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Lena morreu!

Lena morreu!

Professora Lena (1952-2024)

Depois de um final de semana festivo aqui na cidade de Heliópolis, nesta segunda-feira (15.04), pela manhã, em Salvador, faleceu a empresária do ramo educacional, professora Josefa Helenita Araújo Cardoso, muito conhecida pelo nome de Lena. Helenita era pedagoga e fundou em 2002 a Escolinha Passo a Passo, hoje referência em educação de qualidade na cidade. A professora passava por tratamento de um problema no intestino em Salvador, inclusive chegou a fazer procedimento cirúrgico. A notícia do seu falecimento foi uma surpresa e a Escola Passo a Passo teve suas aulas suspensas até novo aviso. Josefa Helenita era casada com Anailton Cardoso e deixou dois filhos. O corpo foi velado na Escola Passo a Passo e o sepultamento ocorreu às 9 horas da manhã, dia 16 de abril de 2024. 

Malhada - Cidades do Velho Chico 19

Malhada é um município do Estado da Bahia que nasceu em frente à foz do rio Carinhanha, quando este alimenta as águas do rio São Francisco. O nome teve essa origem pelo fato de que era um lugar de descanso dos rebanhos. Seu território pertencia ao município de Carinhanha e os primeiros habitantes foram os índios Caiapós. O território foi povoado por atividades em torno do Velho Chico, inclusive a criação de gado. Numa divisão administrativa feita em 1911, Malhada figurava como povoado de Carinhanha, virando distrito somente em 31 de dezembro de 1937.

Como inúmeras povoações surgiam ao longo do São Francisco, principalmente após a libertação dos escravos, além de Malhada surgem os distritos de Iuiú e Parateca. Daí, nasce a Lei Estadual nº 1563, de 29 de novembro de 1961, que desmembra de Carinhanha os três distritos para formar o município de Malhada. A instalação só ocorreu em 7 de abril de 1963. Como município de Iuiú foi criado em 1989, Malhada fica reduzido a dois distritos: a sede e Parateca. Em 22 de setembro de 1993, é criado o distrito de Canabrava e anexado ao município de Malhada. Também há povoados importantes que contribuem para o seu crescimento econômico, dentre eles a povoação de Julião, às margens da BR 030.

Dos três distritos, um está comprovado ser uma comunidade quilombola: Parateca, uma localidade que ganhou corpo nos fins do século XIX e ainda hoje é possível ver as ruínas da antiga Igreja do Arraial da Parateca, registro vivo do processo de ocupação do sertão do São Francisco. A área de Malhada é enorme e ocupa 1.979,193 km², abrigando uma população de 15.398 habitantes, com uma densidade demográfica de 7,8 pessoas por km².  Malhada faz limites com Bom Jesus da Lapa, Palmas de Monte Alto, Serra do Ramalho, Carinhanha e com o norte do Estado de Minas Gerais.

O potencial econômico de Malhada é muito grande. Sua localização geográfica à margem do Rio São Francisco e também do Rio Verde Grande, que marca a divisa entre Bahia e Minas Gerais, permite preservar os pilares da sua existência sustentados pela pesca, agricultura e pecuária. Apesar de sua localização na região semiárida do sudoeste baiano, a presença dos rios permite a formação de lagoas nas cheias, o que ameniza a convivência com o clima seco. Para se chegar à Malhada, os caminhos passam pelas BAs 160 e 161 e pela BR 030, todas em condições boas de trafegabilidade.

Poucas & Boas 112: Como está o jogo até aqui?

Indefinido

Isto, claro, em relação à escolha de Simone de Celso como candidata à vice-prefeita na chapa do prefeito Mendonça. Se ela realmente permanecer, é um indicativo de que as coisas não vão bem para o lado pardalesco. É só pensar que um vice se escolhe por dois motivos: para evitar racha no grupo ou para angariar mais votos. Qual a possibilidade de Simone sair do grupo de Mendonça? Quantos votos ela traria para o grupo? O único ponto positivo é o fato de ter uma representante feminina na chapa. Só. Mas nem isso poderia se levar em conta porque há outras mulheres no grupo. Enfim, como tudo será definitivo apenas nas convenções partidárias, há dúvidas sobre a permanência de Simone na vice.

Depende de grana

Para vencer a partida, os adeptos do pardalismo apostam que, uma vez Simone na chapa, Celso colocará a mão no bolso sem pena. Se a teoria é válida, então fica a afirmação de que o povo de Heliópolis está à venda, e que basta alguém oferecer dinheiro para se vencer uma eleição. Mas é preciso entender que só se pode comprar algo quando a mercadoria está exposta. Na verdade, estão querendo esconder a incompetência de um grupo que, desde o advento da reeleição, não conseguiu reeleger um prefeito, exceto quando Aroaldo Barbosa rompeu com os bem-te-vis e foi se eleger pelo grupo então opositor. Teimosia e centralismo são marcas dos que recebem mandatos e desprezam métodos adequados.

Thiago 1 X 0 Mendonça

Se a partida política fosse desenvolvida somente no processo das adesões, até ontem, Thiago Andrade venceria o jogo. E o gol de placa seria a estreia de Igor Leonardo no palanque. Muito bem recebido e ovacionado, o vereador filiou-se ao PSD e já discursou no seu estilo bem cadenciado e professoral. Sem desmerecer o valor de ninguém, é inegável que Thiago Andrade ganha esta partida de sobra com Igor como centroavante. O golaço foi marcado quando o vereador deixou claro que o povo sempre deve ser o protagonista de toda a administração pública. Nem precisou de var. No meio de campo e na zaga, a velha guarda e outros novos adeptos garantiam o placar final.

Thiago 2 X 0 Mendonça

Se a partida caminhasse para o campo do evento da filiação partidária, a coisa só não foi goleada porque o dia terminou meia-noite. A animação do povo era visivelmente maior na multidão que lotou a chácara de Thiago, no Bairro Santos Dumont. Seguramente havia muito mais de mil pessoas, três vezes mais que o evento do prefeito Mendonça na fazenda União. A organização do evento, o horário, o animador de palanque, os discursos, as autoridades presentes... Em todas essas alegorias o júri popular deu nota dez. Isso é o que chamamos de percepção do público e foi aqui que Thiago Andrade quase goleou.

Depende de Deus!

Os discursos no evento do 55 foram diversos e para todos os gostos. O presidente da Alba, Adolfo Menezes, recomendou capão para quem quiser permanecer jovem como ele; o deputado estadual Marcelinho Veiga disse que lutaria ao lado de Thiago até a vitória; o deputado federal Gabriel Nunes fez uma lista enorme de agradecimentos; o pré-candidato a vereador Dé Correia discursou, mas antes caiu do palanque, no exato momento em que a vereadora Ana Dalva previa Thiago Andrade como o maior prefeito de Heliópolis, depois de Ildinho. Falaram ainda Romilda, Marcelo Cigano, o capitão 10 Valdelício, Ronaldo, Ivan de Ildinho, André da Jiboia, Claudiano, Zé Milton do Tanque Novo, Charles de Clóvis, Manoel do Tijuco, Gildo Locutor e Beto Fonseca. Ildinho, como sempre, foi curto e certeiro. Disse que falaria pouco para não dizer besteira, mas deu seu recado. Por fim, falou Thiago Andrade. Este disse que a derrota sofrida na eleição passada foi algo guiado por Deus para que ele aprendesse mais sobre seu povo e sua gente. Agora estava na hora de colher os frutos desta aprendizagem. Foi ovacionado.

Depende do var

É preciso que os candidatos, a partir de agora, tomem cuidado com certos políticos profissionais e eleitores antirrepublicanos que, sabendo do processo, vão tentar se valorizar como moeda de troca. A tática é simples: aderem a determinado grupo e são fotografados ao lado do candidato. Logo vão receber a visita de um empresário, que deve oferecer alguma vantagem. O processo é comum e do conhecimento de todos. Além da folha de pagamento da prefeitura, que cresce nessa época escandalosamente, há um supermercado na cidade que tem mais funcionários do que o normal. A data marcada para a demissão de todos será em outubro. É necessário que isso tenha um fim. A democracia agradece.

Vencendo de goleada!

Fora da política, ainda bem, alguns dos nossos conterrâneos conseguem vitórias importantes e inéditas na educação, apesar de ainda sofrermos nessa área. Nossas homenagens hoje vão para Rudá Emídio, filho de Lula Emídio e da ex-vice-prefeita de Poço Verde, Rita da Lula. Rudá foi graduado na Faculdade de Economia e Administração da USP. Para quem não acredita no potencial do nosso povo, Rudá concluiu um curso na maior universidade da América Latina e no melhor curso de administração do Brasil. De que foi goleada, ninguém duvida. O placar é por sua conta.

Poço Redondo - Cidades do Velho Chico 18

Venha de onde vier, chegue de onde chegar, duas rodovias dão acesso à cidade de Poço Redondo: A SE 230 e a SE 309. Estas duas rodovias estaduais se entrecruzam na zona urbana da cidade, com condições razoáveis de trafegabilidade. Poço Redondo faz limites com os municípios de Canindé de São Francisco e Porto da Folha (Sergipe); Piranhas e Pão de Açúcar (Alagoas); e Pedro Alexandre (Bahia). Sua distância para Aracaju, capital sergipana, é de 185 kms. A população do município chegou a 33.439 pessoas no Censo de 2022 e sua área total é de 1.212,461 km², com densidade demográfica de 27,6 habitantes por km². 

A sua formação vem desde fins do século XVII, época em que se intensificava a colonização na região, ordenada pelo fidalgo Antônio Gomes Ferrão Castelo Branco. O território sob seu domínio era vasto, denominado de morgado de Porto da Folha, cuja penetração teve início no fim do século XVII e começo do século XVIII, abrangendo ainda Gararu e Canindé. Neste período, alguns aventureiros e caçadores da região começaram a se estabelecer às margens do rio Jacaré, construindo pequenas moradias, currais e fazendas. Logo o criatório de gado no sertão se intensificou.   Mais tarde, um morador chamado Luís Sucupira aconselhou a construir moradas juntas umas das outras. Começaram a se agrupar em um único lugar, num descampado situado a um quilômetro da sua grande fazenda. Em pouco tempo, vinte casas já estavam prontas e o lugar passou a se chamar Nossa Senhora da Conceição do Poço Redondo. Mais ou menos nesse período surge o povoado Curralinho, às margens do São Francisco, facilitando o deslocamento de pessoas e mercadorias.

A partir de 1902, um empreendedor chamado Manoel Pereira, estabelecido com fábrica de descaroçar algodão no arraial de Poço de Cima, resolveu transferir seu estabelecimento para Poço Redondo. O desenvolvimento só não foi melhor pela presença das constantes estiagens. Mesmo assim, a Lei Estadual nº 525-A, de 25 de novembro de 1953, cria o município com o nome inicial de Poço Verde, denominação que nasceu em referência a uma lagoa formada no leito do rio Jacaré. Até então, as terras estavam no município de Porto da Folha. A instalação do município ocorreu em 06 de fevereiro de 1956, quando o nome definitivo de Poço Redondo foi elevado à sede do município.

Nunca é demais lembrar que no município de Poço Redondo está a nascente do rio que dá nome ao estado. O rio Sergipe nasce na Serra Negra, limite com o município de Pedro Alexandre, na Bahia. Próximo dali está localizado o seu maior centro urbano do interior: Santa Rosa do Ermírio, distrito líder na produção de leite, com uma população que já ultrapassa os 10 mil habitantes e pede emancipação. No lado leste do território, desponta o Velho Chico. Vários povoados ribeirinhos apresentam atrações para o turismo: Curralinho, Jacaré, Cajueiro e Bonsucesso. A estrada que dá acesso ao povoado Curralinho é hoje conhecida como Antônio Conselheiro. O líder religioso passou pelo local vinte anos antes da Guerra de Canudos. A estrada também foi rota do cangaço e está repleta de placas lembrando os fatos históricos. Mais ao sudeste, no povoado Bonsucesso, está o fim da SE 309, a estrada que liga a povoação à cidade de Poço Redondo, infelizmente ainda sem asfalto. 

Poço Redondo é um município com muitas histórias e atrações. Não é exagero dizer que merece uma visita de contemplação. Ao chegar lá, é possível que o visitante se sinta atraído pelo lugar e nunca mais de lá queira sair, apesar de ainda apresentar uma periferia que merece maiores cuidados do governo municipal. Poço Redondo é um mundo de surpresas agradáveis, sobretudo pela natureza do próprio sertão em si e pela receptividade do seu povo aguerrido e trabalhador.  

Poucas & Boas nº 111: Qual o significado da palavra futuro?

O significado da palavra FUTURO. (Foto: Deviante)

Incerteza

Isto porque estamos chegando ao fim do fechamento da janela aberta para filiação partidária. Os pulos estão sendo dados aqui e ali e o vice ou a vice do atual prefeito ainda é uma incógnita. Na verdade, Mendonça joga para trazer os votos que perdeu ao longo de sua trajetória como prefeito. Na sua conta, Ildinho ou Ana Dalva somariam melhor. Como esta possibilidade é nula, seu grupo vive a mandar recados aos dois na esperança de um milagre acontecer. Além disso, torcem por um racha na oposição, uma incerteza ainda maior.

Competitividade

É o que esperam os grupos para formação de suas chapas que disputarão as cadeiras da Câmara Municipal de Heliópolis. Como somente cada coligação ou partido só poderá lançar 10 nomes, sendo inclusive 3 do sexo oposto, as contas estão sendo feitas. O grupo da situação tem nomes competitivos, todos homens. Precisam urgentemente encontrar 3 nomes de mulheres que possam agregar votos. Com o prefeito tentando se salvar de uma derrota, isso ficará para o quinto tempo. Na oposição, o problema é candidato demais. Ou faz duas coligações ou negocia desistência, mas competitividade é o que não falta para homens e mulheres.

Descrédito

A imprensa de nossa região tem sempre o cuidado de tratar dessa atividade comum da nossa política regional, a tal compra de votos. Usam todos os nomes para isso: adesão, pulo ou passagem. A negociata é crime, mas está aí debaixo das barbas do Ministério Público e da Justiça Eleitoral. Sejamos honestos, ocorre no país inteiro! O Centrão não me deixa mentir. Só que aqui quem surpreende são os mais privilegiados. Quando um miserável aceita votar por uma grana ou por um emprego, sua condição é o argumento. E o que dizer de pessoas que passaram oito anos trabalhando com o prefeito anterior, em cargos comissionados bem gordos, e agora aceitam pular a cerca para receber um carguinho de salário mínimo?

Oposição

Se juntarmos as pesquisas encomendadas pelas diversas lideranças, nossa região estará no colo dos opositores dos prefeitos. Sem citar nomes, apenas 4 municípios do Semiárido Nordeste II podem ter prefeitos eleitos em 2024 ligados aos grupos situacionistas. Todo o resto terá vitória da oposição, claro, continuando o atual cenário. Em Poço Verde, no Estado de Sergipe, a chapa Roberto Barracão/Edna Dória vai ter que cometer muitos erros para não chegar lá. O que não dá para entender é como alguém passa 4 ou 8 anos numa prefeitura e não consegue fazer o lastro para sua reeleição ou colocar um sucessor aliado. O povo, sempre sábio, não arrisca um novo nome caso o alcaide tenha feito um bom trabalho. Dizem que todo o problema é causado pela canseira. Os bichinhos trabalham demais!

Proibição

Heliópolis deixou de ser a terra do silêncio. Quem vive por aqui precisa gostar de zoeira. Além dos carros de som, que tem suas horas específicas, existem os fogos de artifícios. Se pulou um, lá vem o papoco! Fez promessa, lá vem outro! Se os carros de som circulam em horas mais ou menos programadas, isso não ocorre com os fogos. Tem gente papocando tudo em plena madrugada. Além disso, há as insuportáveis motocicletas com os escapamentos preparados para arrebentar os seus ouvidos. Um inferno! É hora de proibir. Velhos, crianças e doentes não merecem isso.

Contas rejeitadas

Se o que os vereadores dizem sobre os pagamentos feitos pelo prefeito José Mendonça em janeiro deste ano for apenas factível, o prefeito de Heliópolis deve ter suas contas deste ano rejeitadas. Isso, claro, se o TCM, de fato, considerar as irregularidades, o que é muito difícil. Recuperar calçamento a paralelepípedo logo depois de sua construção é ato de muita coragem. O prefeito tem enfrentado alguns percalços, inclusive ficou sem grana no último dia 20. FPM Zero. O motivo ainda está em estudo. No último FPM deste mês, Heliópolis chegou a 556 mil. Desta vez, o zerado foi o prefeito de Tucano.

Concurso

Está no portal Jeremoabo.com, e foi replicado pelo blog do Joilson Costa, que a Prefeitura Municipal de Jeremoabo, na Bahia, está com inscrições abertas para 134 vagas em concurso público em diversas áreas. As vagas são para cargo efetivo e cadastro reserva. As inscrições já estão abertas desde o dia 26.03.2024 e vai até o dia 10 de abril de 2024, sendo realizadas exclusivamente pela internet e os candidatos devem acessar o site do INSTITUTO BRB (https://institutobrb.selecao.net.br/) para efetuar a inscrição. As taxas variam de R$ 70,00 a R$ 120,00, dependendo do cargo escolhido. As provas estão marcadas para o dia 05 de maio de 2024.

Bom Jesus da Lapa - Cidades do Velho Chico 17

Bom Jesus da Lapa faz parte da mesorregião do Vale São-Franciscano da Bahia e da microrregião que leva o seu nome. Para se chegar ao município, trafega-se pelas BA 161 e 160, e pelas BRs 349 e 430. A cidade fica distante de Salvador por 796 kms e a 672 kms de Brasília. Ocupa uma área de 4.115,524 km², abrigando uma população de 65.550 pessoas, censo de 2022, com uma ocupação de quase 16 pessoas por km². Bom Jesus da Lapa faz limites com os municípios de Paratinga, Riacho de Santana, Malhada, Macaúbas, Serra do Ramalho e Sítio do Mato. É considerada a Capital Baiana da Fé e o terceiro centro de turismo católico mais visitado do Brasil. Mas como surgiu tudo isso? Neste episódio de Cidades do Velho Chico conheceremos a história de Bom Jesus da Lapa.

A região de Bom Jesus da Lapa era habitada pelos índios tapuias. O desbravamento do território iniciou-se no final do século XVII pelas bandeiras organizadas pelo mestre de Campo Antônio Guedes de Brito, proprietário da sesmaria da Casa da Ponte. Com a penetração bandeirante nasce a fazenda Morro, origem do povoado Bom Jesus, que logo depois passou a ser Bom Jesus da Lapa. Doze anos depois de chegar à Bahia, o português Francisco Mendonça Mar, que trabalhava como ourives e pintor, depois de cumprir penitência, despojou-se de todos os bens e veio caminhando pelo sertão, conduzindo uma imagem do Senhor Bom Jesus, até encontrar uma aldeia de índios tapuias, situada entre o morro e o rio. Instalou-se na gruta mais oculta no ano de 1791 e foi encontrado por garimpeiros, que espalharam a notícia da existência de um homem santo que habitava uma gruta. Daí em diante, o morro passou a ser ponto de afluência de peregrinos e aventureiros que ali se estabeleceram, formando o povoado. 

O Monge construiu, ao lado do Santuário, um hospital e um asilo para os pobres e doentes. Com um número cada vez maior de peregrinos a busca de curas, Bom Jesus da Lapa começou a crescer e a se desenvolver. Em 1890 passou à condição de município com a denominação de Bom Jesus da Lapa, por Lei publicada em 18 de setembro daquele ano, desmembrado do município de Urubu, atual Paratinga, com instalação ocorrida em 7 de janeiro de 1891. A condição de cidade só ocorreu em 31 de agosto de 1923. A área do município era bem maior e abrigava os distritos de Sítio do Mato e Gameleira da Lapa, hoje já emancipados. Atualmente, o município conta com dois distritos: a sede e Favelândia.

Mas a grande atração de Bom Jesus da Lapa é a beleza natural da formação rochosa, que abriga todo o santuário. O morro fica à margem direita do São Francisco, formado por um bloco de granito e calcário com quinze grutas em seu interior e fendas estreitas. Já o território do município contrasta com o morro porque é quase todo plano, surgindo, de vez em quando, no meio das planícies ou tabuleiros, alguns poucos morros. Numa votação feita em todo o país, foi denominada de Primeira Maravilha do Brasil. Isso talvez justifique os mais de 300 anos de romaria que fazem ao local. Claro que a base econômica é o turismo religioso. Mas isso não é tudo. Bom Jesus da Lapa tem forte agricultura, bom comércio e atividade pesqueira ao longo do rio São Francisco. Vale lembrar que há intensa agricultura irrigada, abrigando a 2ª maior atividade de irrigação da Bahia, o Projeto Formoso.

Bom Jesus da Lapa não é um lugar abençoado somente pela beleza do morro, mas também pela presença do Velho Chico. Durante muito tempo, os peregrinos chegavam nos diversos tipos de barcos. Ao rio o município deve sua povoação e também o peixe que alimentou gerações. Poucos lugares do Brasil reúnem tanta riqueza num só lugar. Por isso que Bom Jesus da Lapa não tinha como dar errado. A beleza do Velho Chico é somada à beleza natural das grutas do morro. Para completar, habita um povo trabalhador e cheio de fé, recebendo outros povos, de tantos outros lugares, com a mesma fé guiadora sempre para um mundo de harmonia no convívio entre todas as raças. 

Poucas & Boas nº 110: Onde está a mudança?

Prefeito de Heliópolis e aliados na reinauguração da UBSF do povoado Tijuco, dia 16.03.24, no município de Heliópolis - Bahia.

No partido

Agora é oficial. José Mendonça Dantas não é mais do PL. Trocou o 22 pelo 15, do MDB de Ricardo Maia. Se o velho Ulisses Guimarães estivesse vivo, não acreditaria em que seu partido se transformou. Mas a culpa não é tanto da legenda, mas do sistema que se adapta às vontades dos seus dirigentes. Aqui não se cumpre Leis. Elas são transformadas para atender a manutenção dos poderosos no poder. Seria um incômodo para Mendonça continuar num partido que apoiou uma tentativa de golpe e está frontalmente esmurrando a nossa inteligência todos os dias. Ir para o MDB foi uma jogada inteligente porque o partido é aliado de Jerônimo e de Lula. Embora seja hoje um dos partidos do Centrão, servirá aqui para amarrar a vice-prefeita e o marido, que estavam bandeando para o lado da oposição.

Nas roupas

Na inauguração da UBS do povoado Tijuco, reformada com recursos do antigo Orçamento Secreto, não se viu nenhuma transformação ou mudança em relação aos últimos movimentos políticos. É fato que todos estavam com roupas diferentes, mas foi só isso. Não conseguem nem mesmo mudar os discursos. Quem duvida, veja lá no canal Impacto Jovem, do jornalista Jorge Souza, no YouTube. A seleção de falas é fantasia para fazer criança dormir e sonhar. A realidade passa longe. O que também não mudou foi o puxa-saquismo. Até o presidente da Câmara Municipal, que não estava tão contente com a administração, rasgou elogios ao prefeito, não sem antes pedir a reforma também da UBS do povoado Riacho.

Na proposta I

Quem conhece a política de Heliópolis sabe que o prefeito José Mendonça está desesperado à procura de um vice que lhe traga os votos necessários para garantir sua reeleição. Não é segredo a insistência para ter a vereadora Ana Dalva como companheira de chapa. Mas, desta feita, a proposta foi direcionada ao marido, com oferta para que ele transformasse a escola do povoado Cajazeiras em escola de tempo integral, ficando ainda com o controle total sobre a educação do município. A missão era só convencer a mulher a mudar de ideia. Como o casal não vive de ilusão, a resposta foi um “Agora?”. Como é possível fazer uma transformação radical desta com o ano letivo em andamento? Claro, nada prosperou.

Na proposta II

Ao mesmo tempo que assediavam Ana Dalva para vice, um conhecido empresário seguia para Aracaju a busca de Beto Fonseca. A proposta era turbinar a candidatura de Ildinho a prefeito com todos os recursos disponíveis, inclusive o apoio direto do comerciante. Sim, isso mesmo! Teríamos 3 candidatos fortes, com a oposição rasgada ao meio. Quem venceria? Mendonça, certamente. A charada foi logo decifrada. Alguns fazem política com o fígado e não têm a inteligência de perceber que as pessoas podem também pensar.  O que ficou patente foi a certeza de que a coisa não está lá boa para o lado dos governantes. Claro que tudo é possível mudar, mas para isso é preciso ter a capacidade de agir de forma transformadora.

Na BA 393

O mês de março está indo para as cucuias e lá se vão chegando os 3 meses de paralização da obra da rodovia BA 393. Até aí nada de novo. Não é a primeira vez que isso acontece, mas a transformação está acontecendo na estrada. O trecho de Heliópolis - BA até o município de Poço Verde – SE já apresenta os primeiros buracos no tratamento superficial simples. Como tudo está em silêncio, porque nenhum pai da desobra aparece, não dá para saber se a culpa é do Governo do Estado ou da GL Empreendimentos. Certamente vão culpar as chuvas que, aqui e ali, poderiam sim causar transtornos temporários.

Na data

A oposição em Heliópolis tem números que verdadeiramente indicam a possibilidade concreta de uma vitória de larga margem nas eleições deste ano. O problema maior é a própria oposição. Ela briga consigo mesma ao não se organizar. Acreditem: ainda não foi feita nenhuma reunião para estabelecer quem é quem e onde as coisas devem ficar, mesmo depois de inúmeros encontros entre Thiago Andrade, Beto Fonseca e Ildinho. Ou será que o grupo se resume a estes três? Ana Dalva disse uma vez a um eleitor que teria vários motivos para sair do grupo, mas nenhum contra Thiago. Também há o dobro de motivos para não aderir ao grupo da situação. Entretanto, verdade seja dita, o grupo da oposição não dialoga. Parece que não gostam de ouvir os nomes dos remédios que são bons para curar as feridas. A boa notícia é que finalmente uma reunião foi marcada para o último final de semana. Só que não! A data foi remarcada para até o dia 22 de março. Uma mudança visível!

Carira - Um Lugar no Sertão 13

O município sergipano de Carira, localizado no Oeste do estado, faz divisa com a Bahia. A cidade de Coronel João Sá é a cidade baiana mais próxima, distante apenas 35 kms. Sua posição geográfica permite o encontro de várias rodovias estaduais e federais. É o caso da BR 235, da SE 179, SE 240, SE 310 e a SE 412. Toda a sua história está retratada no livro de João Hélio de Almeida, que leva o nome do município. O trabalho de pesquisa é esclarecedor sobre fatos que fazem parte da construção cultural, sociológica e de formação da localidade.

No livro, está claro que no início do século XIX toda a região conhecida como Matas de Itabaiana, tinha a cidade de Lagarto como sede do território. O município na Bahia que fazia limite era Jeremoabo, onde estavam localizadas as terras de Coronel João Sá e Pedro Alexandre. Mas a povoação branca começou com o vaqueiro João Martins de Souza, mandado pelos Dantas da então cidade de Bom Conselho, atual Cícero Dantas. João Martins veio das margens do Rio do Peixe, afluente do Vaza-Barris. Mais tarde, a região passou a ser conhecida por Mãe Carira, nome da chefe da tribo dos Cariris que morreu de forma trágica.

A história trágica de Mãe Carira aconteceu entre o Tanque do Carira e o Saco Torto, local onde vivia a tribo. Era o dia 25 de novembro de 1865. Os índios foram buscar algumas espigas de milho numa roça, e Mãe Carira estava com eles. Os donos do roçado soltaram cães ferozes sobre os índios, que fugiram em debandada. Os mais jovens conseguiram escapar, mas Mãe Carira, a mais velha da tribo, foi atacada violentamente pelos cães e foi cair próximo à sombra de um pé de Jequiri. A casa de João Martins ficava próxima. O vaqueiro acudiu a índia e tentou curá-la dos ferimentos, mas veio a falecer alguns dias depois. Mãe Carira foi enterrada na sobra do jequiri e lá João afixou uma cruz sobre seu túmulo. 

A partir da morte de Mãe Carira, João Martins, que já tinha sua casa construída nas proximidades, passou a organizar uma pequena feira. Várias famílias são atraídas ao local e um arraial se forma. Em 1897, edificou-se a Capela do Sagrado Coração de Jesus. Em 1929 é criado o distrito de Paz, no mesmo ano em que Lampião fez a 1ª visita ao local e quando surgem as primeiras manifestações para emancipar o município. Dez anos depois chega a rodovia estadual, que mais tarde será a BR 235. Nesta época, Carira já era distrito pertencente ao antigo município de São Paulo (hoje Frei Paulo). A emancipação só chega com a lei estadual nº 525-A, de 25 de novembro de 1953, desmembrado de Frei Paulo e instalado somente em 6 de fevereiro de 1955, constituído de apenas um distrito. Uma outra lei estadual nº 823, de 24 de maio de 1957, cria o distrito de Altos Verdes, anexado ao município de Carira.

Com a chegada dos bancos, do asfalto, de grandes lojas, Carira cresceu e hoje se apresenta como uma cidade em franco desenvolvimento. Faz limites com os municípios sergipanos de Nossa Senhora da Glória, Pinhão, Frei Paulo e Nossa Senhora Aparecida; e com os municípios baianos de Paripiranga, Coronel João Sá e Pedro Alexandre. Sua distância para Aracaju é de 112 kms. Em 2022, a população de Carira foi de 19.938 habitantes, numa área total de 636,404 km², com densidade de 31,3 pessoas por km². Sua economia está hoje bem diversificada, mas é o milho que desponta como puxador de renda. Carira figura sempre como o maior produtor de milho do estado. Para quem quer conhecer melhor a cidade e se divertir, há boas opções ao longo do ano com inúmeras festas:  Festival do Forró de Carira, Festa de Reis, Festa de São João, Festa do Vaqueiro e do Milho e a Festa do Padroeiro Sagrado Coração de Jesus e da Santa Cruz.

Morpará - Cidades dos Velho Chico 16

Saindo de Ibotirama e seguindo pela BR 242, depois de 25 kms na direção de Seabra, encontramos novamente com a BA 160, no povoado de São Lourenço, no município de Oliveira dos Brejinhos. Dali até Morpará seriam 63 kms. Sabíamos que o Governo do Estado da Bahia estava asfaltando o trecho até o povoado Quixaba, mas queríamos saber as condições dos outros 30 kms. Para nossa surpresa e alegria geral da suspensão capenga do nosso carro, toda a estrada estava asfaltada. E o asfalto estava novo, construído no ano da eleição de 2022, depois de promessas e juras de inauguração. Restava-nos agora desvendar o percurso, registrando povoações como Mocambo Alto, Capim Raiz e o distrito de Quixaba. Não demorou muito e fomos recebidos pela avenida Rui Barbosa e, ao lado, a Praça Velho Chico. Enquanto desvendamos a cidade, vale contar sua história e formação.

É provável que o primeiro homem não índio a pisar em Morpará foi um vaqueiro em 1812, que andava a procura de gado para levar à fazenda Picada. Encontrou vários índios que pescavam às margens do Rio São Francisco, região era povoada pelos indígenas acroás, na margem esquerda do Rio São Francisco, e pelos indígenas mocoazes, na direita. Mas havia lugar para outras tribos: os Tupiniquins, Xacriabás, Caiapós, Cariris e Aricobés. No local onde o vaqueiro ainda sem nome chegou, muitos anos depois virou ponto de ancoragem dos navios a vapor, daí o surgimento de seu primeiro nome: Porto do Vapor.

A localidade de Morpará tem origem nas fazendas Poço de Gado, Ema e Picadas. Seu primeiro nome foi dado por pescadores aglomerados no Rancho Velho, proveniente dos ranchos feitos e cobertos com palhas de carnaúba, produto natural da região. Mais tarde, surge um nome mais óbvio: Morro do Paramirim, local onde há o encontro dos rios São Francisco e Paramirim.

Em 1891, o fazendeiro Antônio Bittencourt Mariani permitiu glebas e lotes para vender a quem interessasse. Foi aí que chegaram homens para abrir lojas comerciais. O pioneiro foi o Major Benedito Marcelino de Almeida, que teve a oportunidade de receber os militares quando vieram em busca dos revoltosos da Sedição de Juazeiro, confronto ocorrido em 1914 entre as oligarquias cearenses e o Governo Federal. Em 1916, com a chegada dos Brejeiros, que se instalaram comprando peixes, cera de carnaúba, peles e couro de todos os animais, começa então o movimento, com mercadorias despachadas para Juazeiro, Petrolina e para o estado de Sergipe.

O desenvolvimento marcou presença e Morpará recebeu os primeiros serviços públicos, como a instalação de uma agência dos Correios e Telégrafos. Isso permitiu uma melhor comunicação, facilitando mercadorias vindas em lombos de burros de várias localidades da Bahia para serem transportadas pelo Velho Chico. Era sabidamente o melhor porto daquelas bandas do São Francisco. Através dos barcos a vapor, mercadorias saiam dali para o Piauí, Minas Gerais, Maranhão, Goiás e outros estados.

Finalmente Morro de Paramirim deixa de ser povoado e é criado o distrito com a denominação de Morpará, pela lei estadual nº 9251, de 1934, subordinado ao município de Brotas de Macaúbas, atual Brotas. Morpará é uma forma abreviada do nome Morro (Mor) do Paramirim (Pará), que, convenhamos, ficou bem mais bonito. Em 16 de julho de 1962, o município foi criado com parte do território do distrito de Morpará, desmembrado de Brotas de Macaúbas, e com o território do distrito de Quixaba, desmembrado de Oliveira dos Brejinhos, por força de Lei Estadual nº 1.722. 

Hoje, Morpará continua com apenas os seus dois distritos originários e faz limites com Barra, Xique-Xique, Gentio do Ouro, Ipupiara, Brotas, Ibotirama e Oliveira dos Brejinhos. Fica distante de Salvador por 548 km. Sua área total é de 1.731,929 km², abrigando uma população de 7.982, censo de IBGE de 2022, com uma densidade 4,6 hab./km². O rio São Francisco era a principal fonte de economia de Morpará. Como as estradas passaram a ser o caminho mais fecundo do dinheiro, a chegada do asfalto somente em 2022 contribuiu para que a cidade perdesse seu potencial econômico. Por sua beleza e localização, espera-se um novo fluxo de progresso para o município e isso dependerá muito dos seus agentes públicos. A cidade precisa melhorar sua estrutura urbana para receber mais turistas. Fundamental seria asfaltar a BA 160 até o encontro com o trecho que segue para Barra e Xique-Xique. É uma região com várias povoações carentes de um progresso mais acelerado. Para quem segue para Barra, a melhor opção é pegar uma única balsa, localizada a pouco mais de 6 kms de Morpará e sair no povoado Torrinha, com a BA 161 em ótimas condições.

Quem se importa?

João Paulo (Paulo da Pizzaria) foi mais uma vítima do abandono das nossas estradas. (Foto: Divulgação)

Não estamos vivendo numa época comum. A morte de João Paulo Cândido dos Santos, conhecido popularmente como Paulo da Pizzaria, é mais uma prova concreta de que vivemos tempos infernais. Nós vivemos o tempo todo em constante perigo. Paulo morreu numa pista que está em obras há dois anos. Apenas o primeiro tratamento superficial está pronto. Não há sinalização e, para completar, os animais estão soltos. No acidente que matou Paulo da Pizzaria tinha um animal no meio da pista, no meio da pista tinha um animal. Mais um batalhador pela vida pela vida perde a sua. No subir e descer, no vai e vem não conseguiu se desviar a tempo do perigo. Morreu Paulo, morreram tantos outros nas mesmas condições e morrerão muitos outros amanhã. Mas quem se importa?

Quem se importa se quando um administrador desvia verbas ficamos em silêncio? Se suas contas são aprovadas, mesmo sabendo que existiram desvios, ficamos em silêncio? Se alguém está sofrendo uma injustiça, ficamos em silêncio. Se um filho de Deus resolve ajudar, ficamos em silêncio porque não é da minha conta ou não é comigo. Se passa diante de nós um destes motoqueiros e faz aquelas piruetas, ficamos irritados! Cadê a polícia que não faz nada? Se a polícia faz, vem sempre alguém dizer que foi injusto e que a PM deveria prender os vagabundos que estão soltos. Se tem uma criança fora da escola, a culpa é do Conselho Tutelar que não faz nada! Se o Conselho atua, dizem logo que não há solução por culpa dos pais. Caso os pais sejam atuantes, são perversos.

No fundo, todos procuram uma sombra porque o sol é escaldante. Para que arranjar mais problemas? Vejam o caso da nossa política regional, onde encontramos canalhas a perder de vista.  Mas se um canalha passar para o nosso lado, seus pecados são perdoados. O importante é estar no poder. Quando lá estiver, o cavalo solto na estrada não tem dono e pode continuar matando. Não se pode responsabilizar alguém que um dia poderá ser meu eleitor! Paulo está morto e não votará mais em ninguém! Olhem o governador que responsabilizou os professores pelas reprovações? Lembram? Quem se importa com o nível cultural do nosso povo? Quanto mais desinformado, melhor para se controlar. Quem foi que disse que Bolsonaro queria dar um golpe, mesmo ele agindo, com gravações de imagens e sons, com a finalidade de dar um golpe de estado? Ele é um mito! A culpa é do Lula, inocentado depois de várias provas robustas que o incriminavam. Foi ele quem mandou as pessoas se vestirem de verde e amarelo e depredar os poderes em Brasília. A polarização do caos!

Ninguém está se importando com aquilo que importa! A vida é curta e precisamos organizá-la! Se construímos estradas, elas precisam ser seguras. As escolas foram feitas para ensinar, a família para educar, a igreja para elevar nossos espíritos ao Todo Poderoso. A festa e o bar são para se divertir e o estádio foi feito para torcer pelo seu time preferido. Estamos transformando tudo em guerra, discórdia, difusão de ódio e perigo de morte! Paulo foi levar apenas dez pizzas no povoado Tijuco. Não tinha que, na volta, morrer vítima de uma irresponsabilidade. Mas será mais uma morte em que se registrará lamentos nas redes sociais e tudo ficará como antes, contrariando Lulu Santos. Ninguém se importa. Pode até se lamentar e ficar horrorizado, mas logo tudo voltará a ser como sempre foi.

Poucas & Boas nº 109: O que há de novo?

Governador Jerônimo entre a anterior e o novo Chefe do Ministério Público Estadual da Bahia (Foto: Política Livre)
Novo conselheiro

Fabrício Falcão (PCdoB) foi afastado da disputa por uma vaga de conselheiro e o deputado Paulo Rangel (PT) é agora o único candidato da base do governador Jerônimo Rodrigues ao TCM. Embora já desfile como eleito, ele terá que enfrentar Marcelo Nilo, ex-deputado federal, candidato da oposição. O episódio prova, mais uma vez, que o PCdoB tem um papel reservado de ser sempre submisso ao PT, sem direito a nada. O normal é que o candidato do governo vença, mas não seria nenhum absurdo a vitória de Marcelo, que conseguiu o ineditismo de ser presidente da Assembleia Legislativa da Bahia por trocentas vezes. Curioso é que os petistas estão tomando conta do TCM. Se Rangel chegar lá, o PT garante maioria absoluta e poderá transformar o estado em uma monarquia.

Prefeito Mendonça
Novas ressalvas

E por falar em TCM, o ex petista Nelson Pelegrino foi o relator das contas de 2022 da Prefeitura Municipal de Heliópolis. O leitor esperançoso e desavisado, que porventura desejar ler o Parecer, perceberá que a quantidade de irregularidades é assustadora. O documento tem 41 páginas e boa parte eivada de problemas detectados pelo órgão julgador. O prefeito José Mendonça até conseguiu entregar 4 contas mensais fora do prazo e gastou quase 100 mil do Fundeb em despesas fora da finalidade da rubrica. Os apontamentos das irregularidades são numa quantidade tão absurda que o leitor do relatório tem pena do gestor, porque sabe que ele vai ser trucidado ao final. Só que não! Acreditem, o ex-deputado federal petista consegue aprovar – com ressalvas! – as contas, mesmo sabendo que há denúncias contra o alcaide que ainda não foram apuradas. Pior! O Ministério Público de Contas também opina pela aprovação. Cabe uma pergunta final: Qual o limite para o uso da palavra “ressalvas”?

Novas dívidas

As contas aprovadas do prefeito Mendonça de 2022 também revelam o nível de importância que os nossos políticos dão ao sistema de arrecadação de recursos. Acreditem, ainda há multas, determinadas pelo mesmo TCM, e devoluções de numerários aos cofres públicos que não foram realizadas. Um ex-prefeito ainda deve 1 mil reais, um outro também ex-prefeito deve 19 mil reais, um ex-presidente da Câmara Municipal deve 3 mil reais aos cofres públicos. E, pasmem! Um outro ex-presidente, que se orgulhou de ter suas contas aprovadas sem ressalvas, deve a Heliópolis 22.608,00 reais. E não importa se é adversário ou não! Ninguém cobra de ninguém, mas as contas estão aprovadas! Viva nossa Bahia!

Novo chefe do MP

O portal Política Livre, do jornalista Raul Monteiro, destacou a posse bastante concorrida do promotor Pedro Maia como procurador geral de Justiça do Estado da Bahia, na sede do Ministério Público Estadual, no CAB, neste dia 1º de março. O discurso foi curto e contundente. Disse que era preciso defender o papel da instituição na tarefa de tornar a Bahia mais justa, igualitária e solidária e de encampar a luta contra o crime, a corrupção e a impunidade. Pedro Maia foi eleito depois de cinco tentativas consecutivas como 1º mais votado. Só agora veio a escolha. Foi candidato único e vai substituir Norma Angélica, a antiga PGE. O governador Jerônimo Rodrigues e um sem-número de autoridades marcaram presença. Será que a PGE vai virar protagonista ou continuará com seu papel meramente burocrático, para não dizer outra coisa?

Novas denúncias

Chega a ser desanimador ser vereador ou vereadora em nossa região, notadamente de oposição. As denúncias são feitas, mas parece que a ordem é não apurar nada e, se o fizer, é para inocentar o prefeito. Vamos a só um caso denunciado pelo vereador Nenê de Nedito na Câmara Municipal de Cícero Dantas. No povoado Campinas de Castro, quem procurar a ambulância da prefeitura para socorro precisará ser partidário e eleitor do grupo do prefeito. O motorista, sem a menor cerimônia, diz que não pode levar tal pessoa porque não votou no grupo do alcaide. Um motorista de ambulância não faz isso se não tiver sido orientado. O diabo é que ninguém faz nada para mudar isso.

Novo empurrão

Uma cena chamou a atenção dos passantes que trafegavam em frente ao Colégio Monsenhor Galvão, em Cícero Dantas. Vários alunos empurravam um ônibus escolar. E a cena é cada vez mais corriqueira nas cidades da nossa região. A frota escolar está sucateada, sem manutenção, obrigando os motoristas e servidores a improvisar. As garagens de muitas prefeituras são apenas depósitos de sucatas armengadas para levar e trazer estudantes. Um dia ocorrerá uma tragédia e muitos dirão que foi coisa do acaso. Não! A culpa é de todos! Dos eleitos, dos que elegem, dos que fiscalizam e daqueles que nunca punem. É o retrato de um país que não quer ser civilizado!

Nova morte

Uma mãe desesperada grava um áudio e espalha nas redes sociais a ideia de que seu filho morreu no hospital de Cícero Dantas por falta de estrutura e condições da unidade de saúde. Falta investimento e não se encontra insumos básicos. A mãe culpou o prefeito. Quem justificou a fala da mãe foi a denuncia feita pelo vereador Guilherme de Weldon, quando apresentou números dos gastos da saúde, onde claramente o prefeito foca no empreguismo. Mesmo com o empenho do vereador, anotem, as contas de Dr. Ricardo serão aprovadas, caso nada mude nesta Bahia do Senhor do Bonfim!

Ibotirama - Cidades do Velho Chico - Ep. 15

Chega-se a Ibotirama basicamente por três rodovias: BR 242, BA 160 e BA 161, todas em perfeito estado. A cidade margeia o rio São Francisco do lado Leste no Estado da Bahia. A riqueza de sua história começa pelo significado do seu nome. O termo Iboti vem do tupi-guarani e significa flor. O sufixo rama significa o que será, aquilo em que se transformará, o que será no futuro. Ou seja, Ibotirama é a flor que brotará no futuro ou, como comumente se popularizou: terra das flores ou terra da rica flor. E tudo isso tem a ver com sua história e formação. Antes de chegarem os portugueses, a região tinha como grupo predominante os indígenas tuxás. Os registros indicam que somente com a chegada do latifundiário Antônio Guedes de Brito é que o território passou a ser povoado. Guedes de Brito formou o segundo maior latifúndio do Brasil-colônia, perdendo apenas para Garcia D’Ávila. Brito foi também reconhecido pela extinção de grande parte da população indígena utilizando armas. Os indígenas restantes foram escravizados.

O município de Ibotirama foi formado a partir de fazendas de gado do período colonial. Em 1732 já havia um pequeno arraial nas terras do município de Paratinga. O nome original era Bom Jardim. Isso porque era a antiga sede da fazenda de Joana da Silva Caldeira Pimentel Guedes de Brito, neta do latifundiário e proprietária de várias fazendas. Bom Jardim era um dos pontos de passagem de boiadeiros e tropeiros que faziam a travessia do Rio São Francisco e virou parada obrigatória para o descanso. Sem dúvida, o comércio e o transporte fluvial no São Francisco, com localidades próximas como Santo Antônio do Urubu de Cima (atual Paratinga), o Santuário do Bom Jesus da Lapa e várias outras pequenas povoações, foram fundamentais no desenvolvimento e povoamento de Bom Jardim. Registre-se que até o século 20 este crescimento foi bem lento, como era comum em toda a região.

No início do século 20, precisamente em 1912, Bom Jardim passa a figurar como povoação do município de Rio Branco, antigo Santo Antônio do Urubu de Cima. Essa condição perdura até a publicação da Lei Estadual nº 11089, de 30 de novembro de 1938, quando Bom Jardim passa a ser denominada de Jardinópolis. No mesmo decreto em que Santo Antônio do Urubu de Cima passa a se chamar de Paratinga, datado de 31 de dezembro de 1943, o distrito de Jardinópolis tem seu nome oficializado para Ibotirama. Essa condição vai até o ano de 1958 quando, por força da Lei Estadual nº 1029, de 14 de agosto de 1958, os distritos de Ibotirama e Boa Vista do Lagamar são desmembrados de Paratinga para formar o novo município de Ibotirama, instalado em 7 de abril do ano seguinte.

Hoje, Ibotirama recebe uma quantidade significativa de visitantes e fica distante por cerca de 650 kms de Salvador. Sua população em 2022 chegou aos 26.309 habitantes, numa área total de 1.391,232 km², abrigando 18,9 habitantes por km². Situa-se na microrregião de Barra e mesorregião do Vale São-Franciscano da Bahia, fazendo limites com Barra, Muquém de São Francisco, Paratinga, Oliveira dos Brejinhos e Morpará. 

A cidade de Ibotirama tem uma estrutura bastante desenvolvida, com uma rede hoteleira equipada e com preços bem populares. Os restaurantes oferecem comida farta e barata. É comum ver centenas de caminhões estacionados ao longo da BR 242 nas horas de descanso ou das refeições. Para quem vem visitar a cidade, há um largo em frente ao cais do São Francisco, diante da Igreja de Nossa Senhora da Guia e com uma praça ao lado, onde são realizadas as principais festas da cidade. De lá é possível ver a ponte da BR 242 sobre o São Francisco e um pôr-do-sol encantador. Para os amantes da música e da arte, Ibotirama realiza o Ibotifolia, o carnaval fora de época, na festa da emancipação em agosto; o Festival de Poesia e o Festival de Música de Ibotirama.

A cidade pulsa o dia inteiro num vai e vem de pessoas e no tráfego intenso de carros pelas rodovias. Seu comércio é pujante e conta com diversas opções ao gosto do freguês. Mas o maior encanto da cidade é o São Francisco. Da pequena igreja de Nossa Senhora da Guia é possível ver pessoas do Brasil inteiro chegando e registrando sua passagem por aqui, mesmo que seja por apenas alguns minutos. Todos param, respiram, olham as águas do Velho Chico e os homens com seus barcos a singrar na correnteza suave, num subir e descer, de remo ou de motor, navegando pela vida.

Poucas & Boas nº 108: De quem é a culpa?

Vereador Igor Leonardo rompe com grupo do prefeito Mendonça. (Foto: Divulgação)

A culpa é do professor

O discurso do governador Jerônimo Rodrigues colocando nas costas dos professores toda a culpa pelo fracasso da educação da Bahia soou como lugar comum. Não é a primeira vez. E não adianta indicar onde estão os problemas. O que se quer é massificar uma ideia, ou várias. Querem disseminar a ignorância, sem se importar com os diplomas e certificados vazios ou artificiais. O que interessa é desconstruir a história. O professor é sempre culpado, o Hamas defende o povo palestino, a Rússia não invadiu a Ucrânia, a Venezuela é uma democracia, Cuba é um país progressista, não houve mensalão e nem mesmo petrolão, Dilma sofreu um golpe e Navalny cometeu suicídio naquela prisão russa. É só repetir até a exaustão! Há sempre alguém que acredita.

A culpa é de Alexandre de Morais

Como é comum, políticos inescrupulosos sempre procuram um culpado para encobrir suas falhas e desconstruir os fatos da história. Bolsonaro escolheu um alvo óbvio: Alexandre de Morais. Até mesmo na elaboração do documento do golpe, a prisão do ministro do STF estava determinada. O que espanta é que não há o menor constrangimento em mentir descaradamente na frente das câmeras, mesmo tendo gravações desdizendo tudo o que o próprio afirmou em dado momento. Nunca a classe política mentiu tanto. Além disso, escolhem alvos para despejar seus torpedos de longas pernas, vitaminados pela disseminação das redes sociais. O alvo em questão é o juiz. Ontem foi Moro, hoje é Alexandre de Morais. Virão outros!

A culpa é das mulheres

Na sessão da Câmara Municipal, iniciando o último semestre legislativo, depois da saída do grupo governista anunciada pelo vereador Igor Leonardo, que revelou algumas verdades, motivou o seu ex-colega de bancada, vereador Giomar, a escolher seu alvo para soltar torpedos de mentiras. As vereadoras Maria da Conceição e Ana Dalva foram as premiadas. Disse o vereador que as famílias das duas administraram no passado, inclusive com suas famílias, a pasta da saúde e não tinham nada a apresentar. Da parte de Maria, o ex-vereador Renilson já foi secretário de saúde e a esposa de Thiago Andrade também, mas daí a dizer que administrou com a família é um pouco demais. No caso de Ana Dalva é ainda pior. Quando foi secretária de saúde, e também em época nenhuma, a família da vereadora participou da administração. Suas filhas trabalham em Lagarto, no Instituto Federal de Educação, e em Barra dos Coqueiros. Seu enteado é funcionário concursado da Universidade Federal de Sergipe. Este articulista todos já sabem que é professor da rede estadual. A única ligação de parentesco de Ana Dalva com um servidor municipal é com uma irmã sua que é professora concursada. A mentira foi grotesca e ele ainda afirmou que fez isso de coração. Já pensou se usasse o cérebro?

A culpa é do gestor

O vereador Igor Leonardo fez nesta segunda-feira, 19 de fevereiro, um discurso histórico. Nem todas as verdades foram ditas, mas o rompimento com o grupo do prefeito Mendonça foi consolidado. A oposição soltou fogos, mas vamos devagar com andor. Não houve rompimento definitivo porque o vereador deixou a porta aberta. E tudo passa pela razão de se confirmar que Igor está certo. Alguém aposta que Mendonça fará uma mea-culpa, organizará sua administração e dará a Igor o que é de Igor? Não vamos aqui detalhar tudo, mas sugiro assistir à sessão totalmente gravada no canal Impacto, de Jorge Souza, no YouTube. Basta clicar A Q U I . Diferentemente de buscar culpados pelo seu fracasso pessoal, Iggor mostra que a atividade política é um trabalho coletivo para melhorar a coletividade. É claro que ele está dizendo que o responsável pelo fracasso do grupo é do prefeito. Foi o mais mortal golpe que Mendonça recebeu.

A culpa é do coração

Diferentemente de seu desligamento do time do prefeito para fazer parte do Independente Futebol Clube, Igor Leonardo não deve ter pensado na questão da apresentação do nome de sua mãe, conhecida popularmente por Dona Minininha, matriarca de 17 filhos, esposa do lendário Chico de Minininha, para nomear uma rua em Heliópolis. O problema é o coração de filho que atrapalha a lógica. O projeto deveria ser uma iniciativa de outro vereador ou, de preferência, que fosse uma indicação coletiva. O reconhecimento de Dona Minininha está muito além do terreno familiar. Vai ser aprovado, menos mal, mas fica um gosto de lugar comum, de coisa corriqueira. O marido, Chico de Minininha, já tem uma rua com o seu nome, por indicação da vereadora Ana Dalva.

A culpa é do acaso

Se a saída de Igor Leonardo for concretizada, ficará difícil sua vida política como candidato. Se no grupo do prefeito ele disputaria a reeleição com vantagem contra Gilmar Guerra e Van da Barreira, no grupo de oposição a coisa se amplia. Não há espaço para que ele seja vice-prefeito, já que a chapa está formada com Thiago e Ildinho. Se resolver ir para reeleição, terá Dé Correia, Marcelo Cigano, Manoel do Tijuco e a filha de Valdelício como parceiros de luta. Quem conhece onde os políticos pisam revela que a oposição fará 5 cadeiras e a situação 4. São dadas como certas as reeleições de Doriedson, Giomar e Claudivan, pelos governistas, e de Ana Dalva, Ivan de Ildinho e Charles de Clóvis, pela oposição. Mas nunca é tarde lembrar que, no final, quem decide mesmo é o povo.

A culpa é do talento

O professor Landisvalth Lima, articulista deste blog, lançará mais um livro este ano em data ainda a ser divulgada. Trata-se de um romance com narrativas que envolvem as cidades de Cícero Dantas, Heliópolis, Fátima e Poço Verde. O título provisório é Doutor Berson, mas certamente haverá mudança.  A novidade este ano é que, embora a capa seja bolada por sua filha Pétala Tâmisa, o desenho da capa será Bolado em Heliópolis. O professor contará com o talento de Raíssa Silva, ex-aluna do 3º ano B do CEJDS de 2023. A menina desponta com uma personalidade fantástica para o desenho e vai longe, muito longe.

Porto da Folha - Cidades do Velho Chico 14

Quem trafega pela rodovia SE 200, margeando o São Francisco, vindo de Lagoa da Volta ou de Gararu, deve encontrar pelo caminho uma cidade construída a partir de um morgado, que é um patrimônio familiar passado a herdeiros sem possibilidade de venda. Estamos falando de Porto da Folha. A história deste município, localizado na Mesorregião do Sertão Sergipano e na Microrregião Sergipana do Sertão do São Francisco, começa em novembro de 1807. Antônio Gomes Ferrão de Castelo Branco registrou suas terras em Propriá, um latifúndio de 30 léguas com a denominação de morgado de Porto da Folha. Apesar disso, quem colonizou mesmo Porto da Folha foi Tomás de Bermudes, fundando um curral, após fazer amizade com os índios. O local ficou conhecido como fazenda Curral do Buraco, que ganhou esse nome por dar a impressão de que a região fica num baixio rodeado de morros. Até hoje, por isso, ainda  é comum denominar os portofolhenses como buraqueiros.  

Com a crescente povoação do local, em 19 de fevereiro de 1841 passou a se chamar Nossa Senhora da Conceição de Porto da Folha, com suas terras se estendendo a Poço Redondo, Curral de Pedras (Gararu) e a Canindé, municípios que já pertenceram a Porto da Folha. Curioso é que a localidade mais antiga da região é a Ilha de São Pedro, hoje abrigando a única comunidade indígena de Sergipe. Por isso, por algum tempo, a Vila de São Pedro foi a sede do município, criado com a denominação de São Pedro do Porto da Folha, pelo decreto de 16 de agosto de 1832 e por Resolução Provincial nº 676, de 08 de junho de 1864. Só que, em 19 de fevereiro de 1835, transfere-se a sede de São Pedro do Porto da Folha para a povoação do Buraco, com a denominação de Nossa Senhora do Porto da Folha, considerada a data de fundação do município. Confusão se faz quando outro decreto, datado de 23 de fevereiro de 1836, transfere a sede São Pedro do Porto da Folha para a povoação de Curral das Pedras, que hoje é o município de Gararu. Até a Ilha do Ouro já foi sede do município, de acordo com a lei provincial nº 841, de 23 de março de 1870, transferindo a sede Curral das Pedras – Gararu - para a povoação de Boa Vista, com o nome de Ilha do Ouro.

Como confusão pouca é bobagem, uma nova resolução provincial nº 1003, de 16-04-1875, é criado o distrito de Curral das Pedras e anexado ao município de Ilha do Ouro. O nome Porto da Folha volta a figurar pelas leis provinciais nºs 664, de 11 de maio de 1864 e 1.153, de 28 de março de 1880, carimbando o nome de Nossa Senhora do Porto da Folha, quando a sede já estava definitivamente onde hoje se encontra. O nome Porto da Folha, como é atualmente, foi instituído pela lei estadual nº 195, de 11 de novembro de 1896, já na era republicana. Depois das emancipações de Gararu, Poço Redondo e Canindé, antigo Curituba, não se criou mais nenhum distrito. Até hoje Porto da Folha tem apenas o seu distrito sede, mesmo tendo povoações históricas e importantes.

E por falar em povoações, a Aldeia Xokó, na Ilha de São Pedro, que já foi sede do município, hoje figura como simples povoado. Sua colonização remonta ao século XVIII, com a catequese dos índios promovida pelos frades capuchinhos. Ao fim do século XIX, o local estava despovoado e foi incorporado às propriedades do Coronel João Fernandes de Brito, passando posteriormente aos seus descendentes. Esse período é duro para os índios da região que passam a ser perseguidos e têm a sua cultura discriminada. Depois de anos de conflito, os índios reocupam a Ilha de São Pedro em 1979, ano em que a FUNAI reconhece a área como sendo terra indígena. Para se chegar ao local, trafegando-se pela SE 179, seguindo para o povoado Niterói, em frente ao povoado Ranchinho, segue-se pela SE 413. São apenas 12 kms de uma estrada estreita e em péssimas condições. A atração da viagem é mergulhar numa mata que parece ser virgem, quase que uma cópia das condições vividas pelos bandeirantes e frades quando aqui chegaram séculos antes.

Retornando pela mesma SE 413, depois de percorrer 6 kms, toma-se uma estrada vicinal com destino ao povoado de Lagoa da Volta. É o maior povoado de Porto da Folha, e um dos maiores de Sergipe, hoje com um eleitorado que beira os 5 mil votos. A padroeira da povoação é Santa Luzia e há uma estrutura comparada a de um município. Tem até escola estadual. Boa parte da produção de leite, milho e feijão tem origem na Lagoa da Volta. O povoado, que ainda não é distrito, tem a maior praça de eventos de Porto da Folha. Os moradores, claro, querem a emancipação e até já escolheram o nome: Luzinópolis. Se fizerem o plebiscito, o resultado já está garantido.  

Outros dois povoados importantes de Porto da Folha ficam às margens do São Francisco, além de Ilha de São Pedro: Niterói e Ilha do Ouro. A importância de Niterói está na sua localização privilegiada. Além de ficar margeando o Velho Chico, é o local onde se pega uma balsa para chegar ao município de Pão de Açúcar, em Alagoas. Já a Ilha do Ouro, tanto por sua importância histórica como pelos seus atrativos turísticos, é o maior cartão postal de Porto da Folha. Sua distância da sede do município é de apenas 8 kms, por uma estrada completamente asfaltada. Recebe turistas do Brasil inteiro. O ponto negativo, infelizmente, é dado pela atuação dos políticos. Um canteiro de obras, que promete adequação e requalificação da sua estrutura turística, parece uma história sem fim, em mais uma prova do desperdício do dinheiro público. Outro povoado, que não foi visitado por esta reportagem, é Lagoa do Rancho. Também servido de boa estrutura, fica localizado na SE 317, outra rodovia que passa pelo território de Porto da Folha, a 22 kms da sede municipal. Vale ainda citar o povoado de Lagoa Redonda, situado na SE 230, próximo a Monte Alegre de Sergipe, também com boa estrutura e apresentando crescimento urbano considerável.

É fácil, pois, após tantas povoações importantes, concluir que Porto da Folha é um município que precisa ser visitado. Tem a maior festa de gibão do Brasil, aquela vaquejada que pega boi no mato, realizada no mês de setembro. É um dos maiores produtores de leite do Nordeste, com uma área total de 877 km². Faz limites com os municípios de Poço Redondo, Monte Alegre de Sergipe, Gararu e Nossa Senhora da Glória, em Sergipe; Belo Monte e Pão de Açúcar, em Alagoas. Sua população em 2022 é de 26.576 habitantes, com uma densidade demográfica de 30,3 habitantes por km². Fica distante de Aracaju em 190 kms.  

Poucas & Boas nº 107

A polarização entre Lula e Bolsonaro está matando o futuro do país. (Foto: Folha/UOL)

Morte do futuro I

Estamos condenados a viver eternamente o presente e o passado imediato. Nosso futuro está morto. A assassina cruel do nosso porvir é a polarização. E antes que pensem que eu estou desligado da realidade, vale uma afirmação óbvia: o governo Lula é infinitamente melhor que o governo Bolsonaro. O PT sabe disso. Ora, pois, isso não significa que não mereçamos algo melhor. O que quero dizer é que Lula e o PT pararam no tempo e já não seriam mais poder se não estivéssemos Bolsonaro. Lula é o século XX, Bolsonaro anda lá pelo XVII. A incapacidade de o PT evoluir pariu Bolsonaro e criou na sociedade a ideia de que éramos felizes e não sabíamos. O governo Dilma foi o sinal de alerta de uma pregação desgastante e de uma prática incoerente. O bolsonarismo é a garantia de continuísmo do lulopetismo.

Morte do futuro II

Não falo de direita ou de esquerda porque tais ideologias nunca chegaram por aqui, exceto nos discursos. Falar em imperialismo americano, derrota do fascismo, ditadura do proletariado e outras pregações doutrinárias é tão ridículo quanto a teoria do terraplanismo. É uma desonra aos ouvidos de qualquer ser humano dotado de bom senso tais pregações, em pleno século XXI. Se as ideias de Bolsonaro são deploráveis, as de Lula som patéticas. Não condenar a Rússia pela invasão à Ucrânia, questionar mais Israel que os terroristas que invadiram o país e mataram centenas de pessoas ou afirmar haver democracia na Venezuela é tão ridículo quanto dizer que o Brasil vive um regime ditatorial, justificando, por isso, uma intervenção militar. É preciso romper com essa polarização. O Brasil não merece enterrar, mais uma vez, o seu futuro.

Bolsonaro preso

Enquanto for possível, vão prolongar esse lengalenga da prisão de Bolsonaro. Não que ele não mereça ou já não tenha motivos para isso. Num país sério, ele nem mesmo seria candidato. Mas para alimentar o ódio entre os polos, é preciso levar o discurso mais adiante. E tome mais inquéritos, denúncias e abertura de processos. Tudo na base do conta-gotas. A justiça não prende Bolsonaro porque não quer. Solto, o mito é um poço de idiotices. Isso alimenta a necessidade do país continuar com o PT, como se não houvesse mais nenhuma outra possibilidade, como se fôssemos uma nação sem ideias., como se não houvesse vida inteligente fora do bolsolulismo.

Francisco J C Dantas


Terminei a leitura do livro Uma jornada como tantas, do sergipano Francisco J C Dantas. O livro é um mergulho no interior de Sergipe da década de 1950 e um convite a perceber quão trágico é o nosso atraso, além de pagarmos um preço alto por isso. Apesar do tema sério, o livro está longe de ser pesado. A linguagem, marca registrada de Chico Dantas, sempre é um atrativo. A mesclagem do sergipanês com o português erudito é o cartão de visitas da obra. Eu destaco as descrições das paisagens interioranas como pura poesia. A leitura me deixou ainda mais indeciso sobre qual o melhor livro de Francisco J C Dantas: Coivara da memória? Os desvalidos? Cartilha do silêncio? Sob o peso das sombras? Caderno de ruminações? Uma jornada como tantas? Enquanto perdura a dúvida, já vejo na minha frente Moeda vencida, seu último livro. Será que resolvo este enigma?

Adailton Fonseca


Soou como surpresa para o secretário Adailton Fonseca a postura dos vereadores governistas da cidade de Adustina. Eles fizeram uma reunião e deixaram claro que gostariam de que o prefeito Paulo Sérgio indicasse dois vereadores para a chapa majoritária que disputará o pleito deste ano. Na cartola, um forte argumento: como o município perdeu população, o número de vereadores cairá de 11 para 9. Portanto, dois cairão fora do plenário. Curioso é que eles não estão contando com a renovação. Se o eleitor tiver juízo, vota para que apareçam novos nomes representativos na Câmara Municipal. Isso é bom e a democracia agradece. A zanga de Adailton com a proposta é que ela afasta de vez o seu nome da candidatura a prefeito. Que é isso, companheiros vereadores!

Vexame populista


O populismo é uma desgraça para o país. O político populista joga por terra toda a lógica da existência da ideia do agente público como servidor do povo. Na tentativa de explicação de Iggor Canário, contratado da festa de Poço Verde agora em janeiro, sobre uma confusão que protagonizou, o prefeito de Poço Verde – ou outro Iggor, desta vez Oliveira, estava literalmente maluco ao lado do cantor. A cena é patética. Pior é que há pessoas que consideram tal comportamento como algo benéfico para uma trajetória política de sucesso. O problema é que isso não rima com eficiência, qualidade ou boa gestão. Poço Verde merece bem mais.

Tá liberado

Um eleitor de Fátima se queixou de um vídeo em que eu questiono as matrículas da EJA em municípios da região, inclusive em Fátima. No vídeo eu questiono o prefeito Binho de Alfredo sobre os números excessivos de matrículas. Os partidários de Sorria, o ex-prefeito, massificaram a publicação nas redes sociais. Não se preocupem. Está liberado. Podem usar à vontade, inclusive todos aqueles vídeos em que eu elogio a administração do Manoel Missias. Há inúmeros.

Padre João


O mês de janeiro de 2024 ficará na história como o mês da morte. Acidentes, assassinatos, execuções, tiroteios e as chamadas mortes naturais. Entre elas destaco a morte do Padre João Maranduba. Natural de Poço Verde, foi pároco em Heliópolis por muitos anos, até a falta de saúde deixar. Das suas obras podemos destacar a reforma da Igreja Matriz do Sagrado Coração de Jesus. Faleceu no último dia de janeiro. Missa de corpo presente foi celebrada antes do seu sepultamento no dia de ontem. Cumpriu sua tarefa sacerdotal.

Serra do Ramalho - Cidades do Velho Chico 13

Trafegando pela BA 161, vindo do município de Carinhanha, assim que chegamos nas terras do município de Serra do Ramalho, os povoados e lugarejos mudam de nomes, passando todos a se chamarem de agrovilas, cada um com sua numeração. Mas por que isso? Bem, antes de mais nada, nosso trabalho merece que você se inscreva no canal. Ou que tal um like simpático? Vamos lá! Não custa nada e o canal cresce com isso. Obrigado. Sim, mas vamos para o assunto deste Cidades do Velho Chico, hoje contaremos a história de Serra do Ramalho.

É preciso entender que, antes da década de 50 do século passado, não havia quase que povoações na região. O que se tinha era uma mata complexa e virgem, com caatinga, cerrado e vegetação Hidrófila. Possuía uma grande mancha formada de espécies nobres, como cedro, aroeira, baraúna e outras madeiras nobres. A terra era fértil para lavoura e com pastos para o gado. Além do São Francisco, tem o rio Carinhanha, o Formoso e o Corrente, além de correr na encosta da Serra riachos e córregos intermitentes. Não havia, pois, registro de uma nação indígena que pudesse se firmar como naturais do lugar. Os primeiros desbravadores da região foram os bandeirantes. Existem, entretanto, vestígios da presença indígena, embora não haja registros sobre os grupos indígenas que habitavam o local. Acredita-se que seriam do tronco linguístico macro-jê.    

Foi o Incra – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária que criou e implementou o Projeto de Colonização de Serra do Ramalho, em forma de agrovilas. Antes porém de tudo isso começar, por volta da década de 1950, imigraram para a região os índios Pankarus, guiados pelo Cacique Apolônio Kinane. A notícia do interesse do governo federal pela região estimulou a ação de grileiros. A posse da terra onde habitavam os indígenas foi reivindicada por um fazendeiro. Apolônio chegou a ser preso ao lado de membros de sua família.  A coisa chegou a um norte, cabendo aos indígenas a homologação de cerca de mil hectares em 1991, onde hoje se localiza a Aldeia Vargem Alegre e um lote de três hectares na Agrovila 19, com 50 casas, distante da sede municipal 22 Km e do Rio São Francisco aproximadamente 30 Km, no sentido oeste. O Cacique Apolônio morreu em 2002, depois de percorrer vastas paragens desde sua origem em Pernambuco e receber as terras após descobertas de minérios. Viveu pela região em paz até os anos 70.  Um decreto presidencial, publicado em 1973, declarava a região do Médio São Francisco prioritária para desapropriação, para reassentar os desabrigados do lago de Sobradinho. Inúmeras famílias das agrovilas são originárias da região de Casa Nova.  

A partir de março de 1976, o povoamento da região foi intensificado pelo afastamento das populações desalojadas. Vieram famílias de Pau-a-Pique, Bem-Bom, Intas e Barra da Cruz, todos povoados engolidos pelas águas em Casa Nova. Estas famílias foram assentadas em um casebre e um lote de 20 hectares em um sistema de agrovilas. Segundo o projeto original, as agrovilas concentrariam as casas dos colonos, cerca de 250 por agrovila. Das 20 agrovilas, duas ficam em Carinhanha – a 15 e a 16. A agrovila que mais cresceu foi a 9 que, em 1989, ficou como sede do município de Serra do Ramalho, por força da Lei Estadual de número 5.018 de 13 de junho de 1989, desmembrando a região do município de Bom Jesus da Lapa. As agrovilas mais bem estruturadas ficam ao longo da BA 161. A agrovila com menores recursos é exatamente a 19, onde vivem os Pankarus.

O crescimento de Serra do Ramalho é positivo e constante, apesar dos índices de desenvolvimento humanos serem baixos. O município faz limites com Bom Jesus da Lapa, Carinhanha, Santana, Malhada e São Félix do Coribe. Fica distante de Salvador por 845 kms. Sua área total é de 2.677,366 km², que abriga uma população de 34.222 habitantes, censo de 2022, numa densidade demográfica de 12,8 habitantes por km². A riqueza de suas terras são justificáveis por habitar o vale entre a Serra do Ramalho e o rio São Francisco. A sede municipal é muito organizada e com boa estrutura. As praças são amplas, o comércio é pujante e tem uma praça de eventos completamente murada. Seu povo é essencialmente formado por trabalhadores agrícolas.