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Educação em Poço Verde: do exemplo ao inferno

                                                                Landisvalth Lima
Tiago Dórea (prefeito) e Jorge carvalho (secretário)  - foto: Seed.Se
Quando o secretário de Estado da Educação do Estado de Sergipe (Seed), professor Jorge Carvalho, deu boas vindas ao novo diretor da DRE-05, Manoel Messias Alves de Almeida, com um sonoroso e significativo " Bem-vindo ao inferno", fez uma síntese da educação no menor estado da federação. Em outras épocas, Sergipe sempre foi destaque nacional em educação. Não preciso aqui lembrar da criação da Escola do Recife por Tobias Barreto e nem das figuras de Silvio Romero, Carlos Ayres Brito e tantos outros. A frase do secretário era o que faltava para termos a certeza de que, também na educação, o inferno é aqui.
Neste inferno educacional, Poço Verde sempre se saiu um pouco melhor. Chegou a ser considerada a melhor educação pública do estado. Hoje ainda é a melhor escola da região centro-sul de Sergipe. Seria uma espécie, se é possível, de paraíso em Dite, a cidade infernal. Entretanto, parece que o município caminha para a equiparação ao nível subsolar da educação sergipana, disputando com Maranhão, Bahia, Piauí e Alagoas, palmo a palmo, as últimas colocações.
Os problemas já são todos conhecidos: leniência, visão mercadológica, pedagogia do “coitadinho”, aprovação generosa, descompromisso com a causa, politicagem, empreguismo etc. Além disso, Poço Verde foi premiado com dois problemas a mais. O primeiro está impedindo o início das aulas neste 2015 conturbado. É que o Ministério Público quer melhorar o nível de segurança nas escolas, além do seu pleno funcionamento. Para punir o Estado, as aulas só começam quando tudo estiver nos seus devidos lugares. Com isso, o MP acabou punindo os alunos. Não há previsão do início das aulas e já estamos no início de março.
Nesta quarta-feira (04) professores levarão ao dr. Antônio Carlos de Souza Martins, Juiz da comarca de Poço Verde, apelos para que ele encontre uma solução para que as aulas possam ser iniciadas. Até porque, questionam os professores, a situação das escolas municipais é muito pior que as estaduais e as aulas já foram iniciadas na rede municipal. A denúncia foi formulada para as duas redes, mas só a estadual foi impedida de começar o ano letivo. Já há uma forte migração de estudantes da estadual para a municipal.
O segundo problema chama-se municipalização do ensino fundamental. Deveria não ser um problema, já que a educação municipal de Poço Verde não é um desastre. Ocorre que as experiências até aqui não são nada alentadoras. Nossa pior educação é a municipal. A estadual é menos ruim e a federal é a melhor. Sendo assim, a solução seria a federalização e não a municipalização. Tudo indica que o prefeito Thiago Dória não vai pegar este abacaxi, que pode até trazer dividendos políticos no início, mas se revelará desastroso no final. Fato é que, pela vontade do estado, a municipalização do ensino fundamental deveria ter sido realizada ontem.
  "Não fui colocado na Seed pelo governador Jackson Barreto para enganar os jovens, pais, professores e a sociedade sergipana. O Estado deve exercer com plenitude a política de educação, mas, para isso, vamos precisar da colaboração de todos. Vamos compartilhar responsabilidades; assumir compromissos e mudar urgentemente o atual quadro, que não é nada agradável para nós educadores", disse o secretário. Nesse caso, parece que o compartilhamento é para aumentar o problema. Assim, o paraíso vai arder! 
Sintese, MP, Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, Seed e representações do Conselho Estadual de Controle Social do FUNDEB e do Conselho Estadual de Educação  marcaram realização de audiências públicas para que temas educacionais sejam tratados de forma mais aprofundada. Ficou acertado a realização de cinco audiências públicas que tratarão de: municipalização do Ensino Fundamental; organização e funcionamento administrativo e pedagógico das unidades escolares; aplicação dos recursos e violência no ambiente escolar. A primeira audiência será realizada no dia 19 de março, a partir das 9h, com local ainda a confirmar. Esperamos que a máxima de que o primeiro passo para a não resolução de um problema é a convocação de uma audiência pública não seja verdade.