de um "ambientalismo démodé". O Bolsa Família, "uma declaração de fracasso". E por aí vai. O sociólogo não tem receio de expor suas ideias "revolucionárias". Uma delas é separar o Brasil como forma de resolver a questão indígena: "Há um Estado indígena [...] Ninguém tem coragem de dizer isso. Então todo mundo quer integrar", afirma.

Folha - Oitenta anos. Que tal?
Chico de Oliveira - Oscar Niemeyer disse que a velhice é uma merda. Eu não sou tão radical. Mas ela não tem essas bondades que geralmente se diz. A história de que o sujeito ganha em sabedoria é uma farsa. Não é bom envelhecer.

O senhor está bem, está lendo, fazendo críticas.
Só aparentemente. Eu tomo dez remédios por dia. Entre insulina para diabetes, remédio para hipertensão... Não é nada bom. As pessoas sábias deveriam morrer cedo (risos).

Antigamente era assim. Esse negócio de longevidade é uma novidade, né?
É, a longevidade é uma coisa recente mesmo. Não é façanha sua. É da economia, basicamente. É a economia que te leva até os 80 anos. São as condições de vida que mudam, você não precisa de trabalho pesado. Quem condiciona tudo é o trabalho. E, evidentemente, gente da minha classe social está apta a aproveitar essas benesses do desenvolvimento capitalista. Mas pessoalmente não é agradável. Só que não existe solução. Você vai se matar para poder não cumprir os desígnios de sua classe social?

O senhor se surpreende aos 80. Em junho, milhares de brasileiros foram às ruas protestar. E o senhor disse que era tudo inédito e surpreendente. Na sua avaliação, qual é o saldo?
É bom não fazer uma cobrança positivista do tipo "o que é que deu aquilo?". Deu algum resultado, a tarifa de ônibus baixou. Mas deu uma coisa ótima. O ótimo é que a sociedade mostrou que é capaz ainda de se revoltar, é capaz de ir para a rua. Isso é ótimo. Não precisa resultados palpáveis. O que é bom em si mesmo foi o fato de a população, alguns setores sociais, se manifestarem. Assustarem os donos do poder, e isso foi ótimo. Isso é que é importante. Esse objetivo foi cumprido. Eu falava que era inédito porque a sociedade brasileira é muito pacata. A violência é só pessoal, privada, o que é um horror. Quando vai para a violência pública, as coisas melhoram. Esse é o resultado que nos interessa: um estado de ânimo da população que assuste os donos do poder.

Assustou mesmo?
Assustou. Porque era uma coisa realmente inédita, com setores sociais que geralmente dizem que são conformistas, parte da juventude. Esse tipo de manifestação mostrou que não é assim. Isso é bom para a sociedade. Não é bom para os donos do poder. Mas são eles, exatamente, que a gente deve assustar. Se puder, mais do que assustar, derrubá-los do poder. Não acho que essas manifestações tenham esse caráter, essa forma. Mas regozijo-me porque foi manifestado o não conformismo.

O senhor disse que sociedade brasileira é muito pacata. Por que tem essa característica e qual é a melhor explicação?
É um complexo de fatores, não é fácil definir. Quem fala sobre isso geralmente aponta as raízes escravistas. Uma sociedade que não faz muito tempo, faz 100 anos, libertou-se do escravismo. Isso deu lugar a uma sociedade que apanha, mas não reage. Quem melhor estudou isso foi Gilberto Freyre. Ele estudou isso, do ponto de vista saudosista, mas é quem mais foi fundo nessa espécie de conformismo na sociedade. Embora a interpretação de Sérgio Buarque [de Holanda] também seja boa, a sociedade que se conforma. Para ele, é o homem cordial. Gilberto tem outro "approach", ele vai para a cultura. Cultura não no sentido de quem carrega livro, mas na forma pela qual a sociedade se construiu e se reconhece nela. É basicamente a ideia da casa grande. A casa grande é uma formação conformista. Tem uma violência que explode a cada momento. E tem um senhor de escravo que é compadre de escravo. É uma formação muito complexa. Muito interessante para um sociólogo estudar, mas muito pesada para quem sofre os efeitos dessa cultura brasileira. Que não é a portuguesa exatamente, não é a indígena. É um mix de várias fontes. Não tivemos nenhuma grande revolução violenta. A que o Brasil comemora sempre, que é a de 1930, não teve nada de especialmente violenta. Teve os gaúchos saindo do sul, [Getulio] Vargas a frente. Na verdade enfrentaram uns paulistas aí, mas terminou tudo em pizza (risos). Isso marca muito a sociedade brasileira. Esse conformismo que só explode em violência privada, o sujeito que morre de facada. Você liga a televisão e vê: todo dia tem uma tragédia dessa.

Se sempre foi assim, o que desencadeou em junho?
Não foi sempre assim, claro. Isso é o meu jeito de falar. Havia violência, muita violência, mas não era uma violência que se tornava pública porque era uma violência de escravos e isso sempre foi abafado. Hoje é uma sociedade urbana, extremamente violenta e que só explode em violência privada. Sobre violência pública, não temos muito o que contar. Nesse quesito, o Brasil perde de longe para qualquer outra revolução. A revolução mexicana, por exemplo, foi uma coisa espantosa. Espantou o mundo tudo. No Brasil, não. A cubana também.

Bom, da cubana tem gente com medo até hoje por aqui.
Ah, é (risos). Fidel, que não teve jeito de prosseguir com aquela revolução, está aí. Está envelhecendo à sombra dela. Mas o Brasil é isso. Não dá para lamentar propriamente. Ninguém ama a violência. Mas isso influi muito no caráter, na formação da sociedade. Eu não tenho mais, mas toda casa brasileira tem uma empregada doméstica. A empregada doméstica é um ser em definição. Ela não é pública nem privada. Algum progresso se deu pelo fato de que elas agora pedem carteira assinada. Isso parece nada, mas é muita coisa. Mas, em geral, isso leva a uma situação acomodatícia, uma relação de compadre com a comadre. Isso molda a sociedade em geral.

Está na arquitetura brasileira, o quarto de empregada na lavanderia. Existe algo assim em algum outro país?
Não tenho notícia de nenhum outro lugar. Isso [o quarto de empregada] tem um nome científico: edícula (risos). Temos quarto para empregada, né? É realmente fantástico... Nas sociedades que eu conheço, não é assim. Na Europa pode ter tido um período, mas hoje não existe. Nos Estados Unidos, tão pouco. O Brasil é muito especial. Criou uma forma de convivência, um processo com muita força que se reproduz mesmo nas sociedades urbanas.

O senhor acha que os governantes ficaram com medo de verdade?
Não. Ainda não. Mas deu um susto. Teve. Os jornais repercutiram de forma bastante conservadora, né? Mas deu um susto.

Aí a presidente Dilma Rousseff lançou na sequência aquela ideia de Assembleia Constituinte para a reforma política. O que achou da resposta?

Eu achei idiota. Não gostaria de fazer uma avaliação precipitada do governo Dilma para não dar força à direita que está em cima dela o tempo todo. Mas é uma resposta idiota. Ninguém resolve o problema assim com reforma da Constituição. Ela seria importante para encaminhar os novos conflitos. A Constituição deveria ser o que molda as relações no Brasil. Não é. Ninguém dá bola para a Constituição.

O que teria sido uma resposta adequada?
Seria reconhecer que o país está atravessando uma zona de extrema turbulência devido ao crescimento econômico. Não é que o caráter do povo é violento. Isso é uma bobagem. Não é que uma reforma política vai resolver os problemas da violência pública. Isso é outra bobagem. Ela teria que reconhecer o Brasil está atravessando um período de extrema turbulência porque o crescimento econômico é que cria a turbulência, não é o contrário. Todo mundo pensa que o crescimento apazigua. Não é verdade. O crescimento exalta forças que não existiam, o capitalismo é um sistema econômico violentíssimo. Os EUA, que são o paradigma do capitalismo, são uma sociedade extremamente violenta, tanto pública quanto privada. O Brasil vive uma espécie de adormecimento devido a essa cultura que eu estava comentando. De repente, o tipo de crescimento econômico violento e tenso em pouco tempo quebra todas as amarras, e a violência vai para rua.

Mas a presidente Dilma é criticada pelo baixo crescimento, é criticada porque o país não cresce.
Não é verdade. O país está crescendo de forma violentíssima nos últimos 20 anos. Numa perspectiva mais de longo prazo, desde Fernando Henrique, passando por Lula e agora Dilma. Além de quê é um crescimento econômico diferenciado. Não dá mais para crescer no campo. Agora o crescimento é na cidade. E na cidade gera relações público-privadas diferentes. Se o Estado não tem políticas para tal, é melhor ficar calado do que dizer besteira. Reforma da Constituição. E daí? O que a reforma da Constituição faz? Para o que passou, não tem efeito nenhum.

Parte das manifestações dizem muito respeito às polícias estaduais. O que o senhor acho do papel dos governadores?
Esse [Geraldo] Alckmin é uma coisa... Todo mundo pensa que o crescimento econômico influi na política de forma positiva. Isso é uma ilusão. O Alckmin é bem o representante dessa política. Um ser anódino. Já chamaram ele de picolé de chuchu. O José Simão [inventor do apelido] talvez seja o melhor sociólogo brasileiro. Ele de fato não desperta paixões nem ódio. Em geral é assim. Não tem nenhum governador que inspire empolgação, esperança de que um dia desse casulo nasça uma espécie de borboleta bonita. Nenhum deles. Mesmo o Tarso Genro, do Rio Grande do Sul, que é um tipo mais educado. Vai para o governo e se amolda. O Alckmin: pelo jeito a população aprova esse estilo anódino, que não diz nada com nada. Isso é ruim, viu? Ruim porque é o Estado mais importante da Federação, o que poderia dar uma chacoalhada nesse sistema. Mas não dá. E tudo muito conformado. E a imprensa tem um papel horroroso: o que for conformismo, ela exalta; o que for rebeldia, ela condena. Daí que o viés conservador no olhar sobre essas manifestações é a tônica. Ninguém vê nisso um processo de libertação da sociedade. Todo mundo quer a passividade. Eu saúdo essas manifestações como uma amostra de que a sociedade pode e deve manifestar-se sempre que as condições de sua existência sejam tão iníquas como são hoje.

Que avaliação o senhor faz do movimento "black bloc"?
Faço uma boa avaliação. Se eles se constituem como novos sujeitos da ação social, é para saudar. Vamos ver se, com a ajuda deles, a gente chacoalha essa sociedade que é conformista. Parece que tudo no Brasil vai bem. Não é verdade. Vai tudo mal. Porque o Estado não age no sentido de antecipar-se à sociedade que está mudando rapidamente. Você tem uma sociedade como a brasileira em que a questão operária tornou-se central. E aí vem o Lula e ele está fazendo um trabalho sujo, que é aquietar aquilo que é revolta. Essa sociedade não aguenta esse tranco.

Trabalho sujo?
Ah, tá. A questão operária tem a capacidade de transformar o Brasil e ele está acomodando. De certa forma, está matando a rebeldia que é intrínseca a esse movimento. Rebeldia não quer dizer violência, sair para a rua para quebrar coisa. Rebeldia é um comportamento crítico.

Onde o senhor vê isso no Lula?
Em tudo. Lula é um conservador, ele nunca quis ser personagem desse movimento [operário]. Ele foi contra a vontade dele. Mas ele, no fundo, é um conservador. Ele age como. Na Presidência, atuou como conservador. Pôs Dilma como uma expressão conservadora. Porque você não vende uma personalidade pública como gerente. Gerente é o antípoda da rebeldia. Ele vendeu a Dilma como gerente. Uma gerentona que sabe administrar. É péssimo. O Brasil não precisa de gerentes. Precisa de políticos que tenham capacidade de expressar essa transformação e dar um passo a frente. Ele empurrou a Dilma goela abaixo. Não se pode nem ter uma avaliação mais séria dela, pois ele não deixa ela governar. Atrapalha ela, se mete, inventa que ele é o interlocutor. Aí não dá. E ela não pode nem reclamar. É uma cria dele, né?

O sociólogo português Boaventura de Sousa Santos disse que Dilma tem insensibilidade social. Citou problemas com movimentos sociais, indígenas, camponeses, meio ambiente. O senhor concorda?
Eu não diria com essa ênfase. O Boaventura, eu conheço bem, um sociólogo importante. Essa ênfase na questão camponesa... O Brasil não tem camponês. Isso é um equívoco teórico que vem do fato de a gente analisar o desenvolvimento capitalista brasileiro nos moldes europeus. Não é assim. Aqui nunca teve campesinato, nem terá. Porque, basicamente, aqui teve uma propriedade extremamente concentrada do escravismo. Isso se projetou depois numa economia capitalista. O que tem é uma questão urbana grave, pesada, que é preciso resolver. Não tem questão camponesa, isso é uma celebração do passado.

Mas problema indígena tem.
Indígena é um problema. Porque a sociedade só sabe tratar indígena absorvendo e descaracterizando. Para tratar dessa questão é preciso, na verdade, de uma revolução de alto nível. Qual é essa revolução de alto nível? É reconhecer que há um Estado indígena.

Estado indígena?
É. A real solução. Há um Estado indígena. E o Estado capitalista no Brasil não pode tratar essa questão, não sabe tratar essa questão. Ele só sabe tratar indígena atropelando, matando, trazendo para dentro da chamada civilização. Os irmãos Vilas-Boas são os arautos dessa solução. Eles são ótimos, mas a visão deles estava equivocada. A real solução é de uma gravidade que a gente nem pode propor. Trata-se de um Estado indígena. Separa. Separa. E nada de integrar. Deixa. Ajuda até eles a proporem suas próprias... Ninguém tem coragem de dizer isso no Brasil. Então todo mundo quer integrar. Para integrar, você machuca, você mata, você dissolve as formações indígenas. Já a questão camponesa é falsa. O que existe é um assalariado agrícola pesado que sofre os efeitos de um desenvolvimento acelerado. O Estado do Mato Grosso era uma reserva antigamente. Hoje você passa lá e só não tem mato. É grosso, mas sem mato.

E o tema do meio ambiente? Sensibiliza o senhor?
Eu não acredito que o meio ambiente seja uma forma de fazer política. A Marina Silva está aí lançada. Ela não tem nada a dizer sobre o capitalismo? Será? Será que a política ambiental é ruim? Ou é o capitalismo que é ruim? Ela não diz nada disso. Então, para mim a Marina Silva é uma freira trotskista (risos). Cheia de revolução sem botar o pé no chão. Ela juntou com o Eduardo Campos, uma jogada política importante. Mas nenhum deles tem proposta nenhuma. A Marina fica com esse ambientalismo démodé, não diz o que quer. Criticar a política de meio ambiente é fácil. Quero ver ela criticar o sistema capitalista nas formas em que ele está se reproduzindo no Brasil. Aí é botar o dedo na ferida. Mas ambientalismo...

O senhor disse que a política da Dilma é conservadora. O senhor diria que ela é de direita?
Não, não diria. Ela é um personagem difícil, coitada. Ela é uma personagem trágica. Porque ela não pode fazer o que ela se proporia a fazer. Ela tem uma história revolucionária. Mas ela não pode fazer isso porque ela está lá porque Lula a colocou. E Lula não é um revolucionário. Ao contrário, ele é um antirrevolucionário. Ele não quer soluções de transformação, ele quer soluções de apaziguamento. E ela está lá para fazer isso. Ela seria mais para o outro lado. Mas não teria força política para isso. Nem existe força social revolucionária. É preciso a gente combater os nossos próprios mitos. Então Dilma está sendo empurrada para a direita. Pelo Lula. Talvez, se as opções estivessem em suas mãos, Dilma faria uma política mais de esquerda no sentido amplo. Mas ela não foi eleita para isso. Nem tem força social capaz de impor essa mudança. A tragédia brasileira de hoje é que o Brasil precisa de uma revolução social, mas não tem forças revolucionárias. O campesinato não existe. O operariado não é revolucionário, é sócio do êxito capitalista no Brasil. Os principais fundos de pensão são todos eles, entre aspas, de propriedade dos trabalhadores. E todos eles atuam nas grandes empresas capitalistas. A burguesia nunca foi revolucionária. Florestan Fernandes deu xeque-mate quando tratou da revolução burguesa no Brasil. É o melhor livro de Florestan.

O que o senhor espera da eleição do ano que vem?
Mais do mesmo. Com nomes diferentes. Ninguém tem capital político para fazer diferente. Além do que, como dizia Telê Santana, em time que está ganhando não se mexe. Eles estão ganhando. Para fazer o projeto de país e sociedade que eles pensam, eles estão ganhando. Nós estamos perdendo. A esquerda está perdendo. Perdendo suas referências e sua força na sociedade. Então, do ponto de vista deles, eles estão ganhando.

E o que a esquerda pode fazer?
Nada. O Aécio Neves não disse a que veio. E não tem proposta nenhuma, na verdade. A dupla Marina-Campos também não tem proposta nenhuma. O ambientalismo... O que é exatamente? Nem ela diz, nem ela sabe. Ela sabe é ficar nesse floreio, que não resolve coisa nenhuma. A Dilma é o que você está vendo. Ela não faz política porque tem de fazer o projeto do Lula. E o projeto do Lula é isso, é conservador. Então é mais do mesmo. A resultante de tudo será um governo muito parecido com o atual: o pouco de virtude que esse governo tem e a carga de irresoluções que ele reproduz.

O que é o pouco de virtude? 
O pouco de virtude é, talvez, dar um pouco mais de atenção à área social. Que eu não gosto, para falar a verdade, porque é um conformar-se em não resolver. O Bolsa Família é uma declaração de fracasso. Não é uma declaração de vitória. Para não morrer de fome, a gente vai dar uma comidinha. Eu não gosto disso. Eu sou socialista há 50 anos. Para mim, a gente tem de mudar. E mudar não é necessariamente por revolução violenta, pois está um pouco fora de moda. Mudar fundo. O Estado brasileiro é detentor das principais empresas capitalistas do país. Não são empresas de fazer favor. A Petrobras não faz favor a ninguém. Agora mesmo que a questão dela está repercutindo muito na imprensa, ela pode dizer "eu não estou aqui para fazer favor". Mas se puder fazer capitalismo e distribuir melhor a renda, essa é a tarefa dela. O Estado brasileiro é muito forte, ao contrário do que se passa na maioria dos países. O Estado nos EUA não é forte. Nem na Europa é mais. Foi [forte] na grande virada social-democrata, mas não é mais. No Brasil ainda é. Portanto é aproveitar isso e fazer uma transformação que vá na direção dos interesses populares. O Bolsa Família não é solução. Ele é uma espécie de conformismo: deixa como está para ver como fica; dá um pouquinho de comida para isso não virar revolta. Eu não gosto desse tipo de política. Acho o Bolsa Família uma política conservadora que atende uma dimensão da miséria popular, mas não tem promessa de transformação.