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Prefeito de Fátima contrata delegado da Operação 13 de Maio

Sorria exibindo seus contratados: Dr. Ricardo Marcolin (esq,) e Dr. José Nogueira (dir.)
(Foto:Prefeitura de Fátima)

A Resolução nº 004, do Conselho Superior da Polícia Federal, publicado em 26 de março de 2015, diz no seu Artigo 7º, inciso X, que é vedado ao agente público (policial federal) utilizar-se do cargo, de amizade ou de influência para receber benefícios ou tratamento diferenciado, para si ou para outrem, em órgão público ou em entidade particular. Não há necessidade falar da importância dessa medida, mas ela só serve para o policial federal que está na ativa. Não há nada, pelo menos do conhecimento comum, que impeça um policial, após sua aposentadoria, prestar serviços a quem quer que seja.
Entra em cena daí a jogada de mestre, pouco recomendável, do prefeito de Fátima, Manoel Messias Vieira. É que ele foi preso na Operação 13 de Maio e isso não mexeu com o seu ego. Pelo contrário, populares chegam a dizer que ele fazia piada indicando os companheiros de sela que choravam e tremiam ante os acontecimentos. Mais que isso, ao se eleger prefeito de Fátima, o popular Sorria foi capaz de contratar os serviços do advogado, e atual Procurador do município de Esplanada-Ba, Ricardo Marcolin. Com esse contrato de consultoria, veio junto o que Messias desejava: o ex-delegado da Polícia Federal, dr. José Nogueira, o mesmo que comandou a Operação 13 de Maio e autorizou a prisão de Sorria.
Dr. José Nogueira em ação na PF, explicando a Operação 13 de Maio
(foto: Roberto Viana)
Não é demais lembrar que o prefeito de Fátima gasta cerca de 30 mil por mês com assessoria jurídica e consultorias na área. São 360 mil por ano. O custo com o ex-delegado chega a 120 mil anuais. Pode não trazer nenhum benefício ao município de Fátima, mas, certamente, Sorria será o maior beneficiado. Apesar de não ser uma ilegalidade, o fato de ter sido José Nogueira o comandante da operação que desbaratou um dos maiores esquemas de corrupção da nossa região, não será surpresa se o prefeito usar isso para passar ao eleitor a ideia de que tudo terminará em pizza.
Aliás, como não há ninguém ainda condenado, nem mesmo preso, já há pessoas informando que a Operação 13 de Maio vai acabar como tantas outras que não deram em nada nessa Bahia de todos os santos. A contratação do ex-delegado é um tapa na cara daqueles que acreditam na instituição Polícia Federal. Está longe de ser algo ético. Pior que Sorria, que contratou os serviços, foi o dr. José Nogueira aceitar a empreitada. Mesmo que o advogado faça seu papel e ganhe seu dinheiro de forma honesta, o ato não foi uma boa ideia. Quem conhece Sorria sabe que ele está usando isso para faturar politicamente e, qualquer que seja a sentença final, se houver, ficará sempre a desconfiança.